Perguntas que não foram feitas.

Estou falando de CPI.

A quantidade de besteiras que se ouve nesta insana CPI que tem uma única finalidade, a qual será frustrada, de derrubar o presidente Bolsonaro, não tem paralelo na história do nosso parlamento.

Alguns questionamentos e algumas afirmações feitas por alguns senadores contrários ao governo federal, mereceriam um pedido de esclarecimentos para que o entrevistado captasse exatamente o que o inquisidor pretendeu dizer em seu libelo acusatório.

Me aterei (alguns preferem ater-me-ei) a dois episódios nos quais eu, se estivesse sendo inquirido, perguntaria ao inquisidor, apenas a título de esclarecimento.

O primeiro seria dirigido ao senador Humberto Costa, vulgo Drácula segundo as planilhas de propina da Odebrecht:

“Com todo o respeito Senador, e apenas a título de esclarecimento, por que Vossa Excelência permitiu durante sua gestão como ministro da saúde, que um veneno tão mortal como a Hidroxicloroquina continuasse sendo vendido em qualquer farmácia e sem exigência de receita médica”? Não tenho certeza, mas acho que este codinome nas planilhas da Odebrecht é derivado da ativa participação deste senador no escândalo dos sanguessugas.

O segundo questionamento seria dirigido ao senador Otto Alencar.

Inquirindo o ex-ministro Pazuello, o senador lhe fez várias perguntas sobre virologia, quais as cepas virais do Coronavirus,  quando e onde ocorreu a infecção da primeira cepa, qual o mecanismo da infecção da célula humana pelo vírus, quais as reações do organismo a cada uma das cepas virais, e, como Pazuello tenha respondido que desconhecia estes detalhes profundos da ciência virológica, foi tachado pelo senador como completamente incompetente para assumir o ministério da saúde.

A pergunta que deveria ter sido devolvida ao senador seria a seguinte:

“Senador Otto, com todo o respeito, gostaria que Vossa Excelência esclarecesse, para meu próprio conhecimento, se o senhor acha que um ministro da saúde deveria ser profundo especialista em todas as milhares de doenças que afligem os brasileiros, assim como expert em saneamento básico, vigilância sanitária, administração de medicamentos, gestão das unidades de saúde em todas as suas especializações, especialista em todos os procedimentos médicos, ou seja, especialista em tudo? Senador, o senhor acha que somente um panespecialista poderia assumir o ministério da saúde? Apenas como comparativo, o senhor considera que um presidente de uma empresa tenha que ser especialista em todas as atividades que nela se processam? Ou o senhor preconiza que um governo tenha que ter um ministro da saúde para cada especialidade? O senhor acha que, se tivesse tempo disponível para desperdiçar em banalidades, Deus aceitaria o cargo de ministro da saúde”?

Sinceramente, não entendo como pessoas do quilate destes dois indivíduos continuam sendo eleitos para a mais alta câmara do país. Mas, considerando os Tiriricas, os Romários e os Cajurus, entendo perfeitamente suas eternas chances de saírem vitoriosos de urnas apinhadas de votos de pessoas completamente ignorantes e alienadas.

Pobre Brasil que foi jogado no degredo cultural por aqueles que somente têm chance de serem eleitos pelos pobres mentecaptos criados por eles mesmos.

Desesperar jamais, já dizia Ivan Lins, ainda que com outro intuito, mas o grito é muito superior ao seu próprio criador. Havemos de vencer. Havemos de, um dia, tornar este país um lugar do qual todos possamos nos orgulhar.

Só espero que este sonho se realize antes do fim das profecias de Nostradamus ou do Apocalipse de São João.

Depois do armagedon não vai adiantar gritar mais. Estaremos todos ferrados.


Fabio Freitas Jacques. Engenheiro e consultor empresarial.

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