Eliane Cantanhêde - Dispersão leva à derrota


Depois de Lula, o centro também tenta reaglutinar suas forças políticas

Depois da pulverização desenfreada das candidaturas à Presidência, é hora de começar o movimento inverso, de reaglutinação das forças políticas. O ex-presidente Lula saiu na frente para trazer de volta a tropa unida, mas os articuladores dos demais, particularmente de Geraldo Alckmin e de Joaquim Barbosa, também se mexem. A união faz a força, a dispersão leva à derrota.

No seu comício de despedida antes de voar para Curitiba, naquele que teria sido o ato ecumênico para Marisa Letícia e não foi, Lula encheu Guilherme Boulos (PSOL) de elogios, acariciou o ego de Manuela d’Ávila (PCdoB) e convocou a militância para um projeto comum.

A questão é que Lula se esforça para reunir as esquerdas com a mesma intensidade com que as esquerdas se esforçam para se isolar de todo o resto. A invasão do triplex no Guarujá, comandada por Boulos, apavora a classe média. As investidas internacionais do PT, pela voz de sua presidente, Gleisi Hoffmann, margeiam o patológico e sacodem as redes sociais.

Difícil compreender o objetivo da invasão do apartamento, que só atende as alas mais radicais e imprudentes. Mais difícil ainda é entender o que a senadora petista pretende ao manifestar apoio ao regime calamitoso de Nicolás Maduro e fazer uma conclamação ao mundo árabe pró-Lula e contra o Brasil. O que Lula acha disso?

Nos campos adversários, vislumbram-se movimentos para conter o estouro da boiada que soam como gritos de desespero. Os tucanos, que têm as melhores condições objetivas, até aqui não apenas afastam velhos aliados como continuam digladiando entre eles.

Um movimento esperado, até natural, seria a reunião do MDB e do DEM em torno do PSDB, com Henrique Meirelles e Rodrigo Maia desistindo de suas pretensões presidenciais e, eventualmente, até disputando a vaga de vice de Geraldo Alckmin, com o patrocínio de Michel Temer. Mas com Alckmin asfixiado regionalmente, sem atingir 10% nas pesquisas?

O PSDB envia emissários para atrair o senador Álvaro Dias, que foi tucano, é candidato a presidente pelo Podemos e abre um flanco preocupante para os tucanos no Sul, contraponto ao Nordeste petista. Assediado, Dias dá de ombros. Além disso, há uma questão estrutural no PSDB: a divisão entre Alckmin, José Serra e Aécio Neves, agravada pela Lava Jato e pela guinada radical de Aécio, que deixou de ser um troféu para ser um peso na campanha.

Com esses obstáculos ao PT e ao PSDB, o foco se desvia para Jair Bolsonaro, incapaz até aqui de ampliar seu leque de alianças, Marina Silva, que está na cola de Bolsonaro, mas pilota um teco-teco partidário, o franco-atirador Ciro Gomes, que assusta potenciais parceiros, e Aldo Rebelo, que saiu do PCdoB e concorre pelo Solidariedade.

Todos vão manter as candidaturas até o fim? Improvável. E eles agora têm um alvo: Joaquim Barbosa, que veio da pobreza, como Lula e Marina, é apolítico, como o deputado Bolsonaro diz que é, e não deve à Lava Jato, muito pelo contrário. Joaquim, porém, precisa começar a aglutinação em casa, já que o PSB está dividido entre paulistas pró-Alckmin e pernambucanos pró-Lula. E, como Bolsonaro, precisa dizer o que pensa para a economia, num país em que o populismo fiscal gerou 14 milhões de desempregados.

Se passar por esse três testes – unidade no PSB, programa consistente e fugir do populismo barato, que sai caro –, Joaquim pode ser o barco salva-vidas de partidos e políticos à deriva e de milhões de eleitores sem candidato. Aliás, numa eleição tão pulverizada, a opção que não for radical e demonstrar capacidade de vitória tende a virar uma atração irresistível ainda mais quando ficar claro quem está dentro e quem está fora. É aí, nesse ponto, que a onda se forma e vira tsunami do segundo turno.

Marchezan Júnior firma acordo com ONU


Na busca pelo aperfeiçoamento institucional para viabilizar projetos que visam à melhoria dos serviços prestados à população, a Prefeitura de Porto Alegre assinará nesta terça-feira, 24, às 15h, no Salão Nobre do Paço Municipal, acordo de cooperação técnica internacional com o Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (Unops), agora homologado pelo Ministério das Relações Exteriores. O objetivo principal do trabalho é o desenvolvimento de um modelo de gestão para os trechos 1, 2 e 3 do Parque da Orla do Guaíba, incluindo um projeto que viabilize, por meio da iniciativa privada, as obras ainda não iniciadas dos trechos 2 e 3, que vão do Anfiteatro Pôr do Sol até o Parque Gigante.

O projeto de cooperação tem duração prevista de 15 meses e contempla também o diagnóstico técnico da área, a modelagem de negócio que viabilizará a construção e operação dos trechos 1, 2 e 3, a capacitação dos quadros municipais para o desenvolvimento de projetos de parcerias para infraestrutura urbana, entre outras atividades referentes à viabilização do projeto.

O Unops é um organismo operacional das Nações Unidas, atuando globalmente, com representação em 80 países ao redor do mundo. A Instituição apoia outras agências do sistema ONU, governos, organismos multilaterais e outros parceiros na execução de projetos de obras públicas, tais como infraestrutura econômica (aeroportos, estradas, pontes e transporte urbano), prédios públicos (sedes administrativas, escolas, hospitais e penitenciárias) e habitações de interesse social. Recentemente o Unops começou a apoiar e a  capacitar órgãos públicos na estruturação de contratos de Concessão e Parcerias Público-Privadas (PPPs), com a finalidade de melhorar a qualidade dos serviços prestados à população

Temer dirá na TV que é hora de conciliação nacional


Fonte: jornal Valor.
  
No pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, que vai ao ar hoje à noite, o presidente Michel Temer dirá à população que é chegada a hora de promover a conciliação nacional. Em tom otimista, Temer voltará a citar os resultados positivos de sua gestão, como a recuperação da economia e a retomada dos empregos, num esforço para promover a reunificação do país, em tempos de radicalização da política a poucos meses das eleições presidenciais.

Um auxiliar nega que a manifestação presidencial venha a propósito do fantasma de uma possível terceira denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer. "Não tem isso, será uma fala positiva, para levantar o astral". A avaliação no entorno de Temer é de que essa ameaça não prospera, porque o alvo principal do inquérito, a empresa Rodrimar, que atua no Porto de Santos, não teria sido favorecida pelo decreto assinado por Temer.

Temer reforçará o discurso que tem feito nas últimas semanas, em declarações que saem de forma fragmentada entre os vários eventos de que participa. Em linhas gerais, ele defende o respeito ao estado democrático de direito e à Constituição Nacional, sobretudo no tocante à harmonia e à independência entre os três Poderes.

Nas últimas semanas, Temer mostrou-se indignado com a "desvalorização da classe política", com suposto abuso de poder de autoridades e eventuais excessos do Poder Judiciário.

Nos bastidores do Planalto, há apreensão com uma sucessão de episódios negativos para a política, no qual se insere até mesmo a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista é considerado um adversário político pelo entorno de Temer, mas todos neste núcleo reconhecem o "trauma" político de se ver um ex-presidente da República condenado e preso - sobretudo em tempos de democracia, pós-promulgação da Constituição de 1988.

Outro motivo de apreensão foi a prisão temporária, na Páscoa, de dois amigos próximos de Temer para prestar depoimento em um inquérito em que o próprio presidente é um dos investigados. Foram presos o coronel João Baptista Lima Filho e o advogado e ex-assessor presidencial José Yunes.

Todos esses fatos ocorrem num cenário de acirramento do debate político, que culminou nas ameaças à integridade física de ministros do Supremo Tribunal Federal e em tiros contra ônibus da caravana de Lula na Região Sul.


Christine Lagarde alertou para os riscos de tensões geopolíticas e comerciais,

Ontem, em discurso no encontro semestral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, diretora-gerente da instituição, expôs a sua visão em relação ao cenário de crescimento da economia mundial. Ressaltou que a conjuntura global continua favorável, com crescimento forte e bastante disperso entre os países, em linha com a projeção de expansão de 3,9% neste ano. Porém, a diretora ressaltou que alguns fatores de risco estão presentes: (i) a recente escalada nas tensões geopolíticas na Síria, envolvendo, de um lado, Reino Unido, França e EUA, e, de outro, Rússia e Irã; (ii) o aumento da incerteza com relação à política comercial norte-americana e suas consequências para o comércio global; e (iii) a crescente alavancagem e o valor de mercado de algumas empresas. Lagarde afirmou que esses riscos emergiram em um contexto de forte crescimento das exportações e dos investimentos, de baixa volatilidade e de máximas históricas nos retornos de ativos financeiros. Por fim, fez recomendações para manutenção de uma agenda de reformas fiscais (diante do envelhecimento da população) e financeiras, de modo a melhorar a solidez do sistema financeiro internacional, concluindo que essas reformas têm o potencial de elevar o crescimento de médio prazo

Merval revela estratégia de Cármen Lúcia


A presidente Cármen Lúcia vai ter de usar toda sua autoridade para tratar, na próxima semana, de um assunto delicado: a tentativa do ministro Marco Aurélio de levar a julgamento nova ação que propõe acabar com a prisão em segunda instância.

Essa ação é objetivamente feita para soltar Lula da cadeia, sendo o PCdoB mero laranja do PT.

O jurista que a encabeça, Celso Bandeira de Mello, está empenhado há muito em uma campanha contra a Lava Jato, defendendo que Lula está sendo perseguido pela Justiça brasileira.

A predominância do colegiado sobre posições pessoais, defendida pela ministra Rosa Weber, está ganhando espaço no Supremo, tanto que o ministro Dias Toffoli ontem negou liminar para que José Dirceu ficasse em liberdade o fim do processo na segunda instância, alegando justamente a jurisprudência em vigor, mesmo contra sua opinião.