ARQUIVO - Os diálogos indecentes de Lula, na íntegra

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Questão de compostura e decoro – Editorial / O Estado de S. Paulo

Um grupo político está há mais de 13 anos no governo, preocupado essencial e prioritariamente com a perpetuação de seu projeto de poder. Com esse objetivo, teve um início estrondoso com projetos populares apresentados como instrumentos de inclusão social, mas na verdade concebidos como ferramenta de aliciamento eleitoral e que por isso se revelaram insustentáveis ao primeiro revés da economia.

Determinado a transformar o Brasil num paraíso sindical, esse grupo autoproclamado preceptor dos fracos e oprimidos impôs ao País uma política econômica intervencionista que resultou no desastre que hoje angustia 200 milhões de brasileiros. Paralelamente, para garantir o indispensável apoio político, o grupo aliou-se aos “picaretas” que Lula identificara no Congresso e perverteu o governo com o maior esquema de corrupção de que se tem notícia na história da República.

E no momento em que, em repúdio a essa catastrófica crise política, econômica e moral, os brasileiros demonstram maciçamente sua indignação nas ruas e nas pesquisas de opinião, pedem o impeachment da presidente da República e apoiam a forte atuação da Justiça no combate à corrupção, esse grupo no poder assume o papel de vítima de um “golpe” e convoca o País a se engajar na luta pela defesa do “Estado Democrático de Direito”. Democracia, afinal, é sinônimo de incompetência e corrupção?

Na terça-feira passada, a presidente Dilma Rousseff participou de mais um comício no Palácio do Planalto, desta vez reunindo na plateia juristas e advogados militantes e simpatizantes do PT, mais a habitual claque treinada para gritar “não vai ter golpe” nos momentos apropriados. O discurso feito então por Dilma foi o mais contundente até agora, revelando uma escalada de violência verbal que dá a medida do aumento de seu desespero. Dilma não se constrangeu em tentar transformar em ato cívico o evento político-partidário realizado nas dependências do palácio do governo à custa do contribuinte: “Esse ato demonstra algo muito importante para todos nós e para nossa sociedade: o grande compromisso na defesa do Estado Democrático de Direito”.

Para Dilma, defender a democracia é agir para blindar Lula das investigações sobre corrupção. É achar normal que Lula proponha a Jaques Wagner convencer a chefe do governo a pressionar a ministra Rosa Weber para defendê-lo no STF. É não sair em defesa do Poder Judiciário quando Lula acusa os tribunais superiores de estarem “totalmente acovardados”. É acusar o juiz Sergio Moro, sem ter coragem de citá-lo nominalmente, de defender interesses políticos no exercício de sua função de magistrado, ignorando o fato de que, com raras exceções, suas decisões têm sido ratificadas pelos tribunais superiores. É afirmar, em julgamento que não lhe cabe fazer, que “um executor da Justiça não pode assumir como meta condenar adversários ao invés de fazer Justiça”. É posar de vítima de “grampo ilegal” e de “vazamento seletivo” quando sabe que, em sua comprometedora conversa telefônica com Lula, o grampeado com autorização da Justiça não era ela, mas ele, e que a conversa não foi “vazada”, mas liberada pelo juiz. Para Dilma, enfim, defender a democracia é “partir para cima” de tudo e de todos que representem ameaça a um mandato presidencial que foi deslegitimado tanto pelas mentiras que contou para se eleger como pelos crimes que o bando palaciano cometeu estando no poder.


É um insulto à inteligência e ao discernimento dos brasileiros a tentativa de Dilma de desqualificar a onda de indignação nacional que leva ao movimento a favor de seu impeachment, definindo essa medida como “a arma do golpe” a serviço da “vontade política de alguns de chegar mais rápido ao poder”. Avessa, por conta de seu temperamento e de suas convicções autoritárias, ao pluralismo político inerente a uma sociedade democrática – além de enfrentar enorme dificuldade para articular e expressar ideias –, Dilma tem lido sem hesitar tudo o que escrevem para ela, nem um pouco preocupada se o que está falando é próprio para a compostura e o decoro de um chefe de governo honesto e digno. Não é a melhor forma de defender seu mandato. Mas ela não sabe fazer diferente.

Artigo, Josias de Souza

O artigo a seguir é de Josias de Souza, UOL de hoje:

Durante discurso para uma plateia de sindicalistas na noite desta quarta-feira, em São Paulo, o sábio da tribo do PT ofendeu o bom-senso. Responsabilizou o doutor Sérgio Moro pelo desemprego. Fez isso horas depois de o IBGE informar que a taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país cresceu de 7,6% em janeiro para 8,2% em fevereiro. Entre os jovens de 18 a 24 anos, o flagelo é bem maior: 20,8%. Em cada cinco jovens, um encontra-se no olho da rua.

“A Operação Lava Jato é uma necessidade para esse país”, disse Lula, antes de revelar suas reais intenções: “Agora, eu queria que vocês procurassem a força-tarefa, procurassem o juiz Moro pra saber se eles estão discutindo quanto essa operação já deu de prejuízo à economia brasileira.”
Lula pediu aos sindicalistas que perguntem ao juiz da Lava Jato “se não é possível fazer o combate à corrupção sem fechar as empresas, sem causar desemprego.” Escorou sua pregação num organismo que costumava satanizar: “Segundo o FMI, 2,5% da queda do PIB se deve ao pânico criado na sociedade brasileira.” Numa evidência de que sua placa ferveu, Lula declarou: “Quando tudo isso terminar, você pode ter muita gente presa, mas você pode ter também milhões de desempregados nesse país.”

O mensalão e o petrolão nasceram na administração Lula. Se o morubixaba do PT não tivesse repartido as diretorias da Petrobras entre seus cleptoaliados, não haveria Lava Jato. Mas ainda assim existiria a ruína econômica, porque essa parte do desastre nacional está associada a outra criação de Lula: o mito da gerentona. Superando as previsões mais pessimistas, Dilma revelou-se um fiasco gerencial sem precedentes. No momento, arrasta pelos corredores do poder as correntes da impopularidade. É reprovada por 69% dos brasileiros, informa o Datafolha.

O ruim pode ficar muito pior. Lula revela-se decidido a “ajudar” sua criatura. “Nem que seja a última coisa que eu faça na vida, vou ajudar a Dilma a governar esse País com a decência que o povo merece.” Barrado por uma liminar do ministro Gilmar Mendes, do STF, o salvador ainda não conseguiu assumir nem a Casa Civil. Mas acha que está exercendo seu terceiro mandato.

Lula deu a entender que algo lhe subira à cabeça na sexta-feira da semana passada, quando discursou no coração de São Paulo, na manifestação que o sindicalismo e os movimentos sociais convocaram para apoiá-lo e para se contrapor ao impeachment. “A impressão que tive na Avenida Paulista foi que vocês estavam me dando posse.”

Há 14 dias, numa palestra para empresários paranaenses, Sérgio Moro soou como se antevisse as críticas de Lula. Declarou-se “consternado com esse quadro econômico de recessão e de desemprego.” Mas disse não não dar crédito à tese segundo a qual “a culpa é da Lava Jato.” Mencionou os “movimentos favoráveis no mercado”, com oscilações positivas nos índices da Bolsa de Valores, quando há diligências policiais. “Para mim é um indicativo de que a Lava Jato não é exatamente um problema.” Reiterou: “Trabalhar contra um quadro de corrupção sistêmcia é algo que só nos traz ganhos. Não tenho nenhuma dúvida quanto a isso.”

Moro afirmou que só há dois caminhos à disposição. E a “sociedade democrática brasileira” terá de optar por um deles. “Podemos fazer como se fez muito: varrer esses problemas para debaixo do tapete, esquecer que eles existem” ou “enfrentar os problemas com seriedade e da forma que eles devem ser enfrentados.” Para o magistrado, “a primeria alternativa não é aceitável.”
No Brasil, sempre que uma investigação ameaça a aliança que une as oligarquias econômica e política, fabricam-se crises e teses para avacalhar os inquéritos. Lula faz pose de alternativa. Mas frequenta a cena política como principal operador da turma do tapete. Age para esconder a sujeira. Vale a pena ouvi-lo de novo: “Quando tudo isso terminar, você pode ter muita gente presa, mas você pode ter também milhões de desempregados nesse país.” Lula está mais próximo da cadeia do que do emprego de presidente que gostaria de reconquistar em 2018.


Taxa de desemprego alcançou 9,5% em janeiro

Assim como enfatizamos em publicações anteriores, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) foi inteiramente substituída pela Pnad Contínua neste mês. A principal diferença entre as pesquisas consiste na abrangência territorial, visto que a Pnad Contínua contempla todas as regiões do País, enquanto a PME atinge apenas seis regiões metropolitanas. Além disso, os dados mensais da Pnad Contínua são divulgados em termos de média móvel trimestral, sempre finda no mês de referência. Essas divergências são responsáveis, em grande medida, pela diferença de nível entre os dados das duas pesquisas. Apesar dessas vantagens da Pnad Contínua em relação à PME, a primeira apresenta um histórico bem menor que a segunda, pois teve início apenas em  março de 2012, dificultando análises de longo prazo.
A taxa de desemprego nacional alcançou 9,5% no trimestre findo em janeiro, segundo a Pnad Contínua divulgada hoje pelo IBGE. O resultado ficou ligeiramente acima da nossa projeção e da mediana das expectativas do mercado, ambas em 9,3%. Descontada a sazonalidade, a taxa de desocupação passou de 9,8% para 9,9% entre dezembro e o primeiro mês deste ano. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve alta de 2,7 pontos percentuais.
A população ocupada acentuou a trajetória de queda apresentada nas últimas divulgações, ao recuar 1,1% na comparação interanual. Diferentemente do apresentado pela PME, a série da PEA na Pnad Contínua vem mostrando crescimento persistente desde o início do ano passado, com aceleração no segundo semestre. Em janeiro, a população economicamente ativa cresceu 1,8%, na mesma métrica, contribuindo para o aumento da taxa de desemprego no período.
O rendimento médio nominal mostrou ligeira desaceleração em janeiro, ao apresentar elevação de 8,0% em relação ao mesmo período de 2015, abaixo dos 8,5% observados nos três trimestres móveis anteriores, patamar muito próximo ao registrado no mercado formal, como mostram os dados do Caged. Com isso, o rendimento médio real atingiu R$ 1.939,00 em janeiro, o equivalente a uma retração interanual de 2,5%.

Esperamos continuidade do enfraquecimento do mercado de trabalho neste ano, ainda que em menor magnitude que a observada em 2015, como já sugerido pela desaceleração no ritmo de redução de vagas formais em janeiro. Dessa forma, projetamos que a taxa de desemprego alcance, em  média, 11,8% (o que corresponderia a uma taxa de 10,2% na PME). 

Para Delfim, desfecho está dado e Dilma deve ser tirada do governo

Por Claudia Safatle - Valor Econômico

BRASÍLIA - "Acabou! Não tem governo", disse o ex-ministro Delfim Netto, ontem, após assistir ao "Encontro com Juristas pela Legalidade e Defesa da Democracia", realizado no Palácio do Planalto. Pela televisão Delfim ouviu o discurso da presidente Dilma Rousseff durante a solenidade, quando ela sustentou - "Eu jamais renunciarei" - e disse por várias vezes que "o que está em curso é um golpe contra a democracia". Na plateia, juristas que teriam se oferecido para manifestar apoio à Dilma e militantes do PT bradavam "Não vai ter golpe".

O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, no mesmo evento, informou que ingressaria com uma ação de controle de constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) para estabelecer limites na atuação dos órgãos envolvidos nas investigações da Operação Lava-Jato, como o Ministério Público, Polícia Federal e tribunais.

A indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ministro chefe da Casa Civil, na semana passada, era a chance de o ex-presidente costurar um acordo político com o PMDB para levar o governo Dilma até o fim do seu mandato, em 2018.

O grampo no telefone de Lula, autorizado pelo juiz Sergio Moro, ao capturar os diálogos entre ele e Dilma, jogou essa alternativa por terra.

O processo, agora, "se acelerou e não há mais acerto possível", avalia Delfim. O desfecho para Dilma está praticamente dado e ela deve ser tirada do governo, acredita ele. Outra hipótese é de ela conseguir os 172 votos para barrar o impeachment na Câmara. Nesse caso, ganha "mas não governa", suspeita.

Ligado ao PMDB, o ex-ministro e ex-deputado está acompanhando muito de perto a montagem de um eventual novo governo chefiado pelo vice-presidente Michel Temer. Delfim diz que se esse for mesmo o caminho, Temer reunirá um conjunto de notáveis para ocupar os principais postos do governo. Por enquanto, ele não está discutindo nomes com ninguém pois o momento exige extrema cautela, mas a ideia seria ter de oito a dez nomes de reputação e competência inquestionáveis para administrar a transição até as eleições de 2018.

Outra premissa para o eventual governo Temer é ele não se candidatar à Presidência da República. Isso pode, inclusive, ser formalizado por uma lei que estabeleça o fim da reeleição.

O roteiro de um provável governo Temer é o programa do PMDB "Ponte para o Futuro", o qual Delfim ajudou a escrever.

Para conduzir a área econômica terá que ser escolhido um nome "acima de qualquer suspeita" que transmita credibilidade, confiança e competência - alguém do porte de Armínio Fraga, cita - pois a saída da recessão, segundo o ex-ministro, não será fácil nem instantânea. Ele, ao contrário, prevê que o setor privado terá que passar por um processo doloroso de desalavancagem que atrasará a retomada do crescimento.

Houve uma destruição de riqueza muito grande e é bastante provável que em um suposto novo governo as autoridades da área econômica terão que facilitar o refinanciamento de dívidas por prazos mais longos.

A economia está sem crédito e o sistema bancário está contornando o crescimento da inadimplência com a renegociação das dívidas de pessoas físicas e jurídicas.