Não aos produtos da Danone!
A empresa francesa de laticínios Danone anunciou na semana passada que parou de comprar soja do Brasil.
Além disso, Jurgen Esser, CFO da empresa, justificou a decisão acusando que agora “só levamos ingredientes sustentáveis conosco.”
E ainda faz uma provocação às suas rivais, afirmando que a Danone não está mais exposta ao desmatamento como estão as suas concorrentes.
Como sou um defensor do livre mercado, eu não tenho nada contra a opção da origem da sua matéria prima.
A empresa é livre para tal escolha.
Mas tenho fortes restrições quando essa decisão é fruto de um marketing enganoso e que denigre o principal produto da pauta de exportação brasileira.
A cadeia produtiva da soja movimenta US$ 100 bilhões/ano no Brasil.
Apesar de ser plantada em menos de 4% do território brasileiro, a soja é a principal cultura agrícola do país.
Mais ainda, ela ocupa apenas 0,7% do bioma Amazônia (Fonte Conab e MMA).
O que a Danone fez foi uma generalização extremamente perigosa, divulgando que não há uma única fazenda sustentável no Brasil.
Todas são destruidoras do meio ambiente.
Assim, o que a Danone faz é promover um ataque sem precedentes à campeã absoluta das exportações nacionais, e que é o principal item vendido para o exterior em 11 unidades da Federação.
O grão respondeu por 16% de todo o valor comercializado pelo Brasil, com US$ 53,2 bilhões em vendas e 101,8 milhões de toneladas exportadas.
A atividade fechou o ano de 2023 representando 28,5% do PIB do agronegócio brasileiro e 6,3% do PIB total do país.
Em reais, estima-se que o grão e os derivados agreguem R$ 700 bilhões à economia nacional.
Além de uma postura sem levar em conta o rigor da legislação ambiental brasileira, a mais rigorosa entre todos os outros produtores de soja do mundo, ela também terá um profundo impacto social no Brasil.
As pequenas propriedades são 70% dos estabelecimentos produtores de soja no Brasil, conforme estudo da Embrapa, com base em dados do último Censo Agropecuário (2017).
Esse documento revela que mais de 73% dos estabelecimentos agropecuários produtores de soja no Brasil têm menos de 50 hectares, podendo ser caracterizados como pequenas propriedades.
Reforçando, devemos observar que 2.468 municípios cultivam o grão atualmente.
Ou seja, a cultura da soja é parte do orçamento de 44,3% das prefeituras brasileiras, segundo dados da safra 2021/22 do IBGE.
É contra esses números que a Danone anunciou a sua sanção comercial
Há um velho ditado campeiro que diz que “não merece ter o que tem aquele que não defende o que tem”.
Ou o setor se posiciona de forma enérgica contra a Danone, ou estaremos nos sujeitando a uma enxurrada de outras empresas nessa linha populista.
Como esse discurso de “vamos mostrar para eles como somos sustentáveis e como produzimos de forma altamente eficiente” ou entidades "soltarem um nota pública de protesto" não tem funcionado, temos que adotar uma postura distinta.
Os mercados são mais poderosos que a mais atuante empresa em qualquer lugar do mundo.
Uma empresa como a Danone tem poder, mas os mercados têm mais poder.
Em uma economia de mercado, não é o diretor financeiro da Danone que assume o controle.
Em vez disso, é a dona de casa comum como consumidora que define os termos do mercado.
Para tanto, basta iniciarmos imediatamente um boicote a qualquer produto da empresa entre os mais de 200 milhões de consumidores brasileiros.
Os últimos anos tem sido tempos que estão testando a paciência dos agricultores brasileiros.
Mas a paciência acabou com esses ataques constantes ao Agro nacional.
Um homem morre quando se recusa a defender o que é certo.
A verdade é que a Danone tomou uma decisão difamatória e terá que arcar com as consequências.
Joseph Schumpeter observou uma vez:
"o capitalismo é julgado perante juízes que têm a sentença de morte nos bolsos”.
É isso, vamos mexer nos bolsos de nossos detratores.
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