Artigo, Heloísa Trajano, Magazine Marisa - Muitas empresas vão desaparecer para sempre

A empresária Luiza Helena Trajano disse que, dependendo do tempo da quarentena, muitas empresas, especialmente as micro, pequenas e médias, vão desaparecer.

A manifestação foi publicada nas redes sociais, ontem a noite, e reproduazida hoje pelo jornal Valor. Vai na íntegra:

“Após superarmos a fase de isolamento, que é necessária, sem dúvida, o que me preocupa muito é o quadro que iremos enfrentar na economia. Dependendo do tempo de quarentena, muitas empresas, especialmente as micro, pequenas e médias, irão desaparecer, e muitas das grandes terão que demitir equipes, agravando ainda mais o enorme quadro de desemprego que tínhamos pré-crise. Estudiosos estão falando em dezenas de milhões”, escreveu em texto publicado nas redes sociais na noite de ontem.

“Estávamos em um momento de expectativa de recuperação gradual da economia, mas um impacto deste tamanho irá trazer consequências graves que deverão levar muitos anos para serem recuperadas, e com grandes consequências sociais para o Brasil”, escreveu.

A empresária, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, já havia publicado um vídeo dias atrás em rede social em que pede que empresas evitem demitir funcionários.

Agora, no texto recém-publicado, ela diz que é “hora da verdadeira união de forças contra um inimigo comum que está assolando o mundo e do próximo que virá, o risco da miséria. Não é hora de vaidades ou discussões sobre competências, a população já estava cansada disso, e agora não admitirá divisões com objetivos eleitoreiros ou de aumento de poder”.

“É necessário focar todos os esforços na saúde pública e na recuperação da economia. Quem não participar ativamente, com todos os esforços possíveis da solução destes problemas, pagará um preço histórico”.

Na avaliação dela, as medidas econômicas “não podem esperar”.

“É necessário caminhar rapidamente com planos que possibilitem a tranquilidade já durante a quarentena, em todos os níveis: Executivo, Legislativo e Judiciário, da União, Estados e municípios, para que haja condições para que os cidadãos não sejam assombrados com o fantasma do desemprego e da insegurança financeira para sustentar suas famílias”.

Ela reforça que o IDV, instituto do varejo, do qual faz parte, tem propostas para discutir com a sociedade soluções para o período.

Ela defende o avanço das reformas já em discussão, além da injeção de “muito dinheiro na economia”, como já estão anunciando os EUA, e incentivos para empresas evitarem demissões, além de programas de incentivos para a população.

“Temos um longo trabalho pela frente, e nunca na história precisamos tanto dos governantes, que devem pensar e agir em conjunto com o único objetivo de vencermos a crise da saúde e a grave crise econômica que se anuncia.”

Artigo, Mariana Possari e Manoel Fernandes, Bites - O que importa hoje: a questão da popularidade de Bolsonaro

*Bolsonaro não está perdendo força na Internet. É a oposição que está crescendo.*

No momento da pandemia do Covid19, duas correntes de opinião tentar interpretar qual o impacto da crise na popularidade do presidente Jair Bolsonaro.

*A primeira é baseada numa aposta combinada com torcida de time de futebol.* Essa análise indica que Bolsonaro está perdendo a capacidade de propagar nas redes sociais suas mensagens junto à opinião pública digital com a ajuda de seus seguidores. É a teoria do derretimento sem sustentação quando confrontada pelos fatos.

*A segunda perspectiva, baseada em dados históricos do Sistema Analítico BITES*, aponta a análise para outra direção e mostra que os olhares deveriam se voltar para o crescimento de uma onda oposicionista sem liderança no universo digital, especialmente no Twitter. 

Alguns indicadores atuais sobre Bolsonaro reforçam a sustentam o segundo diagnóstico:

1.  *Bolsonaro continua ganhando seguidores nas redes sociais, mesmo nos últimos dias quando a crise do Coronavírus se intensificou ele adicionou 327 mil seguidores* aos seus perfis no Facebook, Instagram, Twitter e Youtube. Ninguém até agora está deixando de segui-lo, fenômeno já identificado por BITES em outras esferas dos Poderes Legislativo e Executivo.

2.  *As interações nos posts publicados pelo presidente no Twitter, Facebook e Instagram continuam no mesmo patamar do início do governo.* De 01 de janeiro do ano passado até às 18h de hoje, a média era de 123.965. Nos últimos 30 dias, essa taxa ficou em 103.223 e nos últimos sete dias subiu para 112.799. Ontem, domingo, ficou em 116.477 interações.

3.  Esses números têm um significado. *Mesmo entrincheirado, Bolsonaro continua cercado e protegido por seus admiradores mais fiéis nas redes sociais.* Nesse momento, o grupo continua publicando no Twitter quatro vezes mais posts que os detratores do presidente.

4. *Ainda no Twitter, na última semana, 992.631 usuários do serviço no Brasil utilizaram hashtags negativas para criticar o presidente contra 803.522 que o defenderam.* Apenas hoje, após o episódio da MP 927, foram 130 mil contra o presidente e 19 mil a favor.

*O que o atual momento mostra não é uma queda substantiva de Bolsonaro, mas a ascensão da oposição no universo digital, especialmente no Twitter.* Esse grupo estava adormecido desde a eleição e extrapola as fronteiras da disputa ideológica da esquerda versus direita. 

Enquanto os bolsonaristas já sabem quem defender, *a oposição nas redes sociais tenta descobrir novos líderes para guiá-la.* Esse movimento difere de outros momentos da era Bolsonaro porque os críticos encontraram um ponto de convergência: a reação de Bolsonaro à pandemia do Coronavírus.

É algo novo no cenário e pode ser circunstancial. Esse fluxo bem trabalhado pode render frutos eleitorais porque procura um ponto de concentração da sua insatisfação e ainda não sabe quanto tempo será necessário para diluir a estruturada base bolsonarista.

Entre os personagens mais relevantes da política nacional, considerando os candidatos na eleição de 2018, é o deputado *Rodrigo Maia (DEM-RJ)* que está conseguindo o melhor resultado, por enquanto na amplificação de suas mensagens no universo digital.

*Nos últimos 30 dias, a taxa de interações por post de Maia cresceu 244%. No caso de Lula, o seu percentual ficou em 23,8% contra 12% de Ciro Gomes, 44,5% para o governador Wilson Witzel e 78% para João Doria.*

*BITES - DADOS PARA DECISÕES*

Artigo, Dagoberto Godoy, ex-presidente da Fiergs - Salvar vidas e preservar a economia

Há dias, ponderei a amigos que, após as medidas drásticas necessárias para conscientizar as pessoas do enorme perigo e atenuar a velocidade do contágio, já deveríamos ter um conhecimento mais objetivo do impacto na saúde pública e uma avaliação dos danos que a paralização da economia produtiva causará. Então, uma administração ponderada da crise deveria seguir e manter algumas linhas mestras: a) centralização federal das determinações oficiais, evitando os excessos e desacertos regionais; b) priorização do aparelhamento hospitalar para tratamento intensivo, tendo em vista um temível colapso do sistema de saúde; c) conscientização e apoio às famílias e aos serviços de assistência aos idosos, para que os mantenham em quarentena rigorosa; c) retomada progressiva das atividades gerais, sem nenhum afrouxamento das práticas preventivas.
Agora, leio que epidemiologistas dos Estados Unidos, como o Dr. David Katz, da Universidade de Yale, apontam na mesma direção (brasiljournal. com). Para esse especialista, são três os objetivos fundamentais: salvar tantas vidas quanto possível; garantir que o sistema de saúde não entre em colapso; e evitar a destruição da economia. Nessa linha, ele propõe “proteger e isolar os que correm maior risco de morrer ou sofrer danos de longo prazo — isto é, os idosos, pessoas com doenças crônicas e com baixa imunidade — e tratar o resto da sociedade basicamente da mesma forma que sempre lidamos com ameaças mais familiares, como a gripe.” Vejo que ele detalha ou complementa o que vem sendo apregoado por outro renomado especialista, o deputado médico Osmar Terra.
Entretanto, é indispensável que a comunidade corresponda, à altura, o formidável trabalho dos nossos irmãos profissionais da saúde, que arriscam suas próprias vidas para protegerem as nossas . Isso requer que, não só sejam cumpridas rigorosamente as diretrizes de prevenção, como se dê a eles (e elas) um apoio concreto. Há exemplos a seguir, como o de empresários de Porto Alegre e Bento Gonçalves, entre outros, que levantam recursos financeiros para melhor aparelhar hospitais.
Só juntos, venceremos o terrível vírus

As atividades públicas e privadas essenciais, segundo o novo decreto

1) Assistência à saúde, incluídos os serviços médicos e hospitalares;

2) Assistência social e atendimento à população em estado de vulnerabilidade;

3) Atividades de segurança pública e privada, incluídas a vigilância, a guarda e a custódia de presos;

4) Atividades de defesa civil;

5) Transporte de passageiros e de cargas, observadas as normas específicas;

6) Telecomunicações e internet;

7) Serviço de call center;

8) Captação, tratamento e distribuição de água;

9) Captação e tratamento de esgoto e de lixo;

10) Geração, transmissão e distribuição de energia elétrica e de gás;

11) Iluminação pública;

12) Produção, distribuição, comercialização e entrega, realizadas presencialmente ou por meio do comércio eletrônico, de produtos de saúde, higiene, alimentos e bebidas;

13) Serviços funerários;

14) Guarda, uso e controle de substâncias radioativas, de equipamentos e de materiais nucleares;

15) Vigilância e certificações sanitárias e fitossanitárias;

16) Prevenção, controle e erradicação de pragas dos vegetais e de doença dos animais;

17) Inspeção de alimentos, de produtos e de derivados de origem animal e vegetal;

18) Vigilância agropecuária;

19) Controle e fiscalização de tráfego;

20) Compensação bancária, redes de cartões de crédito e de débito, caixas bancários eletrônicos e outros serviços não presenciais de instituições financeiras;

21) Serviços postais;

22) Serviços de imprensa e as atividades a eles relacionados, por todos os meios de comunicação e de divulgação disponíveis, incluídos a radiodifusão de sons e de imagens, a internet, os jornais, as revistas, dentre outros;

23) Serviços relacionados à tecnologia da informação e de processamento de dados "data center" para suporte de outras atividades previstas neste decreto;

24) Fiscalização tributária e aduaneira

25) Transporte de numerário;

26) Fiscalização ambiental;

27) Produção, distribuição e comercialização de combustíveis e de derivados;

28) Monitoramento de construções e de barragens que possam acarretar risco à segurança;

29) Levantamento e análise de dados geológicos com vistas à garantia da segurança coletiva, notadamente por meio de alerta de riscos naturais, de cheias e de inundações;

30) Mercado de capitais e de seguros;

31) Serviços agropecuários e veterinários e de cuidados com animais em cativeiro;

32) Atividades médico-periciais;

33) Serviços de manutenção, de reparos ou de consertos de veículos, de pneumáticos, de elevadores e de outros equipamentos essenciais ao transporte, à segurança e à saúde, bem como à produção, à industrialização e ao transporte de alimentos e de produtos de higiene; e

34) Produção, distribuição e comercialização de equipamentos, de peças e de acessórios para refrigeração, bem como os serviços de manutenção de refrigeração.