Artigo, MerceloAiquel - Macacos me mordam

Artigo, MerceloAiquel - Macacos me mordam
           MACACOS ME MORDAM! Rosnava o personagem Popeye nos desenhos animados do século passado. A TV era do tipo preto e branco (sem emissão colorida), mas o “bordão” pegou e é utilizado até hoje sempre que alguém quer demonstrar surpresa – ou grande estranheza – com relação a algum fato curioso.
         MACACOS ME MORDAM! Digo eu – entre pasmo, indignado e incrédulo – após escutar as ridículas justificativas dos novos acusados das delações do conhecido gangster goiano Joesley Batista.
         Pois é. Quando, recentemente, o bandido bilionário delatou o presidente da república, um bando de mortadelas parou tudo para fazer um carnaval fora de época. Ensandecidos, festejaram feito doidos enlouquecidos o que seria o fim dos “golpistas”. Tudo com base numa gravação pra lá de questionável, como prova judicial.
         Pois ontem, sexta-feira, o mesmo gangster goiano mirou suas baterias na direção de Lula da Silva, Dilma Rousseff e do eterno e fiel “companheiro” Guido Mantega, contando que pagou mais de 300 milhões de reais às campanhas eleitorais da turma petista.
         E, MACACOS ME MORDAM, o mesmo bando de mortadelas reagiu furiosamente para desacreditar as declarações do bandido bilionário.
         Então tá combinado. Quando a “M” for atirada contra os outros, tudo bem. Mas, quando os nossos são o alvo, tudo não passará de mentira!  
         É simplesmente inacreditável tamanha desfaçatez.
         Ouso afirmar que uma pessoa que age assim, não tem um “pingo” de caráter.
         Não tem mesmo, sendo que jamais poderá ser adjetivado de mau caráter! Pela simples razão que, para ser mau caráter – ANTES – o sujeito precisa ter um mínimo de caráter.

         E, data vênia, esta gente não tem.

Lula, o Chefe

Lula, o Chefe

Enfim, uma acusação direta, pública e formal: o ex-presidente Lula é o chefe do Petrolão. Quem o afirma, com todas as letras, é o Ministério Público Federal, em documento ontem expedido, a propósito da 24ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Aletheia.

A Lava Jato já está na 34ª fase, mas, ao que parece, já tem a história completa há mais tempo. É o que revela a nota.

Lula, “além de líder partidário”, era, segundo o MPF, “o responsável final pela decisão de quem seriam os diretores da Petrobras e foi um dos principais beneficiários dos delitos”.

A nota entra em detalhes. Diz que Lula “recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento tríplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora”. E mais: “Também são apurados pagamentos ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras”.

Pode-se alegar que não há nada de novo na nota do MPF: quase tudo o que está lá já foi transmitido por Willian Bonner, no Jornal Nacional, há algum tempo. A novidade está na própria nota, que, com o timbre da instituição, em documento formal, que equivale a uma denúncia, confirma o que era veiculado como suspeita e justifica os piores temores que o ex-presidente vinha exibindo.

Mostra que ele teve razões de sobra para pedir socorro à ONU, assim como a ONU tem agora razões de sobra para não atendê-lo.

Os procuradores chamam Lula de mentiroso, com as seguintes palavras: “Embora o ex-presidente tenha alegado que o apartamento não é seu, por estar em nome da empreiteira (OAS), várias provas dizem o contrário”. E relaciona os testemunhos: zelador, síndico e porteiro do prédio, engenheiros, dirigentes e empregados da empresa que fez a reforma. E por aí vai.

O esquema que Lula comandava, segundo o MPF, decorre de um consórcio entre três partidos, PT, PMDB e PP, que indicavam os diretores da Petrobras, que administravam a propina. Notícia velha? Sim, mas com sabor de novidade, condensada em documento oficial.

Lula, como presidente, fez as nomeações e arbitrou os percentuais distribuídos, ficando a parte do leão para seu partido. O esquema continuou para além de seus dois mandatos, quando decidiu diversificar atividades, tornando-se lobista de empreiteiras, obtendo, via BNDES, financiamentos para obras faraônicas em países ideologicamente afins, enriquecendo a si e aos parceiros.

O documento tem duas laudas compactas. E o que resulta de sua leitura é uma indagação tão recorrente quanto as acusações que faz: por que Lula ainda não acertou as contas com a Justiça? E ainda: por que o STF demorou tanto a devolver o processo ao juiz Sérgio Moro? Ou por outra: por que insistiu em tirá-lo de Curitiba, já que a nomeação de Lula para ministro de Dilma não durou 24 horas? Com a palavra, o ministro Teori Zavaski.

Lula escapou do Mensalão, ainda que, também ali, estivesse no comando das ações. Dispunha, porém, de sólido patrimônio político, que não só o manteve impune como lhe permitiu reeleger-se e eleger e reeleger sua sucessora, Dilma Roussef.

Mas já ali sofreu o primeiro arranhão moral, que não mais cicatrizou. Ao contrário, a ferida inflamou-se e o contaminou por inteiro, incluindo aí Dilma e o PT, extensões de seu organismo político – e, como ele, condenados a sair da história pela porta dos fundos. Em agosto, pode se consumar o fim desta história patética, que encerra a chamada Era PT, com a prisão de Lula e o afastamento definitivo de Dilma Roussef.


O país vira a página e cuida de se reinventar por cima dos escombros que o petismo lhe legou.

Contas secretas de Lula e Dilma serão rastreadas pelo MPF

O Ministério Público Federal resolveu abrir uma investigação paras rastrear os 150 milhões de dólares que a JBS destinou aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, dinheiro que foi depositado em contas secretas de ambos, conforme delação de Joesley Batista (leia as duas notas a seguir).

Em seu depoimento, Joesley confirmou que pagava 6% de propina sobre o valor de todos os recursos do BNDES e dos fundos de pensão aportados em empresas do grupo J&F, dono da JBS, conta a revista Veja de hoje. Saiba mais:

Ao todo, o conglomerado recebeu mais de 9 bilhões de reais dos cofres públicos. O pixuleco, segundo o empresário, era distribuído da seguinte forma: o ex-ministro Guido Mantega reservava 4% para as contas de Lula e Dilma, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto ficava com 1% e os presidentes dos fundos de pensão abocanhavam 1%.


Joesley contou ao Ministério Público que se aproximou de Mantega por meio de um amigo em comum, o empresário Victor Sandri, em meados de 2005. Algumas das propinas pagas para Mantega foram entregues inicialmente ao empresário Sandri. Joesley começou a pegar seus empréstimos bilionários no BNDES quando Mantega assumiu a presidência da instituição. O procurador Ivan Cláudio Marx perguntou se havia contrapartidas nessas operações. Joesley foi bem claro: “Todos esses casos (empréstimos) teve”, disse o empresário. O dono da JBS, no entanto, só passaria a negociar a propina diretamente com Mantega em 2009, quando o economista comandava o Ministério da Fazenda. Joesley conta que perguntou como seriam feitos os pagamentos: “Vamos fazer assim: o dinheiro fica contigo”, pediu Mantega, conforme narrou o empresário. “Eu ficava lá como fiel depositário”, ironizou Joesley.