Artigo, Cláudia Woellner Pereira - O que há de comum entre Bob Dyan e Marcel van Hattem

 Cláudia Woellner Pereira, brasileira, natural do Paraná, da República Democrática de Curitiba

...how many times can a man turn his head

And pretend that he just doesn't see?

(“Quantas vezes um homem pode virar a cabeça

 e fingir que nada viu?”, tradução livre)

 

Reconhecimento paranaense à atuação política

do deputado gaúcho Marcel Van Hattem

 

Os versos em inglês fazem parte de uma das mais lindas composições de Bob Dylan e foram apropriadamente citados pelo deputado federal pelo Rio Grande do Sul Marcel Van Hattem em audiência pública da CPMI de 8 de janeiro, realizada neste 11 de julho de 2023.

 

Fizeram parte da exortação do deputado à frieza e insensibilidade de parlamentares às cenas exibidas em um vídeo que mostrava o dramático encontro de uma mãe com os seus filhos pequenos após ter sido mantida presa em virtude do fatídico 8 de janeiro.

 

A sociedade civil acompanha, deputado Van Hattem, ainda que com esperança minguada e quase em estado de inércia imposta por canetas, papéis, arbítrio desvairado e coercitivo, a sua corajosa e incansável atuação no cenário político. Até nos devolve certa fé na classe política brasileira. Sem querer cometer injustiça contra outros homens de boa vontade que lutam as suas mesmas lutas, deputado.

 

Agradecemos por não se acovardar, não se vender e por não virar a cabeça diante dos crimes absurdos que estão acontecendo em nosso país como se fossem em prol da democracia.

 

Um dos representantes eleitos pelo povo paranaense foi engenhosamente removido do tabuleiro. Que a sua posição, deputado Van Hattem, e as suas possibilidades de movimento sejam salvaguardadas pela justiça divina! A dos homens, parece-nos, será sempre imperfeita. Impotente em alguns casos. Defeituosa em outros.

 

E Bob Dylan? Segue sendo perfeito nos versos...

 

And how many years can some people exist

Before they're allowed to be free?

Busque a sua própria tradução, caro leitor. Interprete os fatos, as evidências. Não deixe que virem a sua cabeça como se nada estivesse acontecendo.

 



Artigo, Guilherme Baumhardt, Correio do Povo - Não há mais limites

Feche os olhos e imagine: um palco montado em um grande evento estudantil, nos Estados Unidos, reunindo parte daquela turma que ainda acredita que dinheiro dá em árvore e repete à exaustão que “um outro mundo é possível” – um mundo que só existe na cabeça deles, é claro. Em meio àquela apoteose alimentada com substâncias e sonhos pueris, um juiz da Suprema Corte norte-americana resolve agarrar o microfone e, com voz incisiva e ao mesmo tempo aveludada, decide falar, na primeira pessoa do plural, a seguinte frase: “We defeated the trumpism!” – ou, em bom português, “nós derrotamos o trumpismo! Seria obviamente um escândalo nacional e no dia seguinte ele renunciaria ao cargo.


Aqui algo muito, muito parecido aconteceu. O protagonista do episódio foi Luís Roberto Barroso (sim, aquele mesmo que disse “Perdeu, mané! Não amola!”, a brasileiros conservadores, em Nova York). Dias atrás ocorreu mais um congresso da UNE, aquele movimento que reúne boa parte dos estudantes profissionais brasileiros, uma moçada que gosta tanto, mas tanto da universidade que não quer sair de lá de jeito nenhum. Durante o evento, Barroso subiu ao palco, pegou o microfone e disse com todas as letras: “Nós derrotamos o bolsonarismo!”.


A lei brasileira (isso ainda existe?) é bastante clara. Configura crime de responsabilidade de ministros do STF exercer atividade político-partidária. A simples presença de Barroso em um evento da UNE (movimento claramente identificado com a esquerda e com lideranças de esquerda) já seria razão suficiente para debate. Mas ele foi além. Discursou.


Barroso foi tão longe que até o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sempre tão paciente e tão passivo, veio a público. O mineiro disse que se o ministro não se retratasse poderia sofrer consequências. O STF emitiu nota e disse que o integrante da Corte “referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição”. E eu fui procurar meu nariz de palhaço. Como a desculpa não colou, horas depois o próprio Barroso tratou de fazer uma emenda – pior do que o soneto: “Utilizei a expressão ‘derrotamos o bolsonarismo’, quando na verdade me referia ao extremismo golpista e violento do 8 de janeiro”. E aí fui até o espelho para ver se o nariz de palhaço estava devidamente ajustado ao rosto.


Sabem o que tira o ânimo? Mesmo que um improvável pedido de impeachment de Barroso seja levado adiante, o nome mais forte hoje a ocupar uma cadeira no STF é o de Flávio Dino. Durma-se com um barulho destes.

Artigo, J.R. Guzzo - Comício de Barroso contra bolsonarismo é confissão de conduta ilegal

O ministro Luís Roberto Barroso se acostumou a fazer ano após ano, em completa impunidade, pronunciamentos dizendo coisas que não tem nenhum direito legal de dizer. Ele não só é um juiz do Supremo Tribunal Federal, proibido pela Constituição de exercer qualquer atividade de ordem político-partidária – está escalado para ser o próximo presidente do STF, e nesse cargo ele tem a obrigação mínima de fingir, pelo menos, que age com algum tipo de imparcialidade.

No último acesso de militância que teve, diante de uma plateia da UNE, Barroso dobrou a meta. Disse que lutou para derrotar o “bolsonarismo”, uma corrente política com existência perfeitamente legal no Brasil – teve, aliás, quase 50% dos votos nas últimas eleições presidenciais. Aí já foi demais, mesmo no estado de coma em que vegeta a vida pública brasileira. Barroso conseguiu ser reprovado até mesmo por seus próprios colegas de STF (pelas costas, é claro) e, acreditem se quiserem, por ninguém menos que o presidente do Senado. Até ele? Sim, até ele.

E onde está escrito, em alguma lei em vigor neste país, que é proibido ter ideias de direita?

Está tudo errado nesta história. Barroso, como ministro do mais alto tribunal de Justiça do Brasil, tem a obrigação de fazer justiça, e não de fazer política – seu dever é julgar o que lhe foi demandado, e unicamente isso. Que raios ele estava fazendo, em primeiro lugar, num comício da UNE – uma óbvia organização política e, ainda por cima, extremista? O que falou ali foi pior do que a sua presença. Um ministro da Suprema Corte não pode dizer que trabalhou contra um candidato legítimo, segundo o próprio consórcio TSE-STJ, ao cargo de presidente da República. Como confiar num homem que diz isso? “As decisões de Barroso serão sempre tendenciosas”, afirmou o senador Hamilton Mourão. Como discordar dele? E como levar a sério o seu voto na decisão que proibiu os 140 milhões de eleitores brasileiros de votarem em Jair Bolsonaro nas próximas eleições?

O ministro, diante da reação à calamidade que cometeu, e cobrado a fazer uma retratação, disse que não quis “ofender os 58 milhões de eleitores do ex-presidente”. Também assegurou que aceita a existência de “uma visão de mundo conservadora e democrática” e tem “o maior respeito por todos os políticos democratas”. Que sorte a nossa, não? O difícil, de qualquer forma, é determinar qual o grau de sinceridade dessas desculpas.

Para resumir a ópera: Barroso disse durante a campanha eleitoral, num ato de militância política em Nova York, que Bolsonaro era “o inimigo”. Disse um caminhão de coisas do mesmo tipo. Tire, aí, suas próprias conclusões. Outra complicação é harmonizar, como dizem os garçons, a retratação de Barroso com a última bula ideológica expedida pelo ministro da Justiça do governo Lula. Segundo ele, a internet tem de ser censurada porque serve de plataforma às “ideias da direita”. É mesmo? E onde está escrito, em alguma lei em vigor neste país, que é proibido ter ideias de direita? Pelo que escreveu em sua nota de explicação, Barroso acha que o cidadão pode ser de direita no Brasil. O ministro da Justiça acha que não pode. Como é que fica, então – pode ou não pode?

Servidores federais terão folga para ver os jogos da seleção feminina de futebol. Quem paga a conta da folga, trabalhará.

 O governo lulopetista decidiu dar folga (ponto facultativo) para servidores públicos federais nos dias de jogos da Seleção Brasileira Feminina de futebol durante a Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia. O torneio ocorre entre os dias 20 de julho e 20 de agosto. A estreia da seleção brasileira feminina ocorre no próximo dia 24, contra o Panamá. A equipe está no Grupo F, que conta ainda com França e Jamaica.

Os trabalhadores da indústria, agro, serviços, comércio e indústria, terão que trabalhar para pagar a conta desses servidores que folgarão para se divertir.

De acordo com a portaria, em dias de jogos que começarem até 7h30, o expediente terá início às 11h. Nos dias de jogos iniciados às 8h, o expediente começará ao meio-dia.

Jogos da Seleção

A estreia do Brasil na Copa do Mundo Feminina acontecerá no dia 24 de julho, uma segunda-feira, às 8 horas (horário de Brasília), contra o Panamá. A partida correrá no Hindmarsh Stadium, em Adelaide. O segundo jogo será no sábado, dia 29 de julho, contra a França, às 7 horas, no Sidney Football Stadium, em Sidney. Na última rodada da primeira fase, o Brasil joga contra a Jamaica, no dia 2 de agosto, quarta-feira, às 7 horas, no Melbourne Rectangular Stadium, em Melbourne.

Prefeitura e governo gaúcho repassam R$ 6,6 milhões para aplacar crise financeira do Instituto de Cardiologia

Para viabilizar a quitação dos salários dos funcionários e compra de insumos pelo Instituto de Cardiologia, em Porto Alegre, a prefeitura pagou R$ 1,2 milhão por serviços realizados pela instituição. Já o Governo do Estado antecipou o pagamento de R$ 5,4 milhões em incentivos do programa Assistir. Em reunião nesta sexta-feira, 14, o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann e a direção da instituição discutiram um plano para viabilizar não só a continuidade do atendimento como a interrupção da greve dos profissionais de enfermagem do instituto. No encontro, a direção apresentou um plano de aplicação dos recursos, que prevê parte do valor para quitar dívidas trabalhistas e outra parte para a aquisição de insumos, garantindo o funcionamento do hospital.

A informação é da jornalista Carolina Zeni, da prefeitura de Porto Alegre. O texto é todo dela. Leia mais:

Conforme o secretário Ritter, cada um dos entes federados – município, Estado e União – precisa fazer a sua parte para solucionar o problema. Os municípios devem investir no mínimo 15% da Receita Corrente Líquida de Impostos e Transferências, e existem cinco blocos de financiamento: Atenção Primária, Média e Alta Complexidade, Vigilância em Saúde, Assistência e Gestão SUS.

Ainda em 2021, o Ministério da Saúde publicou uma portaria que altera a tabela de procedimentos, medicamentos, órteses, próteses e materiais especiais do SUS, o que reduziu em mais de 80% do valor de produtos cardiovasculares vitais, como marca-passos, stents e desfibriladores. Na Capital, a instituição que mais executa esses procedimentos é o Instituto de Cardiologia, e a redução contribuiu para prejudicar as finanças da instituição.