Os co-irmãos não estão iguais, mas parecidos. O Grêmio está em pleno processo eleitoral e, na banda colorada, sonham com eleições. As duas torcidas querem viver dias melhores e, para isso, imaginam o respectivo clube sob nova direção. A pergunta é: estarão pensando racional e refletidamente sobre mudanças ou, com ares de criança que se perdeu no shopping, só desejam um alívio para suas preocupações? É bom que cada sócio (e eleitor) reflita e reconheça o seu grau de responsabilidade, porque as direções, boas ou ruins, são produtos de um processo coletivo, isto é, são eleitas por um montão de gente
No bafafá da política clubística, é fácil observar que as pessoas agem muito mais por emoção que pela razão. Ampla margem para dar errado. Ao decidir fazendo a opção política, o que quer dizer votar em alguém, o eleitor dá a sua contribuição para determinar o destino do clube. E que critério usa? Em geral, é só simpatia e impulsividade, quando não é coisa pior, como tirar uma lasquinha.
Falei política clubística? Dá para tirar o "clubística" e deixar só a "política". Lembram que, em mais de uma ocasião, ex-jogadores foram eleitos para a Assembleia do Rio Grande do Sul? Tanto do Internacional quanto do Grêmio. Passada a experiência, a avaliação não é muito boa. E não importa ver quem se saiu melhor ou pior. Foram eleitos pelo critério da simpatia, além doutros sentimentos. Nada racional, nada criterioso.
Bem, não vamos gerar um preconceito. Gente inqualificável é o que não falta na política (inclui os eleitores...). Se falo de ex-jogadores é só por serem eles exemplos mais visíveis, não os piores exemplos.
Mas vejamos o que rola nos clubes, em particular no Internacional. O ex-jogador D'Alessandro, que, dentro de campo, foi um craque e um líder, hoje é diretor do clube e contestado por parte da torcida e por parcela da imprensa esportiva. Para uns e outros ele vai mal e está associado à má fase do seu clube. A pergunta é: qual foi o critério para colocá-lo na função? Não é um caso único de pensamento mágico: só porque o jogador deu alegria quando jogava, acredita-se que ele vai ser um craque fora das quatro linhas.
Fique claro, não é que ex-jogador não possa ter o desejo de ser diretor. Nem se pode, de antemão, generalizar e achar que o pretendente não vai ser bom. O erro é, por pura simpatia, supor que um ex-atleta vai ser bom dirigente só porque deu muita alegria quando era jogador. Mas o que parece mesmo não passar de um lance espertinho e pouco transparente, com pouca chance de dar certo, é político agarrar-se à imagem do jogador que foi ídolo da torcida para melhorar a sua imagem de político.
Também, sem querer insinuar nada, ficando apenas no plano das ideias, um ex-atleta pode entrar na política do clube atraído pela promessa de ter um cargo e um bom salário (estando de boa-fé, inclusive). E aí vem outro ponto cabuloso: os clubes são administrados como as empresas estatais, isto é, da pior forma. Como o dinheiro não sai do bolso dos diretores nem o prejuízo vai para a conta deles, é comum que os negócios sejam mal feitos e prejudiciais para a instituição. Isso passa pela contratação a peso de ouro de jogadores que não dão resultado e de "colaboradores" incompetentes, mas prodigamente remunerados em razão da simpatia (ou de algum motivo não publicado).
E já que é de política que se fala, vale dizer. Enquanto o eleitor for atrás de promessas ilusórias e rejeitar quem tem os pés no chão e age com equilíbrio e prudência, enquanto para ele for mais atraente sonhar acordado do que planejar, arregaçar as mangas e trabalhar duro, e, apesar de tanta mediocridade, exercer seu direito ao voto, a tendência é a vaca ir para o brejo.
Voltando ao Grêmio, seria bom que os conselheiros resolvessem a parada de uma vez, mas não parece que vai ser assim e a eleição vai para o "pátio". Há uns carinhas da imprensa esportiva que torcem por isso, falando que é mais democrático. Os ingenuozinhos confundem "montãocracia" com democracia (Há um termo técnico para isso, mas a coluna não é sobre ciência política). O que vai sair do "pátio" eu não sei. É melhor tomar um chá de camomila e não pensar mais nisso...
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