Durante a audiência pública sobre o Bloco 1 das concessões rodoviárias do Rio Grande do Sul, realizada nesta terça-feira (18/11) em Taquara, o deputado Paparico Bacchi criticou duramente o governo do Estado e o Secretário da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, pedindo publicamente sua renúncia. O parlamentar denunciou os impactos sociais, econômicos e logísticos da implantação de pedágios em trechos estratégicos do Estado, afirmando que o modelo adotado penaliza a população, eleva custos e compromete a competitividade de setores produtivos essenciais.
O debate concentrou-se no Bloco 1, que envolve nove rodovias estaduais e sete praças de pedágio, totalizando 454 quilômetros e abrangendo a Região das Hortênsias, a Região Metropolitana de Porto Alegre, o Vale do Paranhana e o Litoral Norte. O plano apresentado pelo governo prevê R$ 6,41 bilhões em investimentos, concentrados nos primeiros dez anos do contrato, além de um aporte estatal de R$ 1,5 bilhão, do Fundo de Reconstrução do Estado, para reduzir a tarifa cobrada dos usuários.
A modelagem prevê a substituição de praças físicas por pórticos eletrônicos, sistema que amplia o número de pontos de cobrança e aumenta a abrangência tarifária em regiões de intensa circulação de trabalhadores, estudantes e produtores rurais. Segundo dados apresentados durante a audiência, os custos logísticos no Rio Grande do Sul já representam cerca de 21% do PIB, chegando a 22,86% na Serra Gaúcha, índices entre os mais elevados do mundo. Setores estratégicos como agropecuária, indústria calçadista, moveleira e turismo seriam diretamente afetados pelo aumento das tarifas, enquanto famílias e estudantes teriam sua mobilidade comprometida e suas despesas ampliadas.
O deputado Paparico Bacchi, presidente da Frente Parlamentar Contra os Pedágios na Assembleia Legislativa, mencionou as denúncias encaminhadas ao Tribunal de Contas do Estado, apontando possíveis irregularidades na modelagem das concessões, especialmente no uso de recursos públicos para subsidiar tarifas privadas. Para o parlamentar, o aporte de R$ 1,5 bilhão do FUNRIGS deve ser destinado integralmente à recuperação das rodovias e à reconstrução das áreas atingidas pelas enchentes, sem pedagiamento, garantindo que o investimento público beneficie diretamente a população.
Bacchi destacou ainda que está articulando a instalação de uma CPI para investigar os contratos de concessão, o uso dos recursos públicos e os impactos econômicos das tarifas. O objetivo é assegurar transparência, controle social e responsabilização sobre decisões que afetam diretamente a competitividade do Estado e a mobilidade das famílias gaúchas.
A audiência em Taquara evidenciou que o enfrentamento ao modelo proposto pelo governo será intenso. O clima de indignação entre produtores, comerciantes, lideranças comunitárias e moradores das regiões impactadas pelo Bloco 1 mostrou que a resistência à implementação das concessões cresce rapidamente. A mobilização popular reforça a cobrança por maior transparência, revisão imediata do projeto e suspensão da implantação de novos pontos de cobrança até que todas as dúvidas técnicas, jurídicas e econômicas sejam plenamente esclarecidas.
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