Por Mario Sabino
Uma vez aprovado o impeachment, a oposição teme que Dilma
Rousseff acorrente-se à mesa presidencial, para ser retirada à força do Palácio
do Planalto.
Se ela vier a dar esse espetáculo, a imagem do Brasil
será indelevelmente a de uma república das bananas. É o que somos. Nesse
aspecto, Dilma Rousseff nos faria um favor. Fingimos mal ser o que não
somos.
O Brasil é bananeiro no gongorismo do Supremo Tribunal
Federal. O Brasil é bananeiro na vulgaridade do Congresso Nacional. O Brasil é
bananeiro na rapacidade dos seus partidos. O Brasil é bananeiro na poltronice
dos seus empresários. O Brasil é bananeiro na caipirice dos seus cidadãos. O
Brasil é bananeiro na emotividade despudorada de lulistas e antilulistas. O
Brasil é bananeiro na precariedade das suas cidades. O Brasil é bananeiro na
mediocridade das suas universidades. O Brasil é bananeiro na indigência da sua
cultura.
Os modernistas tentaram transformar os nossos defeitos de
república das bananas em qualidades maravilhosas que nos diferenciavam de todos
os outros povos, bananeiros ou não. Essa balela extravasou o meio intelectual e
passou a ser vendida em todo tipo de propaganda -- da política à de chinelos.
Foi assim que esquecemos Machado de Assis e passamos a adorar Oswald de
Andrade. Foi assim que fomos de Joaquim Nabuco a Lula.
Dilma acorrentada à mesa presidencial cancelaria de uma
vez o nosso auto-engano
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