Há quase uma década, o Cais Mauá segue como uma das maiores promessas não cumpridas da capital gaúcha. De governo em governo, o discurso é o mesmo: revitalizar a orla histórica de Porto Alegre, transformar o espaço em um cartão-postal moderno, integrar cultura, turismo e desenvolvimento sustentável. Mas, na prática, o cais continua ancorado — parado no tempo, entre projetos, anúncios e intenções.
O governador Eduardo Leite, que já está em seu segundo mandato, volta e meia reafirma o compromisso de “fazer diferente”. Desta vez, a lembrança veio de longe: durante sua visita à COP 30, em Belém do Pará, Leite elogiou o Cais do Porto da cidade, recentemente revitalizado e transformado em um vibrante ponto turístico e cultural. Segundo o governador, o modelo é “inspirador” — e reacendeu nele o desejo de, mais uma vez, “tirar o Cais Mauá do papel”.
A ironia não passou despercebida. Afinal, foram anos de estudos, licitações e anúncios de parcerias que nunca chegaram à execução. O que Belém conseguiu realizar — com planejamento e ação — Porto Alegre segue apenas sonhando.
Enquanto isso, o Cais Mauá continua fechado, degradado e subutilizado, bem no coração da cidade, diante do Guaíba que tantas vezes foi cenário de promessas de um “novo tempo”. O contraste é evidente: onde o Pará mostra resultados concretos, o Rio Grande do Sul ainda coleciona discursos.
É bonito achar o Cais de Belém “lindo”. Mais bonito ainda seria ver o de Porto Alegre vivo, restaurado e entregue à população, com o mesmo entusiasmo com que se fazem promessas a cada viagem e a cada COP.
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