Violência contra jornalistas atinge mais repórteres que trabalham em televisão

Violência contra jornalistas atinge mais repórteres que trabalham em televisão
O jornalista que trabalha a serviço de uma rede de televisão é o principal alvo da violência praticada contra a categoria. Esse é o diagnóstico que pode ser feito a partir do Relatório de Violência e Liberdade de Imprensa de 2016, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas.
Os dados apresentados mostram que 44% dos casos de violência em 2016 ocorreram no Sudeste. Na diferenciação por meio de divulgação, a televisão é a primeira colocada disparada, com 31% dos atos violentos (70 casos). Em relação ao gênero, 77% das ocorrências envolvem homens (167).
Segundo a Fenaj, isso ocorre porque esses jornalistas são identificados com maior facilidade, além de se expor a mais riscos. Ao todo foram 161 ocorrências que vitimaram 222 profissionais em todo o país. Se comparado ao ano anterior, houve crescimento de 17,52% nos casos de violência contra profissionais de imprensa.
Dois profissionais de imprensa foram assassinados no Brasil em 2016: João Miranda do Carmo, morto com sete tiros depois de denunciar problemas em Santo Antônio do Descoberto (GO), e Maurício Campos Reis, dono do jornal O Grito, que foi vítima de uma emboscada na cidade de Santa Luzia (MG).
A agressão física foi a forma mais frequente de violência contra jornalistas, representando 36% dos casos. Foram também registrados casos de agressões verbais, ameaças, intimidações, cerceamento por meio de ações judiciais, impedimentos ao exercício profissional e à atividade sindical, prisão, censura e atentados e assassinatos.
*Morreram na queda do avião da Lamia
Quem bate
Os principais agressores são parte do próprio Estado, que deveria, em tese, garantir a segurança de todos. Policiais militares e guardas civis foram responsáveis por 25,47% das ocorrências relatadas. Depois deles, mas ainda sob a proteção estatal, estão políticos (15,53% dos casos) – incluídos aí seus assessores e familiares – e membros do Poder Judiciário (10,56%), como juízes, procuradores e oficiais de justiça.
Para a Fenaj, os maiores agressores dos jornalistas “usam a prerrogativa da violência do Estado para tentar impedir a livre circulação das informações, principalmente as que denunciam essa violência”.

Também entram nessa conta os manifestantes, que, segundo a Fenaj, “agridem profissionais numa clara incompreensão da importância do jornalista, inclusive para a defesa do jornalismo dentro das empresas de comunicação”. Com informações da Assessoria de Imprensa da Fenaj.

Artigo, Tito Guarniere - Presídios em fúria (II)

Senhores, a menos que todos estejamos tomados de torpor, estamos em guerra. O caos dos presídios é uma questão de defesa nacional e soberania do Estado. O Estado brasileiro, polvo gigantesco cujos tentáculos alcançam tudo que está à vista, entretanto, nas cadeias nacionais está rendido, entregou-se aos bandidos. É como se um país estrangeiro tivesse invadido as nossas fronteiras.

Está mais do que na hora de propor um debate sério, como seja o da entrada urgente no teatro de guerra e no campo de batalha, das forças armadas. Repito o que já disse: Exército, Marinha e Aeronáutica custam dinheiro demais ao país para se ocuparem apenas dos exercícios regulares de preparação de uma guerra que (graças a Deus) não está no horizonte.

Mas se nenhum país belicoso nos ameaça, internamente o crime organizado, as quadrilhas do tráfico dominam militarmente as prisões brasileiras, e os amplos espaços das nossas cidades. As forças armadas não podem continuar assistindo de binóculo, à distância, o desenrolar sangrento da guerra suja. Ponha-se o efetivo brasileiro para cumprir tarefas e missões, ajudar o Estado brasileiro a retomar a soberania nos territórios ocupados.

O que elas vão fazer? Dou de graça duas modestas sugestões. Uma, criar unidades e aumentar efetivos das forças armadas nas áreas de fronteira por onde entram as drogas – significa, estancar na origem, cortar o mal na raiz. Outra, nos presídios, fazer a ronda no entorno e assumir a revista de entrada de visitantes e familiares, para impedir o ingresso de armas e celulares no interior das cadeias. É pedir muito? Nossos soldados devem estar preparados para tais missões, nada complexas, mas que teriam efeitos devastadores sobre o crime organizado.

Medida de emergência: esvaziar as prisões. Porém, não bastam apelos melosos à Justiça para que se empenhe no julgamento rápido de presos não sentenciados. Está mais para uma força-tarefa nacional, com coordenação única, verbas próprias, rigor de metas e prazos, participação ativa dos juízes, defensores públicos e Ministério Público – sim, o MP, que parece achar que o problema de presídios e presidiários está aquém de sua importância.

Separem as facções por presídio; preencham imediatamente, as vagas ociosas que dizem existir nas prisões federais; encontrem uma forma, como existe em qualquer país civilizado, de bloquear o uso de celulares nas cadeias.

No ínterim, que o governo de Michel Temer saia da defensiva e proponha uma nova legislação na qual se ampliem os casos de prisões domiciliares, penas alternativas ao encarceramento, como multas e serviços comunitários, compatíveis com a gravidade dos delitos. Não ouvi uma só e abençoada alma propor solução tão simples, tão barata, tão lógica, e de efeitos tão benéficos para esvaziar as prisões.

No caos dos presídios, o que falta é vontade política, determinação, planos realistas e duradouros. Falta competência. Falta ao Estado brasileiro, na questão das cadeias, a mesma dedicação que ele tem para arrecadar tributos e atrapalhar a atividade produtiva.

titoguarniere@terra.com.br