Desperdício mental

        Todos nós, creio eu, aprendemos que a mente tem poder. E poder extraordinário se usada devidamente. Seja pro bem, ou seja pro mal. Diz a psicologia e, em especial, a neurociência, que somos relapsos ou mesmo ignorantes nesse quesito e só usamos 2 % desse potencial. Imaginem só o desperdício mental que nos acomete!

        O problema é que para o mal sempre buscamos potencializar esse poder. Nem tanto para o bem. É uma questão crucial essa.

         Em sua consagrada obra  Paradise Lost ou "Paraíso Perdido", o poeta épico John Milton( 1607-1674) conclui que " a mente é um lugar em si mesma; e, em si mesma, pode fazer do céu um inferno; como do inferno, um céu". Aqui reside nossa redençâo. Ou nossa condenação ao cadafalso da perdição!

        Como se comprova  uma vez mais, tudo em si depende de uma escolha de vida. A própria vida daí decorre, naturalmente. Está claro?

         A obra de Milton narra a queda do homem a partir da desobediência de Adão e Eva às determinações de Deus, no Jardim do Éden.

      Ao cair precipício abaixo no abismo do inferno, Satanás, o Lúcifer revoltado, decide que irá perseguir e arruinar a criação de Deus- o Homem. É o que faz, ou no mínimo tenta, desde o começo dos tempos.

      No final e ao cabo, a obra miltoniana traduz e põe às claras a sede de poder de Lúcifer, o denominado " anjo caído", que decidiu usar seu poder malígno para vingar-se de sua desventura no Paraíso, buscando arrastar consigo mais e mais criaturas no rumo da desolação e do sofrimento sem fim.

        Repare bem, amigo e amiga, se a figura bizarra desse Lúcifer não se enquadra - na integralidade- na personalidade do comandante da quadrilha que tomou de assalto a nação brasileira e quer porque quer nos condenar ao fogo do inferno, onde ele sofre desde sempre, mas se consola e realiza em ver a criatura de Deus também cair e sofrer como ele essa desventura que não acaba.

     Bela obra essa de John Milton. Pungente. E atualíssima. Como a Iliada e Odisséia, de Homero; Eneida, de Virgílio e a Divina Comédia do grande Dante Alighieri, se inscreve no rol das obras- primas da literatura universal. São obras cujos conteúdos dizem tudo da felicidade ou da infelicidade dos humanos sobre a superfície da terra. Pena que poucos as conhecem. E a maioria,  as conhecendo ou não, resistem em seguir as lições ali retratadas.

   Sílvio Lopes, jornalista, economista e escritor. Palestrante sobre Economia Comportamental.

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