Hospital Moinhos de Vento sedia encontro para intercâmbio de experiências na prevenção de doenças cardiovasculares

Evento abordou a experiência da implementação da iniciativa Hearts na rede pública de saúde


Levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que 13,5 milhões de pessoas sofrem um AVC todos os anos no mundo. Para reverter esses números, o Hospital Moinhos de Vento lidera em Porto Alegre a implementação da iniciativa Hearts, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde. Trata-se de uma iniciativa global, aprovada no Brasil pelo Ministério da Saúde, que visa a otimização da assistência na atenção primária à saúde (postos de saúde) para diminuir o número de casos de doenças cardiovasculares, como o AVC e o Infarto Agudo do Miocárdio, detectando e tratando adequadamente os seus fatores de risco. 

O programa foi tema de encontro na instituição hospitalar na última sexta-feira (9), reunindo especialistas do Ministério da Saúde, de secretarias estaduais e municipais de Saúde de diversas regiões do Brasil, além da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Os debates abordaram temas como protocolos clínicos e terapêuticos adotados em Porto Alegre para o projeto no tratamento da hipertensão, diabete, colesterol elevado e fibrilação atrial (arritmia cardíaca) nas unidades básicas de saúde, com apresentação de fluxos dentro das unidades, com depoimentos das equipes. Durante a visita, também foi gravado um vídeo com profissionais e gestores da rede de atendimento de Porto Alegre, que servirá de referência para outros países. 

Segundo a chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento e presidente da Organização Mundial de AVC (WSO), Sheila Ouriques Martins, o tratamento da doença no Brasil melhorou muito nas últimas décadas, em especial nos últimos dez anos. “Temos trabalhado junto ao Ministério da Saúde na implantação de centros de AVC no país, a fim de implementar a linha de cuidado dentro dos hospitais na fase aguda do AVC. Hoje, temos 87 hospitais recebendo recursos do governo federal e outros 250 hospitais no país que atendem pacientes com AVC de acordo com os preceitos utilizados no mundo inteiro”, observou.

A especialista, que também é presidente da Rede Brasil AVC, lembrou também que, apesar do número de hospitais preparados para o atendimento, o AVC continua acontecendo e que a diminuição de casos deve passar não apenas pelo cuidado de urgência, mas também por uma estratégia de prevenção da doença. “Estudo de base populacional em quatro cidades brasileiras, em quatro regiões diferentes, avaliou a incidência e o tipo de AVC. Nos locais onde havia uma linha de cuidado completa, como em Joinville, a mortalidade foi de 17%. Em locais sem a linha de cuidado organizada, a mortalidade foi de 49%. O nosso papel é fazer a diferença na diminuição do número de casos, trabalhando na prevenção”, constatou.

Na capital gaúcha, a iniciativa Hearts está sendo implementada em parceria com a Prefeitura de Porto Alegre, que decidiu incluir todas as 133 unidades no programa. É a primeira cidade do Brasil a implantar o projeto e mais de 800 profissionais já foram capacitados pela equipe do Hospital Moinhos de Vento. Ao todo, 16 países e territórios das Américas aderiram ao programa e estão em fase inicial de implementação: Argentina, Barbados, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Ilhas Virgens Britânicas, Equador, Guiana, México, Panamá, Peru, República Dominicana, Santa Lúcia e Trinidad e Tobago. É esperado que, com a implementação efetiva, ocorra uma redução de pelo menos 40-50% dos casos de AVC, infarto e morte por estas doenças.


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