A censura e o camaleão

Marcus Vinicius Gravina

Cidadão – Tit. Eleitoral 328036104/34


No caso da regulamentação das redes sociais a censura, pretendida por membros do STF, é dissimulada como o camaleão, quando interessa. Assim ela está sendo recriada no Brasil.

Não esqueci da censura pro tempore admitida no voto inusitado da ministra Cármen Lúcia, em decisão do TSE. 

A decisão de 18 de outubro/22 conduzida pelo corregedor eleitoral Benedito Barbosa – “missão dada, missão cumprida” – ensejou o empate resolvido, prontamente, pelo ministro presidente Alexandre Moraes, em sessão do dia 20 do mesmo mês. 

A censura ganhou forma de poder absoluto. Os cidadãos foram ameaçados por instrumentos poderosos em mãos de absolutistas. Os eleitores foram proibidos de debaterem publicamente ou em veículos sociais as aberrações cometidas por candidatos ou políticos administradores da coisa pública. Os resultados de julgamentos criminais  condenatórios de alguns candidatos não puderam ser comentados.

Criou-se um index prohibitorum, violador do direito de opinião, de palavras  ou expressões. Foram proibidos relatórios, fotos e vídeos de fatos comprovados de ilegalidades cometidas e  rádios e TVs foram interpelados com multas diárias insuportáveis.

Vejam o jeitinho brasileiro do voto da ministra: “Não se pode permitir a volta da censura sob qualquer argumento no Brasil. Este é um caso específico, e que estamos na eminência de ter o 2º turno das eleições.  A proposta da inibição é até o dia 31 de outubro, exatamente o dia subsequente ao do 2º Turno, para que não haja o comprometimento da lisura, da higidez, da segurança do processo eleitoral  e  dos direitos do eleitor” 

Venceu a excepcionalidade subjetiva, declarada válida, apesar do grave conflito aberto contra a CF que baniu a censura.  Criou-se uma censura  pro tempore,  até 31 de outubro, véspera do 2º turno. 

Pois, a refrega do dia na mídia, entre o ministro Alexandre Moraes com o Elon Musk poderá esclarecer detalhes da exceção da censura aberta e supostamente a favor de um candidato, em pleno jogo em andamento, pelo TSE presidido por este ministro. 

O “X” da questão poderá ser descortinado brevemente, sobre os abusos e ilegalidades cometidos no último pleito eleitoral a pretexto de manter a lisura.

Este tema continua latente a exigir esclarecimentos, sendo  que cumpre ao Senado buscá-los e divulgá-los aos brasileiros.

Antes de encerrar é oportuno lembrar, em matéria de regulamentação, que rádio difusão e TV  para a CF sujeitam-se à concessão, delegação de competência da União.  Cumpre ao Congresso Nacional apreciar o ato de renovação de contrato do Poder Executivo celebrado no final do seu prazo, como estabelece o art. 64, § 2º da CF,  na forma do Parecer CCJC, n.9, de 1990, aprovado pela Mesa da Câmara presidida pelo Dep. Inocêncio Oliveira. 

Caso explícito da TV Globo. Quem sabe informar se tal procedimento foi cumprido pelo Congresso e se já existe contrato de renovação ou prorrogação de direitos da concessão finalizada, com dispensa de nova licitação? 

Alguns meios de comunicação, em especial de TV, vêm sendo apontados por descumprimento ao direito fundamental da sociedade ou, do simples cidadão de ser informado e de ter acesso à informação com o compromisso da concessionária firmado na verdade no relato dos fatos. 

As empresas concessionárias de difusão enquadradas na CF e seus, não podem ser parciais ao informar ou omitir fatos de interesse público, por ser tal atividade uma obrigação social regrada pelo Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros.  

Se algumas TVs  encontram-se isentas ao dever de obedecer seus regulamentos e não serem passiveis de penalidades ou restrições, na nossa cara, a regulação das redes públicas e sociais, não devem servirem de bodes expiatórios. Está na boca do povo  que certas TVs estariam sendo controladas por polpudas verbas de publicidade do Poder Executivo, Legislativo e do Judiciário, e sem isto as de grupos sociais,  terão o tratamento dado pelos regimes ditatoriais.

O debate que haverá no Congresso deveria se dar concomitante com a reavaliação de todo o processo de concessão de Televisões e Rádios para coibir a parcialidade em favor de quem paga. Prática semelhante à compra de votos.

Senhores Deputados e Senadores, livrem o povo da escravidão. Não se vendam aos tiranos.

Caxias do Sul, 11.04.2023


Grêmio: um clube apenas regional?

Por Facundo Cerúleo

 

 

Os jovens que andam pelos 30 anos não têm memória do que ocorreu quando eles estavam nascendo ou recém andavam por este mundo. Não sabem que, um dia, a direção do Grêmio chamou o Gauchão de Ruralito. Isso numa época em que a praia do tricolor era a Libertadores, o Brasileirão, a Copa do Brasil: grandes competições. O Grêmio jogava pensando grande! Esses jovens dificilmente vão perceber a burrice que tornou o Grêmio um clube regional que parece contentar-se com o Gauchão. Mediocremente, o Ruralito é hoje o teto de um clube que tem cinco Copas do Brasil, dois Brasileirões, três Libertadores e um título mundial.

 

Não há como esquecer que, em 2023, o título nacional caiu no colo do Grêmio, que só não aproveitou por estupidez! Uma estupidez coletiva. Para começar, a direção se recusou a contratar um técnico profissional. Resultado? Em 2023, Portaluppi (um técnico amador) fez uma profusão de cagadas. Se consideramos que o Grêmio ficou só dois pontos atrás do campeão, é válido dizer que bastaria uma, apenas uma cagada a menos (em uma profusão!) para que o Grêmio fosse campeão brasileiro.

 

Em 2022, o médico Márcio Bolzoni (entrevistado por dois doutos rapazes, já falei isso aqui) tirou das sombras um assunto que a nossa virtuosa imprensa sempre silenciou: Portaluppi não faz treino técnico-tático. Basta colocar no Youtube "Márcio Bolzoni abre a caixa preta do Grêmio" e ouvirão a entrevista.

 

Repito o que já disse. Um treinador que não faz treino técnico-tático não é profissional; Portaluppi não faz treino técnico-tático; Portaluppi não é profissional ou, mais exatamente, não é um profissional à altura de um clube que não se contenta com apenas vencer o Ruralito.

 

E a mídia? No ano passado, várias vezes escrevi que Cristaldo jogava mal porque era mal escalado numa equipe mal treinada. Mas no Ruralito de 2024 ele veio a ter ótimos desempenhos. Aí, um bostinha (confundido e mal pago), de uma das rádios da capital, falou que "por mérito de Renato", agora Cristaldo "encaixou" no time gremista.

 

Não vou dar o nome da rádio nem o do honestinho que largou essa pérola (nem adivinhar com que interesse). Quem ouviu sabe quem é. Não discuto as intenções das pessoas. Às vezes, nem elas sabem bem quais são as suas intenções. Só analiso fatos. Aproveito que ainda há um certo grau de liberdade no país: por enquanto posso falar. E o faço com respeito. Apontar a estupidez coletiva não é ofensa pessoal.

 

A direção do Grêmio parece submetida a um mecanismo. Os picaretas da imprensa fazem a cabeça da parcela mais irracional da torcida por meio de um verdadeiro culto à personalidade do técnico; essa parcela idolatra Portaluppi; para agradar essa minoria imbecil da torcida e alimentando uma espécie de populismo, a direção permite que o vestiário, com atletas de alto desempenho, tenha uma condução improvisada. Ou seja, a direção acaba governada pelas "narrativas" da imprensa. O resultado é o Grêmio ir ficando cada vez mais um clube regional. Joga no lixo oportunidades imperdíveis (como o Brasileirão de 2023) e fecha portas quando deveria estar abrindo. A estupidez é ou não é coletiva?

 

E nada vai mudar. Estão todos embriagados com o título de campeão do Ruralito. É urgente a contratação de dois zagueiros e um armador para ao menos ser competitivo na Libertadores, mas o vice de futebol já disse que só na janela do meio do ano vai ver isso. Ou seja, só depois que a água bater na bunda. Aí ele vai, na pressão, comendo na mão do parvo autoconfiante que comanda tudo no clube, fazer as contratações.

 

Enquanto isso... Sabichões da imprensa apontam o título de campeão do Ruralito como feito heroico de Portaluppi (o Invicto). Não lhes passa pela cabeça fazer uma perguntinha bem jornalística: quantos atletas do Juventude (enfrentado na final) poderiam ser titulares do Grêmio?

 

Enquanto isso... Há clubes do país que estão profissionalizando a gestão. Estes são os candidatos aos grandes títulos do futuro. Sendo que o futuro começa nos próximos dias.

 

Enquanto isso... O Grêmio está em rota de ser cada vez mais periferia do futebol brasileiro.

 

Mas, que importa? Há um prazer que não requer esforço nem inteligência, o prazer de rir dos colorados e dizer: "eles não têm título!". Bravo!

 

Parabéns, Grêmio, heptacampeão do Ruralito!