Artigo, Astor Wartchow - Fazendas lá, florestas aqui


- O autor é advogado, RS.

                A intromissão estrangeira em assuntos relacionados à região amazônica, especialmente no que tange à “Amazônia brasileira”, tem alternado  questionamentos educados com desrespeitosos. Afinal, parece provocação cobrar o recém instalado governo acerca do desmatamento, uma histórica, continuada e preocupante prática local.
                O presidente Bolsonaro não reúne as qualidades retóricas e técnicas para este debate, mas não reagiu errado ao reafirmar que a “Amazônia é nossa”. Aliás, região que abrange diversas e importantes razoes locais e suspeitos interesses internacionais.
                É famoso o discurso do então senador Cristovam Buarque - durante um debate nos Estados Unidos (2000) - quando foi questionado sobre a hipótese de internacionalização da Amazônia. O autor da pergunta acrescentou que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro.
                Disse Cristovam: "De fato, como brasileiro eu falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso”.
                E passou a enumerar exemplos negativos de outras nações cujo fim também poderiam ser internacionalizados (especulação financeira, bombas nucleares, pobreza e fome), e encerrou dizendo:
                “Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa!”
                Sobre ocupação do solo e preservação ambiental brasileira recomendo olhar um vídeo-palestra do pesquisador da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda (vá em https://www.youtube.com/watch?v=oDixTvtEsx8). Imperdível!
                Leia também uma reportagem da Folha de São Paulo, do dia 21 de junho de 2010, que reproduz um relatório norte-americano nominado “Farms here, forests there”. Traduzido, significa o seguinte: Fazendas aqui (nos EUA), florestas lá (no Brasil)!
                Em resumo.“Estudo diz que americano pode ganhar até US$ 270 bi em 2030 com queda no desmatamento. O argumento é que a maior proteção às florestas prejudicará a produção de carne, soja, dendê e madeira em países como o Brasil. Isso levaria a um aumento dos preços e à abertura de um buraco na oferta, que seria preenchido pelos EUA.
                 Eliminar o desmatamento até 2030 limitará a receita para a expansão agrícola e para a atividade madeireira nos países tropicais, nivelando o campo de jogo para os produtores americanos no mercado global de commodities.
                O estudo corrobora a visão de que a conservação ambiental é uma desculpa dos países desenvolvidos para impor barreiras à agricultura do Brasil, mais competitiva.”           Entendeu o jogo, caro leitor?
                Recado ao presidente: desista da indicação do filho para a embaixada nos Estados Unidos.  Política externa é para profissionais.  Países não têm amigos; países tem interesses!


Estratégia do governo quanto ao meio ambiente


Se em algumas áreas o governo encontra resistência do Congresso para promover mudanças na linha ideológica adotada em governos anteriores, na gestão da política ambiental a nova abordagem avança sem muito atrito.

A bancada "verde" do Congresso não conseguiu demarcar território, ainda mais se comparada à atuação das frentes parlamentares ligadas à defesa dos interesses da indústria e da agropecuária.

Junta-se a esse quadro a estratégia do governo, baseada em um discurso enfático e ações em várias áreas para mudar a política ambiental.

Desde janeiro, o governo modificou toda a gestão do Ibama, criando outro enfoque para a fiscalização; reduziu o papel do Instituto Chico Mendes; paralisou o Fundo Amazônia; limitou a participação social nas políticas ambientais; e desacreditou os dados produzidos pelo Inpe sobre o desmatamento da floresta amazônica; entre outas ações.

E o presidente Jair Bolsonaro já transmite outra mensagem para a comunidade internacional.

Em todos os fóruns internacionais e entrevistas em que tratou do tema, ele tem sido enfático: o Brasil tem o que ensinar ao mundo sobre meio ambiente e as bases de negociações dos governos passados não estão mais disponíveis.

Um exemplo recente da nova abordagem internacional foi o envio de representante diplomático à Conferência Internacional sobre Mudança do Clima, organizada pelo The Heratland Institute.

A entidade reúne os maiores especialistas da tese que o Estado não deve agir para mitigar os efeitos do aquecimento global, porque não haveria indícios científicos suficientes de que há esse fenômeno.

Em governos passados, o Brasil sempre se manteve alinhado ao entendimento contrário, tanto que trabalhou ativamente na construção do Acordo de Paris.

A postura rendeu ao país a liderança dos debates nos fóruns internacionais.

Sem a resistência do Congresso, a única trava interna que poderia afetar a nova política ambiental vem do Judiciário, que até agora se envolveu pouco nesse campo.

Artigo, Fernão Lara Mesquita, Estadão - Um país intelectualmente castrado


Mais do mesmo em dosagens variadas. Mudar o ‘Sistema’, que é bom, nem uma palavra

Sexta-feira passada o Jornal Nacional comemorou o “reconhecimento pela ONU” da “eficácia” da “campanha antitabagismo” do Brasil. É “a maior redução de número de fumantes do mundo”. A dúvida que remanesce é se isso se deve à ilustração dos brasileiros sobre os malefícios do fumo ou ao imposto de 87%, saudado em tom de conquista, com que Brasília gravou cada cigarro fumado no País, o que tornou impossível ao pobre dar-se o luxo do vício nos legalizados e, como sempre, proporcionou ao governo mais alguns bilhões para serem transformados em mordomias, salários, “ajudas” e aposentadorias com correções anuais por “produtividade” para aquele punhado de brasileiros “especiais” com quem ele gasta quase integralmente os 35% do PIB (R$ 2,9 trilhões) que arranca ao favelão nacional todo ano.

Por acaso assisti a essa notícia na hora em que, pela internet, informava-me sobre o balanço parcial das leis e alterações constitucionais que já preencheram os requisitos para subir às cédulas da eleição de novembro de 2020 pedindo o veredicto dos eleitores norte-americanos. O Estado do Oregon, coincidentemente, vai votar uma emenda à Constituição local propondo um aumento do imposto sobre cigarros e dispositivos eletrônicos de fumar, todo ele destinado ao sistema de saúde. A proposta veio do governador, que para ser autorizado a submetê-la ao povo teve, antes, de aprovar o pedido de licença com um quórum superior a 60% na Assembleia Legislativa e no Senado estaduais.

O último Estado americano a votar a taxação de cigarros foi Montana, em 2018. A proposta foi recusada por 52,7% a 47,3%. Entre 2008 e 2018 os eleitores de nove Estados votaram impostos sobre cigarros naquele país, onde pôr a mão no bolso dos contribuintes requer uma corrida de obstáculos, o que explica por que o PIB de apenas um dos seus 50 Estados – o de Nova York – equivale ao do Brasil e os dos outros 49 são “lambuja”.

Até 25 de julho 22 propostas de leis ou alterações constitucionais tinham-se qualificado para subir às cédulas em 2020. Milhares de outras de alcance municipal ou menos que municipal (vindas dos conselhos gestores de escolas públicas de cada bairro, por exemplo) já estão nessa fila. Entre 2010 e 2020 uma média de 15 referendos por Estado apareceram nas cédulas nas eleições de anos pares. Esta do cigarro do Oregon é um “referendo constitucional proposto pelo Legislativo” (legislatively referred constitutional amendment), um dispositivo usado em 49 Estados. Mas há também as “emendas constitucionais por iniciativa popular” (iniciated constitucional amendment), que qualquer cidadão pode propor e qualificar para submeter ao eleitorado colhendo um determinado número de assinaturas. Existem ainda os “referendos automáticos” (automatic ballot referral), quando os Legislativos, obrigados por leis de iniciativa popular anteriores, têm de submeter ao povo qualquer lei abordando determinados temas (alterações de impostos, notadamente, entre outros à escolha de cada comunidade).

Já os bond issues, muito comuns no país todo, acompanham obras públicas e gastos fora do orçamento. De escolas para cima, melhoramentos e obras envolvendo emissão de dívida pública têm de ser aprovados no voto pelas comunidades que vão usar o bem e pagar por ele.

Sobem às cédulas para voto direto do povo até mesmo as “advisory questions”, que qualquer um pode propor para acabar com aquelas “verdades estabelecidas” que em países como o Brasil bastam para sustentar legislações inteiras e privilégios mil só no papo-furado. Pergunta-se diretamente ao eleitor se concorda ou não com aquela “verdade” (a “impopularidade” da reforma da Previdência ou da reforma trabalhista, por exemplo). O resultado não vira lei, mas serve para “orientar” legisladores, que são, todos eles, sujeitos a recall.

Desde que o direito de referendo foi adotado pelo primeiro Estado, em 1906, 521 subiram às cédulas de 23 Estados e 340 leis estaduais (65,3% das desafiadas) foram anuladas pelo povo. Milhares de outras tiveram o mesmo destino no nível municipal. Mesmo assim é bem pouco, o que prova que dispor da arma induz automaticamente os representantes eleitos ao bom comportamento, tornando desnecessário usá-la a toda hora.

Já o recall é bem mais “popular”. Até 27 de junho 72 processos atingindo 115 políticos e funcionários públicos tinham sido abertos em 2019. Os recall são frequentemente decididos em “eleições especiais” convocadas só para isso. 37% dos disparados em 2019 ainda dependem de qualificação, 11% já têm votação marcada, 15% já foram votados e aprovados e 10% foram votados e recusados. 41 vereadores, 28 membros de conselhos de gestão de escolas públicas e 22 prefeitos estiveram entre os alvos.

Foi desse ponto que voltei, naquela sexta-feira, para o eterno “como resolver nossos problemas sem remover suas causas”, “como sobreviver à nossa doença sem curá-la” dos doutos luminares que falam e agem pelos brasileiros. Este jornal, invocando o FMI, torcia para que a montanha cuspa o camundongozinho de sempre para “voltarmos a um crescimento de 2,2% podendo chegar a 3% se e somente se dobrar a taxa de investimento de hoje” (o que é totalmente impossível, recordo eu, mantidos os “direitos adquiridos” dos brasileiros “especiais”). Na outra ponta The Intercept Brasil e suas estações repetidoras, a Folha de S.Paulo e a Veja, batalhavam a volta ao rumo da venezuelização começando pela libertação dos bandidos e a prisão dos mocinhos, a bandeira que a vice-presidenta da chapa que disputou com Bolsonaro pelo PT trouxe do outro lado da lei e tenta plantar no centro do debate nacional. E entre os dois, mais do mesmo em dosagens variadas.

Como último recurso saltei para a internet, mas em vão. Ali o mais longe que vai o futuro do Brasil é onde pode levar-nos a revolucionária discussão sobre quem a polícia (que se pôs fora da reforma da Previdência quase pela força das armas) deve ou não deve prender. Mudar o “Sistema”, que é bom, nem uma palavra...

O Brasil é um país intelectualmente castrado


Artigo, Maria Lucia Victor Barbosa - Abjeta defesa do crime


      Desde 9 de junho, Glenn Greenwald vem publicando no seu site IntercePT Brasil antigas e hackeadas conversas entre o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol.
       Hackers, que chamei de ciberpiratas são criminosos que se escondem na tenebrosa deepweb de onde cometem roubos de contas bancárias, de reputações, de conversas particulares, de intimidades Nesse submundo virtual estão também pedófilos que enviam pornografia infantil, chantagistas, terroristas, traficantes de drogas, de armas, de pessoas, enfim, tudo que não presta em termos humanos. E ninguém está livre deles.
       O antro é protegido através de tecnologias sofisticadas e recentemente um jornalista descobriu um manual de hackers que ensina métodos para os facínoras não serem pegos.
       Pois bem, são bandidos desse tipo que nutrem o site de Grenwald. Bandidos, mas entendidos em manipulação eles podem decodificar vozes para depois reproduzi-las de outro modo, numa outra fala. Alteram imagens, coisa já feita por qualquer um na Internet. Apossam-se de números de celulares e fazem ligações simulando serem os donos do aparelho. São, pois, manipuladores com fins criminosos e devem se comprazer em destruir pessoas.
       A essa escória, que pode ser classificada como psicopata, se associou Greenwald no que foi seguido pela revista Veja, o jornal Folha de S. Paulo e outros mais, todos numa explicita e abjeta defesa do crime.
       Existem, vários tipos de jornalismo como de informação, investigação, opinião, que são necessários e importantes. Mas tem também o que já foi chamado de “jornalismo marrom”, que é aquele da difamação, dos escândalos, das fofocas, dos chamados fake news nome moderno para mentira com a qual se tenta denegrir uma pessoa. Não há dúvida que o jornalismo de Greenwald se encaixa no tipo marrom.
       Contudo, apesar de todos os cuidados o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido como “Vermelho” foi preso. Seu elo com Greenwald ele disse ter obtido por meio de  Manuela D’Ávila, ex-deputada do PC do B e vice do candidato derrotado do PT, Fernando Haddad. Foram também presos Gustavo Henrique Elias Santos. Suellen Priscila de Oliveira e Danilo Cristiano Marques ou seja, a quadrilha completa.
       Com a certeza da impunidade “Vermelho” tem um perfil no Twitter de onde achincalhava e provocava o ministro Moro. Também ofendia o presidente da República que chamou de cretino. E quando foi preso disse, com a desfaçatez dos psicopatas que além de sádicos buscam obter simpatia, que hackeou o ministro Sérgio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol para fazer justiça e mostrar ao povo o que havia de errado na conduta do então juiz Moro. E aqui temos uma monstruosa inversão de valores. Isto porque a maioria dos brasileiros sabe que Sérgio Moro é um baluarte, motivo de orgulho nacional, aclamado como herói por ter conseguido realizar através da Lava Jato o maior combate à corrupção já havido no país.
       Compare-se o juiz competente e íntegro com a ficha do hacker que é extensa e que resumo a partir de uma matéria do O Estado de S. Paulo, de 25/07/2019: “Delgatti responde por furto, falsificação de documento e estelionato”. Além disso, ele e seus companheiros do crime possuem grandes quantidades de dinheiro, incompatíveis com seus rendimentos. Recentemente adquiriram dólares para, segundo eles, comprarem armas. Ainda assim, angelicamente, “Vermelho” disse não ter recebido nada pelo serviço sujo prestado a Greenwald e o que mais está por trás da farsa. Quem vai acreditar num indivíduo que falsifica carteiras de identidade, rouba cartões de crédito e cheques?
       A polícia Federal fala em centenas de hackeados. Entre eles a cúpula governamental e o próprio presidente da República. Supõe-se por conta disso que existam mais hackers, ciberpiratas mais sofisticados, cujo objetivo é derrubar o governo. São conjecturas a serem investigadas mais profundamente. Entretanto, até agora só apareceram supostas conversas entre Moro e Dallagnol e, assim, fica evidente a intenção de destruir o ministro e com isso acabar com a Lava Jato, o que tem como consequência “Lula Livre”. Por tabela acaba-se também com o presidente da República.
       O que mais impressiona nesse cenário e deixa indignadas pessoas de bem é que mesmo diante da evidência de que se está lidando com facínoras é sobre o ministro e o procurador que se abatem aqueles que deviam defendê-los. Espantosamente, entidades como OAB, ABI, outros meios de comunicação, jornalistas, advogados, congressistas envolvidos na Lava jato e até ministros do Supremo estão cometendo a abjeta defesa do crime.
       Por muito menos o presidiário, quando na presidência da República, quis deportar um jornalista que o chamou de bêbado. Está na hora do presidente Bolsonaro fazer alguma coisa. A petulância, a arrogância, o veneno destilado devem ser estancados para mostrar que o Brasil não é o país da impunidade onde só criminosos têm vez.
       Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

Artigo, Alexandre Garcia - O hacker sabe de tudo, mas precisa de Manuela para saber o telefone de Glenn


A Lava Jato está sob ataque. No fundo estes hackers estão atacando a Lava Jato, ou seja, estão protegendo os corruptos. A operação conseguiu a devolução de R$ 6 bilhões para a Petrobras, a empresa que mais foi atacada. Tiraram dela como formigas tiram mel do pote.

Quando houve a devolução do dinheiro foi com o objetivo de dizer que a Petrobras é nossa, do povo. Não só a Petrobras, mas os bancos estatais também são nossos. Não se aproveitem das estatais brasileiras de agora em diante, ou seja, depois que a polícia, o Ministério Público e a Justiça chegaram e condenaram 159 pessoas.

Enquanto isso, a Polícia Federal vai atrás do dinheiro dos hackers e de quem financiou essa invasão. Tentaram descobrir quem financiou os advogados do Adélio Bispo, mas a OAB não quis que descobrissem.

Está se escondendo alguma coisa. Há muita coisa escondida que começa a aparecer devagarzinho. Muita coincidência. Agora a gente vê que a candidata na chapa de Haddad foi quem passou o telefone do americano para o hacker.

Engraçado que esse hacker que tem condições de saber o telefone do Dallagnol, do Sergio Moro, do Paulo Guedes, do presidente Bolsonaro, dos presidentes da Câmara e do Senado e de ministros do Supremo não tem condições de descobrir o telefone do americano e precisa da intermediação da ex-deputada Manuela d’Ávila.

Ela diz que não tem nada a ver com isso e que apenas foi consultada e passou o telefone do Glenn. Enfim, agora a polícia está atrás do dinheiro."

Crimes dos hackers


Juiz vê indícios de que grupo de hackers cometeu ao menos três crimes
O juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, afirmou ter despacho que há firmes indícios de que o grupo de hackers cometeu ao menos três crimes.
Quatro pessoas suspeitas de terem participado da invasão de celulares de autoridades foram presas de forma temporária na última terça (23) em uma operação da Policia Federal.
O primeiro crime mencionado pelo magistrado seria o de formação de organização criminosa, quando quatro ou mais pessoas se associam de forma ordenada para cometer infrações penais, com pena que pode ir de três a oito anos de prisão.
Outro crime citado pelo juiz é o de invasão de dispositivo informático, mediante violação de mecanismo de segurança, com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações para obter vantagem ilícita. Nesse caso, a pena pode variar de três meses um ano de prisão.
Por último, Vallisney de Oliveira diz que há também indícios do crime de realização de interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
Para o delito, a pena pode ser de dois a quatro anos.
No despacho, o responsável pelo inquérito disse que a investigação até o momento aponta Walter Delgatti Neto como líder dessa organização. Os outros participantes são Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira e Danilo Marques.
O principal suspeito confessou em depoimento ter sido o autor das invasões de contas do aplicativo de mensagens Telegram de algumas autoridades.
Ele disse que fez cópias de conversas de procuradores da Lava Jato e repassou os arquivos para o site Intercept Brasil, de forma voluntária, anônima sem cobrar.
Delgatti afirmou que não fez nenhuma edição no material e que procurou o jornalista Glenn Grennwald por conhecer sua atuação no vazamento de documentos secretos dos EUA, no caso de Edward Snowden.
O investigado afirmou que obteve o contato do jornalista por meio da ex-deputada Manuela D’Avila (PC do B). Ela confirmou o contato e o fato de não sabia a identidade do hacker.
Nesta sexta, o juiz do DF decidiu manter os quatro suspeitos presos por mais 5 dias, prorrogando a prisão provisória, a pedido do Ministério Público e da Policia Federal.
Segundo seu despacho, colocá-los em liberdade neste momento poderia atrapalhar as investigações em andamento.
Apesar de Delgatti ter confessado ser o Hacker que invadiu contas de autoridades da Lava Jato, a Policia Federal vê contradições e inconsistências em seu depoimento.
Ele tem sido chamado internamente por investigadores de “contador de histórias”, característica considerada típica de estelionatários.

Reportagem de Ana Flor, Brazil Journal de hoje - BNDESPar vai publicar calendário de venda de papeis


O BNDES vai publicar até o início de outubro um calendário com as datas estimadas para a venda de suas participações em Bolsa, reduzindo a ansiedade do mercado e dando mais visibilidade ao ‘overhang’ que pesa sobre alguns papéis, o presidente do banco, Gustavo Montezano, disse ao Brasil Journal.
Montezano disse que o trabalho será feito pelo novo diretor de crédito e participações, André Laloni, que deixou a vice-presidência de finanças e controladoria d Caixa e assumirá nos próximos dias o cargo no BNDES.
Segundo Montezano, o BNDES vai focar em vender primeiro os papéis mais líquidos da carteira da BNDESPar: Petrobras, Vale, JBS e Suzano.
O banco espera liquidar a carteira atual em dois anos.
A BNDESPar tem hoje quase R$ 110 bilhões em ações de companhias listadas. A Petrobras é o maior ativo, com R$ 53 bilhões, o que representa quase 14% da petroleira. A Vale é a segunda maior posição, com R$ 16,5 bilhões (6% da mineradora). A carteira ainda tem 21% da JBS (R$ 9,2 bilhões) E 11% DA Suzano (R$ 6,96 bilhões), além de fatias importantes da Eletrobrás, Copel, Cemig e Marfrig.
O plano da nova diretoria, entretanto, não é acabar com a área de renda variável do banco, apenas torná-la compatível com outras instituições financeiras no mundo.
A reestruturação do banco começou há menos de duas semanas com um trabalho de transparência para lidar com o que Montezano considera ser a recuperação da marca e da reputação do BNDES.
Em dois meses, ele pretende tornar transparentes todos os dados relativos e contratos passados, em especial aqueles da assim denominada “caixa-preta”. Virada esta página, o passo seguinte será estabelecer o cronograma das devoluções de valores ao Tesouro Nacional. O banco já devolveu R$ 38 bilhões e até o final do ano ainda retornará quase R$ 90 bilhões.
Após endereçar a venda da maior parte da carteira da BNDESPar, o foco será transformar o banco em uma instituição de serviços.
Montezano disse que nos governos anteriores o BNDES tomou muito risco reputacional e de mercado, enquanto a concessão de crédito é “quase conservadora.”.
Apesar da redução do volume de empréstimos, Montezano afirma que os valores seguirão significativos, em torno de R$ 70 bilhões ao ano. “Prefiro dizer que a área de empréstimos será mais potente,” disse ele.
O desafio do BNDES será mudar sua cultura interna – sair de trás da mesa e ir em busca de clientes para projetos que promovam desenvolvimento e crescimento sustentável, disse o novo presidente.
O NOVO FOCO SERÁ MONTAR PROJETOS PARA TRÊS TIPOS DE CLIENTES. Para o governo federal – em especial os Ministérios da Infraestrutura e da Economia, além do Programa de PARCERIAS DE Investimento (PPI), SOB A Casa Civil - o BNDES quer elaborar projetos sob medida.
Para os municípios, os projetos devem ser de prateleira. Entre os dois polos, estão os Estados, que poderão ter projetos individualizados ou aderir a outros já existentes no portfólio do banco.

Sine de Porto Alegre disponibiliza 167 vagas de emprego nesta segunda


Para quem está à procura de emprego, o Sine Municipal abre nesta segunda-feira, 29, cento e sessenta e sete postos de trabalho, até que sejam preenchidos. Entre as vagas oferecidas, a maior demanda é para Vendedor de Serviços, com 21 postos, seguida de Instalador-Reparador de Rede Elétrica, com 20 postos abertos.

O interessado deve retirar a carta de encaminhamento através do aplicativo Sine Fácil, disponível para download no Google Play, ou diretamente em qualquer unidade do Sine. O número de cartas é limitado.

A sede do Sine Municipal funciona entre 8h e 17h, na av. Sepúlveda esquina com a Mauá. Para concorrer a vaga, o candidato precisa comparecer com Carteira de Trabalho e comprovante de residência.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), o Rio Grande do Sul registrou o segundo menor índice de desemprego do país no primeiro trimestre de 2019.

Confira as vagas abaixo:

Arte-finalista - 1
Assistente de vendas - 1
Auxiliar contábil - 1
Auxiliar de contabilidade - 1
Auxiliar de cozinha - 4
Auxiliar de desenvolvimento infantil - 3
Auxiliar de limpeza - 3
Auxiliar de linha de produção - 1
Auxiliar de manutenção predial - 1
Auxiliar de segurança - 3
Balconista - 1
Barman - 1
Caldeireiro de manutenção - 1
Carreteiro (motorista de caminhão-carreta) - 6
Caseiro - 2
Condutor de máquinas - 1
Corretor de imóveis - 2
Costureira em geral - 3
Cozinheiro geral - 5
Desenhista projetista mecânico - 1
Educador infantil de nível médio - 1
Eletricista - 2
Eletricista de instalações comerciais e residenciais - 1
Eletrotécnico na fabricação, montagem e instalação de máquinas e equipamentos - 2
Estofador de móveis - 1
Gerente administrativo - 1
Gerente comercial - 1
Inspetor de segurança - 1
Instalador de alarme - 1
Instalador de estações telefônicas - 10
Instalador hidráulico - 1
Instalador-reparador de rede elétrica - 20
Instrutor de informática - 2
Marceneiro - 1
Marmorista (construção) - 1
Mecânico de manutenção de automóveis - 2
Mecânico de manutenção de bombas - 1
Mecânico de manutenção de máquina industrial - 1
Mecânico de manutenção de máquinas têxteis - 1
Médico do trabalho - 1
Motorista entregador - 6
Nutricionista - 1
Operador de fabricação de tintas - 1
Operador de impressora offset - 1
Operador de inspeção de qualidade - 1
Operador de máquinas fixas, em geral - 6
Operador de retro-escavadeira - 1
Operador de telemarketing ativo e receptivo - 5
Operador de torno com comando numérico - 1
Operador polivalente da indústria têxtil - 1
Orientador de tráfego para estacionamento - 2
Padeiro - 2
Padeiro confeiteiro - 1
Pasteleiro - 3
Pintor de automóveis - 1
Pizzaiolo - 1
Promotor de vendas - 1
Serralheiro - 1
Soldador - 1
Supervisor da confecção de artefatos de tecidos, couros e afins - 1
Sushiman - 1
Técnico de apoio em pesquisa e desenvolvimento de produtos - 1
Técnico de enfermagem - 1
Técnico em manutenção de equipamentos de informática - 2
Técnico químico - 1
Torneiro mecânico - 1
Trabalhador na confecção de peças de couro - 3
Tratador de animais (Jardim Zoológico) - 1
Vendedor de serviços - 21
Vendedor interno - 2
Vendedor pracista – 1


Artigo, Eliane Cantanhêde, Estadão - Na guerra dos hackers, saiba quem está do lado de Moro e quem está do lado de Glenn


- Título Original: Competição macabra: quem é mais vítima, quem é mais criminoso nessa crise dos hackers. 

Há uma competição macabra: quem é mais vítima, quem é mais criminoso nessa crise dos hackers.


Ao trocar a condição de juiz pela de ministro da Justiça de Bolsonaro, Sérgio Moro transformou a própria vida num inferno e agora combina, perigosamente, as condições de vítima, suspeito e chefe das investigações sobre o ataque aos celulares de autoridades dos três Poderes da República. A competição é macabra: quem é mais vítima, quem é mais criminoso.

Moro, PF, MP e governistas descarregam as baterias em Glenn Greenwald, que divulga os diálogos no site The Intercept Brasil, mas miram mesmo é nos responsáveis políticos e estão se aproximando do PT, principalmente com a revelação de que Manuela D’ Ávila (PCdoB), vice de Fernando Haddad (PT) em 2018, foi a intermediária entre hackers e Greenwald.

Já o PT, o PDT, boa parte do Congresso e até ministros do Supremo aumentam a pressão sobre Moro, seja pelo “Lula livre”, por serem eles próprios alvos da Lava Jato ou simplesmente por terem uma visão mais rígida da Justiça, contrária aos métodos da operação.

Eles, que já condenam os diálogos vazados entre Moro e Deltan Dallagnol, ganharam munição pesada com três erros formais do ministro: demonstrar que teve acesso a informações sigilosas da Polícia Federal, ao avisar os atingidos; anunciar que o material hackeado seria destruído, o que seria em seu próprio benefício; endurecer o processo de expulsão de estrangeiros justamente no meio da tempestade envolvendo o americano Greenwald.

Há justificativas para esses erros. Afinal, é hipocrisia do PT e do PDT considerar “espantoso” Moro ter acesso a dados de investigação da PF, vinculada à Justiça. O ex-ministro José Eduardo Cardozo, do PT, não tinha? Além disso, Moro diz que não viu a lista nem os diálogos hackeados, só soube das principais autoridades atingidas e cumpriu seu dever de avisá-las, a começar do presidente da República.

Ao falar em destruição das conversas, a sensação que passou foi de que ele está louco para incinerar seus próprios diálogos, quando era juiz e ícone da Lava Jato. Como a PF tratou de corrigir, só a Justiça pode destruir material que possa servir de prova em processos. Em favor de Moro, pode ter sido só um escorregão, uma fala impensada.

Quanto ao processo contra estrangeiros, a primeira reação foi fortemente negativa, no pressuposto de que visaria a deportação de Greenwald, o, digamos, algoz do ministro. Mas, como Moro diz, e comprova com os termos da decisão, ela não tem nada a ver com o americano, que, segundo ele, “nem é investigado”. Os alvos, alega, são os suspeitos de terrorismo e de tráfico de drogas. Mas podia ficar para depois, ministro. Evitaria mais lenha na fogueira.

O fato é que o Brasil não está dividido só entre direita e esquerda, mas entre os que querem crucificar Moro e os que tentam trucidar Greenwald e chegar ao PT. Quem não pretende nem uma coisa nem outra, só quer a verdade, deve ver, ouvir, ler e refletir sobre tudo com muita atenção. Por trás de cada grupo, há interesses e intenções muitas vezes políticas, outras tantas ainda mais complexas.

Como fato, a oposição a Moro está a mil por hora. No Congresso, alvos da Lava Jato ou amigos de Lula armam a convocação do ministro para depor e há quem fale até em CPI. No Supremo, os “garantistas” avessos aos métodos do juiz Moro e agora críticos às ações do ministro Moro têm um instrumento à mão: o pedido de suspeição dele em processos contra Lula. Agosto vem aí fervendo.

O Planalto, que mantinha prudente distância até ontem, quando Bolsonaro previu “cana” para Greenwald, defende enquadrar os hackers na Lei de Segurança Nacional, ou seja, tratá-los como terroristas e espiões que ameaçam a República. Eles, porém, são peixes miúdos nessa guerra.

Agosto, mês das bruxas na política, vem aí com o País, Moro e Greenwald na fogueira

Dengue, zika e chikungunya


O Rio Grande do Sul tem 85 municípios onde a infestação do mosquito Aedes aegypti é considerada de alto risco para a transmissão da dengue, zika e chikungunya. Essas cidades tiveram no último levantamento do índice da presença do inseto, realizado entre maio e junho, mais de 4% dos imóveis vistoriados onde foi identifico local com água com presença de larvas do mosquito. No ano, o Estado já teve mais de mil casos confirmados de dengue ocorridos dentro do RS. A Secretaria da Saúde alerta que as medidas de prevenção devem permanecer mesmo agora durante o inverno, época do ano quando há uma redução na circulação do mosquito.
O Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) permite que, com base nas informações coletadas, o gestor pode identificar os bairros onde estão concentrados os focos de reprodução do mosquito, bem como o tipo de criadouro predominante. O objetivo é que, com a realização do levantamento, os municípios tenham melhores condições de fazer o planejamento das ações de combate e controle do mosquito. O índice de infestação predial (IIP) gerado pelo método indica o percentual de amostras onde foram identificadas larvas no inseto.
Lista dos município com o índice de infestação predial (IIP)
Nonoai - 16,3
Espumoso - 13,7
Salto do Jacuí - 13,5
Giruá - 12,0
Dezesseis de Novembro - 11,6
Nova Palma - 10,8
Não-Me-Toque - 10,6
Tapejara - 10,6
Victor Graeff - 10,5
Vila Maria - 10,5
Boa Vista do Cadeado - 9,5
Salvador das Missões - 9,5
Jaguari - 9,4
Santiago - 9,4
Frederico Westphalen - 9,3
São José das Missões - 9,1
Tenente Portela - 9,0
Jacuizinho - 8,8
Santo Cristo - 8,7
Ajuricaba - 8,3
Uruguaiana - 8,3
Santo Antônio das Missões - 8,2
Canoas - 8,1
Tapera - 8,1
São Pedro do Sul - 7,8
Inhacorá - 7,7
Sananduva - 7,7
Santa Maria - 7,7
Panambi - 7,5
São Sebastião do Caí - 7,4
Pejuçara - 7,3
Alvorada - 7,2
Nova Ramada - 7,2
Novo Hamburgo - 7,2
Porto Vera Cruz - 7,2
Tucunduva - 7,2
Mato Queimado - 7,0
Getúlio Vargas - 6,9
São Nicolau - 6,9
Santo Antônio do Planalto - 6,7
Itaqui - 6,6
Tio Hugo - 6,6
São Pedro do Butiá - 6,3
Vista Gaúcha - 6,3
São Luiz Gonzaga - 6,2
Ibiaçá - 6,1
São Miguel das Missões - 6,1
Ibirubá - 6,0
Jacutinga - 6,0
Porto Xavier - 6,0
Passo Fundo - 5,9
Tuparendi - 5,9
Veranópolis - 5,8
Esteio - 5,7
Novo Machado - 5,7
Horizontina - 5,6
Estação - 5,5
Pirapó - 5,5
Quaraí - 5,4
Cruz Alta - 5,3
Santo Augusto - 5,3
Três Passos - 5,0
Planalto - 4,9
Bossoroca - 4,8
Roque Gonzales - 4,8
São João da Urtiga - 4,8
Campo Novo - 4,7
Campos Borges - 4,6
Sapucaia do Sul - 4,6
São Paulo das Missões - 4,5
São Sepé - 4,5
Novo Tiradentes - 4,4
São Borja - 4,4
Trindade do Sul - 4,4
Vila Lângaro - 4,4
Cerro Largo - 4,3
Guarani das Missões - 4,3
Santa Cruz do Sul - 4,3
Vicente Dutra - 4,3
Ciríaco - 4,2
Porto Lucena - 4,2
Jóia - 4,1
Alto Alegre - 4,0
Feliz - 4,0
Nova Esperança do Sul - 4,0
Repasses de recursos a municípios
O Governo do Estado investiu R$ 4.837.420,79 neste ano para que 361 municípios desenvolvam ações de prevenção e combate ao Aedes. Os recursos foram destinados às cidades consideradas infestadas pelo inseto, ou seja que tiveram ao menos um foco de larvas do mosquito identificados nas armadilhas nos últimos 12 meses. Entre essas cidades, estão as 85 com o índice de infestação considerado de alto risco.

Saiba como eliminar o mosquito em casa
Os depósitos preferencias para os ovos do Aedes aegypti são recipientes domiciliares com água parada ou até na parede destes, mesmo quando secos. Os principais exemplos são pneus, latas, vidros, cacos de garrafa, pratos de vasos, caixas d'água ou outros reservatórios mal tampados, entre outros.
Alguns dos cuidados para evitar o acúmulo de água onde o mosquito pode se reproduzir são:
- Tampar caixas d’água, toneis e latões
- Manter limpos os bebedouros de animais
- Guardar garrafas vazias com o gargalo para baixo
- Guardar pneus sob abrigos
- Manter desentupidos ralos, canos, calhas, toldos e marquises
- Não acumular água nos vasos de plantas
- Manter a piscina tratada durante todo o ano
- Coloque embalagens de vidro, lata e plástico em lixeiras fechadas

Como saber quem está mais perto de ganhar a guerra entre a LavaJato e a VazaJato

Como saber quem está mais perto de ganhar a guerra entre a LavaJato e a VazaJato

A propaganda e a guerra psicológica têm seu papel nos conflitos, mas só podem ser declaradas decisivas quando um lado decide capitular apesar de ainda ter recursos suficientes para virar o jogo. Outro jeito de ganhar guerras é eliminar o inimigo. Outra maneira é o armistício sem capitulação. A Alemanha perdeu a Primeira Guerra Mundial do primeiro jeito, e a Segunda do segundo. A Guerra da Coreia terminou do terceiro jeito.

Ganhar ou perder depende também, e muito, do objetivo político proposto. Se a meta é eliminar o inimigo mas ao final ele foi apenas contido, fica aquele gostinho ruim. Tipo a Guerra do Golfo contra Saddam Hussein. Também por isso, ninguém deveria começar uma guerra sem ter ideia de como acabar a dita cuja. Às vezes dá zebra. Só olhar as invasões inglesa, soviética e americana no Afeganistão. Errar a conta do custo de ganhar uma guerra é sempre complicado.

A batalha das manchetes e #hashtags na disputa da LavaJato contra a VazaJato é divertida de ver, pois diz algo sobre quem ganha e quem perde cada batalha, mas diz quase nada sobre quem vai ganhar a guerra. O que é preciso olhar? O objetivo de cada um, e que lado tem mais recursos, ou recursos suficientes, para atingir o objetivo proposto. Na Segunda Guerra morreram na Europa duas vezes mais militares soviéticos do que alemães. E todo mundo sabe quem ganhou no fim. #FicaaDica. 

A LavaJato vinha vencendo a guerra havia cinco anos, principalmente por causa da vantagem esmagadora de recursos. Um essencial, como a operação sempre fez questão de enfatizar, era a aliança com a imprensa. Com o controle quase absoluto dos instrumentos policiais e judiciais, a LavaJato vinha voando este tempo todo em céu de brigadeiro, navegando em mar de almirante. Mas a realidade mudou. 

A LavaJato foi arrastada agora a uma guerra de atrito contra uma tropa irregular aliada a parte dos antigos aliados da LavaJato na imprensa. O que a LavaJato precisa para declarar vitória? Interromper as revelações da VazaJato e impedir eventuais efeitos judiciais. Esta segunda coisa ainda está à mão. Já a primeira, não. E do que a VazaJato precisa? Apenas sobreviver. Isso está totalmente ao alcance dela, também por a disputa envolver a liberdade de imprensa. 

A linha de “caça ao hacker” faz sentido para a construção de uma narrativa, mas não mata a VazaJato. Até agora, ao contrário, apenas reforçou a autenticidade das revelações. Mesmo que as autoridades consigam levar os hackeadores a admitir algum ilícito em associação com Glenn Greenwald, isso não implicará os demais jornalistas do TheInterceptBR ou o próprio veículo, uma pessoa jurídica, em qualquer crime. 

Mesmo que as autoridades conseguissem fechar o TheIntercepBR, isso não impediria os demais veículos parceiros de continuar publicando reportagens a partir do vasto material. E se a Justiça brasileira decretasse, numa hipótese hoje alucinada, a censura, a coisa poderia continuar a ser divulgada a partir do exterior. Aí a proibição teria de partir, por exemplo, do governo ou da Justiça nos Estados Unidos. Mas ali a liberdade de imprensa está ainda mais protegida que aqui. 

Onde está a brecha das defesas até agora erguidas pela LavaJato contra a VazaJato? Para matar a divulgação, a LavaJato precisa atacar e derrotar seu principal aliado dos últimos cinco anos e meio: a imprensa. E se é verdade que a imprensa gosta da LavaJato, é natural que goste ainda mais de preservar seu próprio poder. Por isso a imprensa está dividida. E também por isso o objetivo militar da LavaJato na guerra contra a VazaJato é tão difícil de alcançar. 

Claro que há sempre a hipótese de a LavaJato recooptar toda a imprensa. Mas esse haraquiri do jornalismo ainda não está no radar. 

E um detalhe: se a VazaJato é uma ameaça para Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros menos visíveis, não chega a ser um problema relevante para Jair Bolsonaro ou Paulo Guedes. E à medida que os personagens principais vão se enrolando, as instituições a que pertencem são estimuladas a ir se distanciando, mesmo que esse distanciamento seja disfarçado por grandiloquentes declarações de apoio e solidariedade.
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Alon Feuerwerker 
alon.feuerwerker@fsb.com.br

Depoimento de Gustavo Henrique, membro da quadrilha de hackers


AO(s), 24 dia(s) do mês de julho de 2019, neste(a) POLÍCIA FEDERAL – SEDE, em Brasília/DF, onde se encontrava LUIS FLAVIO ZAMPRONHA, Delegado de Polícia Federal, matr. 8.220, compareceu GUSTAVO HENRIQUE ELIAS SANTOS, sexo masculino, nacionalidade brasileira, solteiro, filho de DJALMA HENRIQUE DOS SANTOS e MARTA MARIA ELIAS SANTOS, nascido aos 15/01/1991, natural de Araraquara/SP, instrução ensino médio incompleto, profissão Empresário, documento de identidade nº (xxxxxxxxx), CPF (xxxxxxxxx), residente na(o) (xxxxxxxxx). Inquirido a respeito dos fatos, RESPONDEU: QUE atualmente exerce atividade de investidos em criptomoedas; QUE realiza várias operações de compra e venda de criptomoedas pela internet, principalmente Bitcoin; QUE possui várias carteiras de Bitcoin, cujo valor total se reserva o direito de não informar à Polícia Federal; QUE comprou Bitcoin com recursos obtidos na atividade de DJ e jogos on line; QUE perguntado onde estão as senhas e chaves de acesso de suas contas de Bitcoin o DECLARANTE se reserva ao direito de permanecer em silêncio; QUE nunca realizou nenhum tipo de golpes ou fraudes bancárias, tais como a clonagem de cartões ou o acesso de contas bancárias de outras pessoas; (xxxxxxxx) QUE conheceu WALTER NETO na cidade de Araraquara/SP por volta do ano de 2008; QUE não sabe dizer qual a ocupação ou profissão exercida por WALTER DELGATTI NETO; QUE desconhece o envolvimento de WALTER DELGATTI NETO com fraudes bancárias ou golpes financeiros praticados pela internet; QUE estava com o WALTER DELGATTI NETO quando ele foi preso pela Polícia Rodoviária Militar do Estado de São Paulo pelo uso de documentos falsos; QUE nesta prisão WALTER NETO portava um extrato bancário editado no valor de R$ 1.800.000,00 (um milhão e oitocentos mil reais); QUE WALTER NETO fraudou este referido extrato bancário com o objetivo de se vangloriar; QUE na verdade, WALTER NETO foi preso naquele momento por portar uma carteira de estudante falsa de medicina da USP, que estava em seu próprio nome; QUE em fevereiro de 2019 acordou e percebeu que em seu telefone celular havia o registro de inúmeras mensagens dos aplicativos TELEGRAM e WHATSAPP do DECLARANTE; QUE imediatamente procurou o WALTER NETO através das suas próprias contas no WHATSAPP e no TELEGRAM; QUE mantém registrado em seu celular as conversas que teve com WALTER NETO em que ele confirmou ter invadido o TELEGRAM e o WHATSAPP do DECLARANTE; QUE no final de mês de junho recebeu uma mensagem do TELEGRAM de WALTER NETO, que continua um link de uma matéria jornalística relacionada à invasão do TELEGRAM do Ministro SÉRGIO MORO; que recebeu a mensagem de WALTER NETO de uma outra conta que ele havia habilitado no TELEGRAM; QUE mantém em sua conta do TELEGRAM a mensagem recebida de WALTER NETO com a reportagem sobre a invasão do celular do Ministro SÉRGIO MORO; QUE nesta mensagem WALTER NETO se vangloriava de ser o autor da invasão do TELEGRAM do Ministro SÉRGIO MORO; QUE passado alguns dias recebeu uma ligação de vídeo de WALTER NETO pela qual ele filmou a tela do seu notebook onde tinha vários ícones de TELEGRAM separados por nome; QUE o DECLARANTE fez um print da filmagem realizada por WALTER NETO, que está armazenada em seu celular; QUE WALTER NETO nunca explicou para o DECLARANTE como era feito o procedimento para obtenção de códigos de acessos do TELEGRAM de outras pessoas, mesmo porque nunca teve interesse em tomar conhecimento desse assunto; QUE WALTER NETO não mencionou que utilizava (xxxxxxx) para fazer a captura de códigos de acesso de contas do TELEGRAM de outras pessoas; QUE falou para WALTER NETO que isso poderia dar problema, tendo em vista a repercussão do caso; QUE dentre as contas de TELEGRAM que apareceram na imagem capturada se recorda apenas de uma conta em nome do Ministro SÉRGIO MORO, que estava em destaque do lado esquerdo da tela; QUE não sabe dizer o nome de outras pessoas que também apareciam nas contas todo TELEGRAM que teriam sido invadidas por WALTER NETO; QUE não sabe dizer se WALTER NETO recebeu algum tipo de pagamento, vantagem ou benefício em troca das mensagens do TELEGRAM que ele havia capturado de outras pessoas; QUE sabe dizer WALTER NETO é simpatizante do Partido dos Trabalhadores; QUE não sabe dizer se WALTER NETO é vinculado a algum partido político; QUE em uma conversa por telefone, provavelmente por vídeo, WALTER NETO disse que iria vender o conteúdo das contas de TELEGRAM de autoridades para o Partido dos Trabalhadores, QUE não sabe dizer para quem especificamente WALTER NETO iria vender o conteúdo de contas de TELEGRAM que ele havia obtido; QUE toda a movimentação bancária que possui tem como origem a venda de veículos, de Bitcoins e de festas e eventos que promoveu; QUE o valor em espécie no total de R$ 99.000,00 (noventa e nove mil reais) foi acumulado ao longo dos anos como lucro de suas aplicações; QUE movimentou recursos em contas bancárias em nome de SUELEN PRISCILA DE OLIVEIRA; QUE vive em união estável com SUELEN PRISCILA, mas pode afirmar que ela desconhece completamente suas atividades comerciais ou negócios que realizava; QUE efetuou a transferência de recursos de sua conta bancária para a conta de SUELEN com o objetivo de agregar volume em sua movimentação bancária e assim obter créditos; QUE não sabe dizer se WALTER NETO possui carteira de Bitcoin na internet; QUE conhece DANILO CRISTIANO MARQUES de encontros ocorridos na cidade de Araraquara/SP; QUE não tem nenhum tipo de relacionamento comercial ou de negócios com o DANILO CRISTIANO; QUE DANILO CRISTIANO é uma pessoa bastante humilde e trabalha como motorista de UBER e mototaxi; QUE desconhece se WALTER NETO utiliza o nome de DANILO CRISTIANO para realizar operações financeiras; QUE também não sabe dizer se WALTER NETO utilizou o nome de DANILO CRISTIANO para alugar um imóvel em Ribeirão Preto/SP; QUE não responde atualmente a nenhum processo criminal; QUE foi preso em flagrante em duas oportunidades por porte ilegal de arma, estando um processo já encerrado e outro em tramitação junto a comarca de Balneário Piçarras/SC. Nada mais disse e nem lhe foi perguntado. Foi então advertido(a) da obrigatoriedade de comunicação de eventuais mudanças de endereço em face das prescrições do Art. 224 do CPP. Encerrado o presente que, lido e achado conforme, assinam com o(a) Declarante, na presença de seu advogado ARIOVALDO MOREIRA, inscrito na OAB/SP sob nº 113707 e comigo Cinthya Santos de Oliveira, Escrivã de Polícia Federal, Classe Especial, Matr. 9.803 que o lavrei.”

Artigo, Pedro Doria, O Globo - Imagina se fossem os russos

Um estelionatário de terceira toma de assalto a comunicação da República. Imagina se fossem russos. Vamos mal.

O ministro Sergio Moro foi ontem ao Twitter para afirmar que ninguém sofreu um hack por falta de cautela. “Não havia sistema de proteção hábil”, ele escreveu. Havia, sim. Autenticação em duas etapas, ou, na sigla em inglês, 2FA.
É chatinho, mas não é difícil. O episódio da prisão dos quatro suspeitos de Araraquara traz à luz duas questões fundamentais que põem em risco a democracia brasileira. Uma é a inacreditável ingenuidade digital das autoridades públicas. A outra é que a paranoia, a mentira, a desinformação se impuseram de vez no debate público.

Se o Twitter é a rede de escolha para fluxo de informação do atual governo, é por ele que devemos fluir. No momento em que o site The Intercept Brasil começou a publicar as conversas vazadas da Lava Jato, esquerda e direita construíram cada qual o seu mito de origem. Ambos falsos no âmago.

A versão da esquerda, amplamente estimulada pelos jornalistas do Intercept, é de que quem levantasse a hipótese de um hacker estaria fazendo o jogo dos vilões — compreenda-se, no caso, procuradores e o então juiz Moro. Naquela cegueira coletiva que as redes constroem, na qual um convence o outro da mesma história que nenhum fato sustenta, decidiu-se que a fonte deveria ser o que os americanos chamam de whistleblower. Um funcionário, talvez do MP de Curitiba, que angustiado perante malfeitos fez-se herói, copiou os dados, e os encaminhou para os jornalistas.

Os fatos sugeriam o contrário. Um mês antes da primeira reportagem, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot já havia falado publicamente de ter sido vítima de um hacker, e daí vários outros casos pipocaram. Mais de um jornalista encontrou, tanto na Polícia Federal quanto no MP, histórias várias de violação por hackers. A convicção na esquerda de que não há hacker se tornou tão forte que, mesmo com a confissão de um deles, ainda assim tudo é uma trama de Moro e de sua PF. Uma conspiração, pois. Aquilo que a gente chama teoria conspiratória.

A versão da direita é ainda mais rocambolesca. Envolve pagamentos em bitcoins, poderosos hackers russos, o intermédio do americano Edward Snowden, e a compra do mandato de um deputado federal. São tantas as partes extraordinárias nesta história que surpreende alguém acreditar. No Twitter, massas acreditam.

Tanto a Polícia Federal quanto os técnicos que indiretamente se envolveram na investigação chegaram a cogitar a possibilidade de o hacker ser russo no início da investigação. A Rússia tem feito ataques cibernéticos por toda parte do mundo e as constantes ligações recebidas de madrugada pelas vítimas poderiam sugerir seu fuso horário. Mas faz mais de um mês que a investigação já havia detectado que o método tinha sido mais simples — este de caller ID spoofing. É mais simples do que clonagem, o celular apenas finge ter o número do hackeado. Não é um equipamento barato o que permite este mascaramento — mas, ora, mais de uma empresa no Brasil oferece este serviço por preços módicos.

Se no início pareceram hackers sofisticados, conforme foi-se avançando percebeu-se que, ora, eram hackers de Araraquara. Tiveram acesso ao Telegram do ministro da Justiça, dos presidentes da Câmara e do Senado, de ministros do Supremo, de pelo menos um ex-procurador-geral da República, delegados da Polícia Federal.

Enquanto aquela parte da população interessada em discutir política cria para si duas realidades paralelas que nunca se encontram, um estelionatário de terceira do interior paulista toma de assalto a comunicação da República. Vamos mal.

Artigo, Merval Pereira, O Globo - Sigam o dinheiro


Não parece provável que um estelionatário seja movido apenas por ‘fazer justiça, trazendo a verdade para o povo’

A investigação sobre os hackeamentos dos celulares de centenas de autoridades brasileiras parece estar chegando a uma solução, embora a Polícia Federal não creia que Walter Delgatti Neto tenha entregue o material resultante da invasão ao site Intercept Brasil apenas por “amor à causa”, pois não tem nenhuma, aparentemente.

Tudo indica que sua linha de defesa é transformar-se da noite para o dia em um whistleblower, um denunciante de irregularidades que alerta a sociedade com a divulgação de documentos sigilosos.

Como Edward Snowden, que revelou documentos sobre o sistema de vigilância global dos Estados Unidos, que incluiu a então presidente Dilma Rousseff. Ou Chelsea Manning, que divulgou, através do Wikileaks, documentos sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão. Assim como diversos outros casos.

O caso Watergate é um dos mais famosos. O informante dos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post, era conhecido como Deep Throat. Uma fonte realmente anônima para o grande público, que orientava as investigações jornalísticas, mas não dava documentos. Só pistas quentes.

A revelação da sua identidade só veio quase 30 anos depois dos fatos, que levaram à renúncia de Nixon em 1974. E por decisão do próprio informante, Mark Felt, na época dos acontecimentos vice-diretor da CIA. Só depois que o Deep Throat se revelou é que Woodward e Bernstein revelaram mais detalhes dos acontecimentos.

O chamado Caso Watergate ficou célebre como jornalismo investigativo, e virou livro e filme, dirigido por J Pakula, com Robert Redford e Dustin Hoffman nos papéis dos repórteres. Foi no filme que surgiu a frase que se tornou famosa: “Sigam o dinheiro”, nunca dita por Felt, mas criada pelo diretor.

Passou a ser o símbolo das investigações de crimes, especialmente os de corrupção política. Chegamos agora a esse ponto de seguir o dinheiro. Ao revelar que Manuela Dávila, a ex-candidata a vice do petista Fernando Haddad na eleição de 2018, foi a intermediária entre ele e o editor do The Intercept Brasil Glenn Greenwald, o hacker Walter Delgatti colocou-a na chamada sinuca de bico.

Ter intermediado a entrega do produto de um crime para um jornalista pode implicar cumplicidade, na visão de alguns. Há, porém, quem considere que a ex-deputada apenas agiu como uma pessoa que informa a um jornalista sobre um fato de que teve conhecimento.

O problema muda de figura no caso de ter havido um pagamento nessa cadeia de informantes. Não parece provável que um estelionatário seja movido apenas por “fazer justiça, trazendo a verdade para o povo”, conforme depoimento de Glenn Greenwald sobre seus contatos com o hacker, que ele continua sem confirmar ser o preso na operação Spoofing.

Se o grupo atuou sob encomenda de alguém, quem contratou é cúmplice, co-autor do crime. Se o Intercept Brasil não participou do pagamento, ou, sabendo dele, mesmo assim publicou o material, também não pode ser considerado cúmplice. Apenas terá a sanção moral pelo ato.

Se Manuela Dávila participou da negociação para a compra do material, poderá ser acusada de cumplicidade. E se um partido político foi o negociador da compra, será possível enquadra-lo criminalmente, mas duvidoso o resultado.

Um caso assim aconteceu durante a campanha presidencial de 2006, quando um grupo de petistas foi flagrado comprando, em dólar, um dossiê que supostamente implicaria o candidato tucano José Serra em falcatruas no ministério da Saúde.

Serra acabou vencendo a eleição para governador, derrotando Aluizio Mercadante, e Lula, com o peso do mensalão recentemente descoberto, acabou indo para o segundo turno contra Alckmin, a quem derrotou com facilidade. Nenhum petista graúdo foi punido.

No caso presente, se Walter Delgatti insistir nessa versão fantasiosa, a Polícia Federal poderá usar seu Telegram para confronta-lo com as conversas que teve com Manuela Dávila e Glen Greenwald.

Grand Round abordará enxaqueca na próxima terça-feira

Evento mensal do Hospital Moinhos de Vento discutirá as cefaleias primárias, com ênfase na enxaqueca, uma das principais causas de incapacidade segundo a OMS
       
      As dores de cabeça primárias – como a popular enxaqueca – serão o foco da próxima edição do Grand Round. O evento ocorrerá na próxima terça-feira (30), às 12h15, no Anfiteatro Schwester Hilda Sturm do Hospital Moinhos de Vento. Realizado mensalmente pela instituição, o debate aborda temas de alta complexidade. A apresentação será da Sheila Martins, chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia.
      Nesta edição, o neurologista Fernando Kowacs, do Núcleo de Cefaleia do Serviço de Neurologia do Hospital Moinhos de Vento, palestrará sobre enxaqueca. A enfermidade neurológica de causa genética atinge 15% dos brasileiros adultos, sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das principais causas de incapacidade e prejuízo à produtividade.
      Para o especialista, a enxaqueca precisa ser tratada como doença. “Ela é caracterizada por crises de dor de cabeça, que têm gatilhos como estresse, relaxamento após uma situação de estresse, alterações do sono, longos períodos de jejum, álcool e uso excessivo de medicamentos para a própria cefaleia”, explica Kowacs. “Acompanhar e tratar a doença passa por tratamentos preventivos farmacológicos e não farmacológicos, incluindo novas terapias e rotinas mais saudáveis e regulares”, complementa. 
      De acordo com o neurologista, no evento também será apresentado o Registro Brasileiro de Cefaleia. Trata-se de um acompanhamento dos pacientes de todo o país que tem como grupo central a equipe do Moinhos de Vento.
            Durante a programação, o neurologista Abouch Valenty Krimchantowski, da Clínica da Dor de Cabeça, do Rio de Janeiro, apresentará a palestra “O tratamento da enxaqueca em 2019: do acaso aos tratamentos baseados na fisiopatologia”. As evidências e os recentes avanços – tanto na prevenção como no tratamento agudo das crises de enxaqueca – estão entre os assuntos que serão abordados.
       
      Inscrições
      O Grand Round é aberto ao corpo clínico e colaboradores do Hospital Moinhos de Vento, bem como a alunos da pós-graduação da instituição e público em geral. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site https://iepmoinhos.eventize.com.br/eventos.
      O evento terá duração de aproximadamente uma hora. Outras informações podem ser obtidas no setor de Eventos Científicos, através do telefone (51) 3537-8735 ou do e-mail eventoscientificos@hmv.org.br.

Artigo, Eliane Cantanhêde, Estadão - República de hackeados


Vale tudo: com Brasília em polvorosa, vem aí uma guerra de acusações e versões

É uma grosseria ultrapassada tentar ainda hoje atingir o Brasil com o carimbo de “Republiqueta de Bananas”, mas parece bem atual considerar o País uma “República de Hackeados”. Nem o presidente da República foi respeitado, imagine-se o resto. E, assim, Brasília está em verdadeira polvorosa.

A referência mais direta a algo parecido foi quando se descobriu que a NSA, uma agência norte-americana, tinha a audácia de grampear a então presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e os telefones da principal empresa nacional, a Petrobrás.

Naquela época, a motivação parecia econômica, comercial, diplomática. Hoje, os “grampos” evoluíram para “hackeamentos” e a invasão de celulares até do presidente Jair Bolsonaro tem um outro viés. A motivação pode ser pura ganância, mas o uso não tem nada a ver com negócios. Logo, pode ter sido político. Ou não.

É como a gente diz, a cada surpresa, a cada espanto: a realidade supera a ficção. Estamos vivendo numa sessão ininterrupta de cinema, intercalando filmes policiais, dramas e comédias pastelão, enquanto milhões de desempregados estão na rua da amargura e há uma guerrinha ideológica insana, quase infantil, entre uma esquerda acuada, deslocada da realidade, e uma direita simplória, mas ousada, cheia de si.

Quando hackers têm a audácia de violar os celulares e as conversas do presidente da República, dos presidentes da Câmara e do Senado, da procuradora-geral da República, de ministros do Supremo e do STJ, dos ministros da Justiça e da Fazenda, da líder do governo no Congresso... A gente começa a pensar que tudo é possível. No início das investigações, a PF tinha certeza de que o alvo era a força-tarefa da Lava Jato. Como se vê, vai muito além.

A biografia dos quatro criminosos presos não é animadora. Não se trata de gênios da informática que atuam no ambiente internacional, nem de uma quadrilha sofisticada a serviço de governos ou grandes corporações. Ao contrário, os chefes de Poderes, as instituições, talvez as posições estratégicas e até questões sigilosas de Estado, podem, em tese, ter ficado à mercê de uma gangue cibernética de fundo de quintal. Vulnerabilidade inadmissível.

Walter Delgatti, o “Vermelho”, que parece ser o chefe e mentor das operações criminosas, é um bandidinho com ficha policial manjada: roubo, estelionato, falsidade de documentos. Os demais movimentam volumes de dinheiro incompatíveis com suas rendas oficiais. Todos são uns simplórios, mas capazes de atacar o centro do poder federal e deixar muitas dúvidas.

Que uso Delgatti e seus comparsas poderiam fazer desse material, que era colhido e em seguida publicado em parte? Nem econômico, nem comercial, nem diplomático. O único objetivo, portanto, era vender o material todo a quem interessar pudesse. Quem?

É exatamente nesse ponto que se misturam e se confundem perigosamente as versões, inclusive tentando aproveitar a confusão e o medo para adicionar o ingrediente político-partidário e jogar o PT no meio da fogueira. Cuidado com isso! É cedo para conclusões.

É fato que os quatro presos são peixes muito miúdos para serem os únicos ou mesmo os maiores responsáveis por um ataque com esse grau de gravidade, atingindo os três Poderes. Mas, por enquanto, não dá para concluir se agiram por conta própria para depois vender ou repassar para interessados, ou se, muito diferentemente, receberam uma encomenda de grupos dispostos a botar fogo no circo, implodir as instituições, gerar uma crise.

Meus caros e caras, Brasília está de pernas para o ar e, até a conclusão das investigações, preparem-se para um festival de versões e acusações mútuas. Estamos em plena República dos hackeados. Vale tudo.

Nota do governo


"Em relação ao pedido do Sindicato dos Servidores do Poder Executivo (Sintergs), protocolado no Tribunal de Justiça (TJ-RS), o Governo do Estado informa que:

- ainda não recebeu intimação sobre o fato;
- assim que for intimado, irá analisar a documentação e se manifestará;
- o atraso no pagamento dos salários ocorre há quase quatro anos e é uma situação alheia à vontade do Governador Eduardo Leite e decorrente da crise fiscal atravessada pelo Estado;
- há precedentes no próprio TJ-RS e no STF de que esse tipo de pedido não é cabível em tais situações;
- não há um crime de responsabilidade nesse caso;
- várias medidas estruturais já foram tomadas pelo atual governo desde janeiro e outras estão em andamento para que o Estado possa, até o final do ano, colocar o pagamento dos servidores em dia." 

PT diz que governo quer comprometê-lo com hackers criminosos

O PT divulgou uma nota na noite dessa 4ª afirmando que o inquérito se tornou uma “armação” contra o partido. “O ministro Sergio Moro, responsável pela farsa judicial contra o ex-presidente Lula, comanda agora um inquérito da Polícia Federal com o claro objetivo de produzir mais uma armação contra o PT”, afirma o partido.

Eis a íntegra da nota:

“O ministro Sergio Moro, responsável pela farsa judicial contra o ex-presidente Lula, comanda agora um inquérito da Polícia Federal com o claro objetivo de produzir mais uma armação contra o PT.

As investigações da PF sobre as pessoas presas em São Paulo confirmam a autenticidade das conversas ilegais e escandalosas que Moro tentou desqualificar nas últimas semanas.

Acuado, o ex-juiz repete seus conhecidos métodos: prisões espetaculares e vazamentos direcionados contra seus adversários. É criminosa a tentativa de envolver o PT num caso em que é Moro que tem de se explicar e em que o maior implicado é filiado ao DEM.

O PT sempre foi alvo desse tipo de farsa, como ocorreu na véspera da eleição presidencial de 1989, quando a polícia vestiu camisetas do partido nos sequestradores do empresário Abílio Diniz antes de apresentá-los à imprensa.

O PT tomará as medidas judiciais cabíveis contra os agentes e os responsáveis por mais esta farsa. Quem deve explicações ao país e à Justiça é Sergio Moro, não quem denuncia seus crimes.

Brasília, 24 de julho de 2019

Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT
Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara dos Deputados
Humberto Costa, líder do PT no Senado Federal”

Horário ampliado de visitas na UTI não afeta segurança de pacientes críticos e beneficia familiares, diz estudo


     Resultados do projeto UTI Visitas foram publicados no Jornal da Associação de Medicina Americana (JAMA), um dos periódicos científicos mais importantes do mundo
      Por muito tempo, a restrição do contato entre o paciente grave e seu mundo afetivo foi considerado um preço a ser pago por uma assistência hospitalar mais organizada e com menores riscos de piora no estado de saúde. Contudo, o projeto UTI Visitas – conduzido pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre/RS – demonstrou justamente o contrário. Em parceria com o Ministério da Saúde, dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS), o estudo identificou que a maior permanência dos familiares ao lado dos pacientes é, além de segura, uma importante ferramenta que auxilia no tratamento.
      As conclusões obtidas pelo estudo UTI Visitas – Efeitos da Visita Familiar Flexibilizada em Unidades de Terapia Intensiva Adulto foram tão significativos que alcançaram reconhecimento internacional.  Um dos periódicos científicos mais tradicionais e relevantes do mundo, o Jornal da Associação Americana de Medicina (JAMA) publicou os resultados do projeto. 
      “Agora podemos afirmar com todo o rigor científico algo que o instinto de proximidade e fortalecimento dos laços afetivos em momentos difíceis já nos dizia. A visita familiar na UTI é segura e boa para pacientes e familiares”, comemora o médico intensivista Regis Goulart Rosa, líder e responsável técnico do UTI Visitas. Para ele, o projeto contribuirá para o debate baseado em evidência a respeito das políticas de visitação, podendo influenciar a prática assistencial em UTIs ao redor do mundo.
      Efeitos da visita ampliada
      A partir de 36 UTIs adulto de hospitais públicos e filantrópicos brasileiros, o estudo avaliou a eficácia e a segurança de um modelo de visita familiar flexibilizada para até 12 horas por dia. A iniciativa foi comparada com o modelo usual restritivo de visitação adotado anteriormente nas mesmas unidades, onde a média de tempo permitido era de uma hora e meia.
      A primeira constatação positiva foi a alta adesão das UTIs aos processos mínimos do modelo de visita ampliada. O acréscimo do tempo de permanência dos familiares para uma média de cinco horas diárias demonstrou que é possível a adoção da prática em todo o sistema de saúde.
      Com a maior presença de familiares junto aos pacientes, o risco de eventos indesejáveis não aumentou.  “Não houve diferença entre a visita flexibilizada e a visita restritiva quanto à ocorrência de infecções nos pacientes, desorganização dos cuidados assistenciais, conflitos entre visitantes e profissionais de saúde ou ocorrência de burnout (uma forma de estresse ocupacional) entre os profissionais de UTI”, afirma o líder do projeto. A pesquisa também desmistificou a percepção de desorganização dos cuidados, argumento tradicionalmente utilizado para restringir as visitas.
      Estatísticas coletadas em diversas instituições demonstram que familiares de pacientes críticos apresentam níveis elevados de estresse, ansiedade e depressão. E que cerca de 30% dos casos acabam desenvolvendo os transtornos após a alta hospitalar. Graças ao modelo de visita flexibilizada, a ocorrência dos sintomas foi reduzida pela metade, gerando maior satisfação da família em relação aos cuidados e ao suporte emocional prestado pela equipe médica.
      “O estudo UTI Visitas concluiu que passar mais tempo com o paciente internado é um remédio potente, barato e sem efeitos adversos capaz de proteger a saúde mental dos familiares”, destaca Rosa.
      Hospitais participantes
      No total, foram avaliados 1685 pacientes, 1060 familiares e 737 profissionais de 36 UTIs representativas das cinco regiões do Brasil. Integraram o estudo os seguintes hospitais:

• Hospital de Urgências de Goiânia (GO)
• Hospital Geral de Nova Iguaçu (RJ)
• Hospital Santa Cruz (RS)
• Hospital Montenegro (RS)
• Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS)
• Hospital Ana Nery (RS)
• Hospital Tacchini (RS)
• Hospitais do Complexo Hospitalar da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (RS):  Pavilhão Pereira Filho, Santa Rita, Dom Vicente Scherer (RS)
• Hospital Mãe de Deus (RS)
• Fundação de Saúde Pública São Camilo de Esteio (RS)
• Hospital Nossa Senhora da Conceição (RS)
• Hospital da Cidade de Passo Fundo (RS)
• Hospital Universitário do Oeste do Paraná (PR)
• Hospital do Câncer de Cascavel UOPECCAN (PR)
• Hospital Dona Helena (SC)
• Hospital das Clínicas da UFMG (MG)
• Santa Casa de Misericórdia de São João Del Rei (MG)
• Hospital Regional do Baixo Amazonas (PA)
• Hospital Geral Cleriston Andrade (BA)
• Instituto Nobre de Cardiologia Incardio (BA)
• Hospital Universitário Alcides Carneiro UFCG (PB)
• Hospital Alberto Urquiza Wanderley (PB)
• Hospital Universitário Lauro Wanderlei UFPB (PB)
• Hospital Universitário da UFPI (PI)
• Hospital Agamenon Magalhães (PE)
• Hospital Universitário de Petrolina – Universidade Federal do Vale do São Francisco (PE)
• Hospital Geral de Clínicas de Rio Branco (AC)
• Hospital do Coração HCor (SP)
• Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto FAEPA (SP)
• Hospital Regional Dr. Deoclecio Marques de Lucena (RN)
• Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (RN)
• Fundação Hospital Adriano Jorge (AM)
• Hospital Geral do Estado Dr. Oswaldo Brandão Vilela (AL)

Artigo, Merval Pereira, O Globo - Sócio oculto


Com a confissão e provável delação premiada de Walter Delgatti Neto, líder dos presos na Operação Spoofing, resta saber quem está por trás do hackeamento de mais de mil autoridades dos três poderes, pessoas ligadas a elas, e jornalistas. O sócio oculto da ação criminosa.

Se alguém pagou aos hackers pelo serviço, é preciso localizá-lo e saber qual sua intenção. Se essa pessoa repassou as informações sobre a Lava-Jato para o site Intercept Brasil, os editores não têm nada a ver com os crimes cometidos, e cumpriram sua função jornalística protegida pela Constituição.

Mesmo que alguns juristas entendam que, como esse tipo de informação só pode ser conseguido com autorização judicial, o órgão de imprensa deveria desconfiar que a origem era ilegal.

Se tiverem pago pelas informações, há uma questão ética e outra jurídica. A ética, não parece estar ligada a nenhum crime. Mesmo assim, há uma dúvida sobre o momento do pagamento: antes do hackeamento, ou depois de o material obtido?

Se antes, podem ser considerados cúmplices. Também o período em que pagaram é importante na definição. Se pagaram por um pacote de informações depois de o crime ter sido praticado pelos hackers, e não receberam nenhuma informação adicional, não há como acusá-los.

Como o crime continuou a ser praticado até a véspera da prisão, com o celular do ministro Paulo Guedes sendo invadido, se o Intercept pagou por novas informações nesse período, pode ser considerado cúmplice.

A única mulher presa, Suelen de Oliveira, transaciona com bitcoins, e a Polícia Federal suspeita que parte do pagamento possa ter sido feita em moedas virtuais.

O editor do Intercept Brasil Glenn Greenwald comparou-se ontem a Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, atualmente preso em Londres, depois de viver sete anos exilado na embaixada do Equador na capital inglesa.

Assange é o fundador do site Wikileaks, que publicou documentos sigilosos sobre a atuação dos Estados Unidos nas guerras o Iraque e Afeganistão. Vazados pelo soldado Bradley Manning, que hoje se chama Chelsea depois de uma operação de troca de sexo, os documentos foram publicados em vários grandes jornais do mundo.

Chelsea foi condenada por divulgar documentos de Estado sigilosos, mas teve a pena comutada em 2017 pelo presidente Obama.

Outro caso famoso é o de Edward Snowden, analista de sistemas que trabalhou na CIA e na NSA, e divulgou no Guardian, de Londres, e no Washington Post, dos Estados Unidos, documentos detalhando programas do sistema de vigilância global de comunicações do governo americano.

Foi acusado de roubo de propriedade do governo, comunicação não autorizada de informações de defesa nacional e comunicação intencional de informações classificadas como de inteligência para pessoa não autorizada.

Houve também os Pentagon Papers, documento sigiloso sobre a atuação militar dos Estados Unidos na guerra do Vietnã tornado público por Daniel Ellsberg, fucionário do Pentágono, primeiro pelo New York Times e em seguida pelo Washington Post.

O então presidente Richard Nixon tentou impedir a publicação dos segredos de Estado, mas a Suprema Corte considerou legítima a atuação dos jornais. Mais recentemente, durante as primárias do Partido Democrata em 2016, o Wikileaks divulgou emails da candidata Hillary Clinton.

Os democratas e técnicos em informática denunciaram que órgãos de inteligência da Rússia hackearam os emails e os entregaram ao WikiLeaks, o que é negado por Julian Assange.

Como se vê, em nenhum dos casos mais famosos os jornais foram punidos, e quando o governo tentou barrar a divulgação, prevaleceu a liberdade de imprensa e de informação. Mas todos os casos, com exceção do de Hillary Clinton, foram protagonizados por indivíduos que acessaram documentos oficiais para denunciar o que consideravam práticas indefensáveis dos governos.

São os “wistleblowers” (literalmente “sopradores de apito”, os que alertam a sociedade). Os presos em São Paulo e seus antecedentes de estelionato e fraudes cibernéticas não parecem ser “whistleblowers”. Não foram documentos oficiais divulgados, mas conversas privadas através de invasão de privacidade de cerca de mil autoridades e jornalistas.

Distribuição de 2 mil novos PMs garante efetivo mínimo em municípios.

O critério número 1 para lotação dos ingressantes da BM é a garantia de que nenhuma cidade terá menos do que cinco PMs;
A distribuição dos cerca de 2 mil novos policiais militares que irão reforçar a Brigada Militar (BM) no segundo semestre deste ano, vai garantir um efetivo mínimo padrão nos 497 municípios do Estado, além do policiamento 24 horas em todas as estradas estaduais cobertas pelo Comando Rodoviário.
Nesta sexta-feira, amanhã, às 9h, será realizada a solenidade de formatura de 514 dos alunos-soldados, no ginásio Gigantinho, em Porto Alegre, com presença do governador Eduardo Leite e do vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior. As demais formaturas irão ocorrer em outras 22 cidades do Estado até o dia 10 de agosto. A estratégia de distribuição coloca em prática as premissas de inteligência e investimento qualificado do programa RS Seguro, com adoção de critérios objetivos que priorizam os municípios menos guarnecidos, além das unidades e serviços com maior impacto regionalizado, para otimizar o aproveitamento do reforço.
Com esse norte, o critério número 1 para lotação dos ingressantes da BM foi a garantia de que nenhuma cidade do RS terá menos do que cinco PMs. Atualmente, o Estado tem 18 municípios com apenas dois policiais militares, 67 com efetivo de três brigadianos e 68 com quatro servidores. Dessa forma, a distribuição irá contemplar 153 municípios com 256 novos PMs, aumentando o policiamento nas cidades menores.
A estratégia de distribuição permitiu ainda empregar parte do reforço em unidades que podem atuar em todo o Estado. Dessa forma, foram criados dois novos Batalhões de Choque com 110 PMs cada, um em Caxias do Sul e outro em Pelotas, que se somam aos já existentes em Porto Alegre, Santa Maria e Passo Fundo, que também terão incremento. O decreto que cria os batalhões foi assinado pelo governador Eduardo Leite no dia 15 de julho, durante evento de 120 dias do RS Seguro.
Os 38 Pelotões de Operações Especiais: 250 novos PMs no POEs - Foto: Reprodução
Outro critério orientado para a qualificação do pronto atendimento regionalizado é o incremento de efetivo nos 38 Pelotões de Operações Especiais (POEs), que receberão, ao todo, 250 novos policiais militares. Como os POEs estão espalhados por todo o Estado, a medida terá repercussão para todas as regiões do Rio Grande do Sul.
Além disso, o planejamento de lotação vai garantir o complemento das guarnições do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), de forma que cada um dos 40 postos presentes em todas as regiões do Estado conte com efetivo de, no mínimo, 13 policiais. Essa medida, com o emprego de 110 novos soldados, permitirá manter o policiamento 24 horas em todas as rodovias estaduais cobertas por unidades do CRBM.
Na sequência, seguindo a estratégia do RS Seguro em priorizar os territórios que concentram o maior número de delitos, 58% (1.127) do efetivo total a ser distribuído irá reforçar os batalhões dos 18 municípios elencados pela pesquisa criminal do programa. Essas cidades, além de reunirem 45% da população do RS, responderam por 89% dos roubos de veículos, 88% dos roubos a pedestres e 71% das mortes violentas no Estado nos últimos 10 anos. Dentro desse total que irá para os 18 municípios, estão inclusos os 220 dos dois novos Batalhões de Polícia de Choque e cerca de 100 para os POEs.
Para finalizar, 67 brigadianos irão permanecer em 11 municípios que foram sedes do curso de formação e outros 237 PMs serão distribuídos por 63 cidades do RS, com o objetivo de minimizar a defasagem de efetivo.