Depoimento de presa política para a jornalista Ana Maria Cemin

  A corajosa e competente jornalista gaúcha Ana Maria Cemin está ouvindo presos políticos que foram "libertados" a conta-gotas pelo ministro Alexandre de Moraes e submetidos a condições humilhantes de "liberdade condicional", muitas das quais nem os traficantes mais pavorosos precisam cumprir.

No depimento a seguir, Ana Maria ouve uma presa política que saiu da cadeia no dia 10 de março. Ela falou na condição de não ter divulgado seu nome, já que está proibida de dar entrevistas:

“Saí do presídio no dia 10 de março, depois de 2 meses no cárcere, deixando para trás as patriotas que permaneceram presas pelo simples fato de terem entrado nos prédios públicos para orar, se defender dos ataques das bombas da polícia federal ou porque socorreram alguém necessitado, naquele momento de agressão das forças policiais. Elas estão enquadradas em mais crimes do que eu, mas tenho certeza de que também elas são inocentes.

A gente sabia que o pessoal que foi pego no QG sairia cedo ou tarde, mesmo assim conforme iam saindo patriotas e eu ficava para trás, batia um desespero em meu peito e o meu coração parecia chegar à garganta. As meninas que foram presas dentro do Planalto infelizmente demonstravam estar cientes de que será mais complicado para elas resolverem o seu problema.

Quando saí do presídio, chorei durante todo o percurso daquele corredor imenso e continuei chorando quando peguei minhas roupas, quando coloquei a tornozeleira e nos 2 dias seguintes. Eu chorava por causa delas, pois lembrava de seus rostos quando me diziam “Fique tranquila, que nós vamos ficar aqui mais uns dias só”, e eu sabia que não era bem assim. A minha alma doía e chorava por elas por estarem pagando por crimes que não cometeram e, só porque elas estavam dentro de um prédio, o ministro Alexandre de Moraes dará um jeito de complicar tanto as suas vidas ao ponto de tornar a defesa delas algo muito complicado para os seus advogados.

Nós saímos às ruas e fomos aos QG e com a mesma Bandeira, com as mesmas cores e com as mesmas letras de Ordem e Progresso, e ao sair eu pensava “Por que nós estamos saindo e outros ficaram pra trás?”.

Eu acredito que depois de 90 dias presas elas estão sofrendo muito. Eu chorei muito, mas agora estou mais serena. Mas quando vou comer uma fruta à noite, lá pelas 21 horas, eu não consigo porque lembro que elas estão com fome. Tranca minha garganta, porque eu sei que lá no presídio Colmeia, as patriotas ficam olhando para o pãozinho amassado e o achocolatado que tem para o café da manhã, e elas sabem que se comerem à noite não terão o que comer pela manhã e terão que esperar a hora do almoço. Então, elas vão dormir com fome. Quando eu estava lá, comia porque eu tomo remédio de pressão, mas acordava pela manhã preparada para tomar muita água para compensar a falta do alimento. Aí eu pedia a Deus que viesse alguma coisa comível que eu pudesse salvar 2 ou 3 colheradas no meio daquilo que nos entregavam como alimento.”

Leia mais depoimentos no blog www.semprefoipelobrasil.org, de jornalistas pelo Brasil.

Um comentário:

  1. Tudo o q alguns estão fazendo voltarão em dobro pra eles, às vezes sinto pena dessas pobres almas, pois estão deixando em cativeiro pessoas que são inocentes e os verdadeiros terroristas culpados estão por aí, livres, leves e soltos. Os algozes não creem em DEUS, então, acreditam que seus crimes passarão impunes, loucos, os olhos de DEUS estão em todos os lugares, não há sequer um pensamento que DEUS não conheça até mesmo antes de vc tê-lo..talvez isso possa assustar os loucos ou não, eles se sentem "deuses", pobres almas, que DEUS os perdoem eles não sabem o que fazem..aos irmãos que estão em cárcere, que JESUS possa abençoar cada segundo de vossas vidas, minhas orações são por vcs e tenho fé que esse estado de coisa não irá perdurar pra sempre..que JESUS os ampare hj e sempre!

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