Fonte: jornal Valor.
No pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão,
que vai ao ar hoje à noite, o presidente Michel Temer dirá à população que é
chegada a hora de promover a conciliação nacional. Em tom otimista, Temer
voltará a citar os resultados positivos de sua gestão, como a recuperação da
economia e a retomada dos empregos, num esforço para promover a reunificação do
país, em tempos de radicalização da política a poucos meses das eleições
presidenciais.
Um auxiliar nega que a manifestação presidencial venha a
propósito do fantasma de uma possível terceira denúncia da Procuradoria-Geral
da República contra Temer. "Não tem isso, será uma fala positiva, para
levantar o astral". A avaliação no entorno de Temer é de que essa ameaça
não prospera, porque o alvo principal do inquérito, a empresa Rodrimar, que
atua no Porto de Santos, não teria sido favorecida pelo decreto assinado por
Temer.
Temer reforçará o discurso que tem feito nas últimas
semanas, em declarações que saem de forma fragmentada entre os vários eventos
de que participa. Em linhas gerais, ele defende o respeito ao estado
democrático de direito e à Constituição Nacional, sobretudo no tocante à
harmonia e à independência entre os três Poderes.
Nas últimas semanas, Temer mostrou-se indignado com a
"desvalorização da classe política", com suposto abuso de poder de
autoridades e eventuais excessos do Poder Judiciário.
Nos bastidores do Planalto, há apreensão com uma sucessão
de episódios negativos para a política, no qual se insere até mesmo a prisão do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista é considerado um adversário
político pelo entorno de Temer, mas todos neste núcleo reconhecem o
"trauma" político de se ver um ex-presidente da República condenado e
preso - sobretudo em tempos de democracia, pós-promulgação da Constituição de
1988.
Outro motivo de apreensão foi a prisão temporária, na
Páscoa, de dois amigos próximos de Temer para prestar depoimento em um
inquérito em que o próprio presidente é um dos investigados. Foram presos o
coronel João Baptista Lima Filho e o advogado e ex-assessor presidencial José
Yunes.
Todos esses fatos ocorrem num cenário de acirramento do
debate político, que culminou nas ameaças à integridade física de ministros do
Supremo Tribunal Federal e em tiros contra ônibus da caravana de Lula na Região
Sul.
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