O Manifesto

"O futuro da cidade será o que o presente articular com as lições do passado. Será a fusão do tempo presente com o tempo passado, cidade renovada pelos ativos das ideias e da inteligência. Esta carta convida seus cidadãs e cidadãos a defenderem a composição de uma nova maioria política em Porto Alegre para, nas eleições municipais, superarmos a regressão e a intolerância. Neste convite não apontamos nenhum candidato, tampouco partido ou frente, mas sugerimos que só a unidade republicana e democrática de um vasto campo de alianças poderá assegurar o melhor futuro para uma cidade de todos.


São várias as tarefas, mas nenhuma delas é impossível, se partidos democráticos, movimentos republicanos da cidadania e comunidades organizadas nos bairros estiverem juntos.


Resgatar a cidade pela mobilidade urbana qualificada, meio ambiente sustentável, uso do solo de maneira racional e planejada, dotando-a de um transporte público eficiente, são as tarefas essenciais de uma gestão pública para uma vida mais generosa e feliz.


Porto Alegre é berço do ambientalismo brasileiro. Aqui nasceu, em 1971, a primeira associação de defesa do meio ambiente, a Agapan. Foi exemplo de pioneirismo para o Brasil na defesa do meio ambiente. A cidade deve voltar a ser protagonista na resistência ambiental para suportar o impacto de eventos extremos que precisam encontrar a cidade vigilante para proteger a sua gente.


No mundo fragmentado em que vivemos, Porto Alegre cobra o seu reflorescimento: pela solidariedade com Justiça, pela integração da Universidade na governança da cidade, pela ocupação diversa do seu território, pelo combate à fome, sem gentrificações, sem racismo, sem preconceitos e sem apartheid social, portanto, uma cidade saudável e acolhedora, cuja base cultural é irmã do seu espírito democrático, que exalta a liberdade, gera trabalho e atividade, universaliza o local e o põe no espaço do mundo.


Após a Segunda Guerra, a agenda cultural da cidade nos punha entre os polos relevantes do Brasil. Lembremo-nos da Livraria e Editora do Globo - como exemplo transcendente - referência dos anos 50, com Erico Veríssimo à frente. No plano político e de gestão, tivemos Prefeitos como Loureiro da Silva e Leonel Brizola - este um jovem inovador que chamou os trabalhadores da Cidade e do Campo à mesa da democracia. No processo de redemocratização do país, a cidade retomou sua construção democrática com a fértil combinação da democracia direta com a representação política. Com o prestígio do Orçamento Participativo Porto Alegre acolheu o Fórum Social Mundial, promoveu a Conferência Mundial de Prefeitos, as Conferências da Cidade, o Porto Alegre em Cena, que a lançaram internacionalmente sob a consigna de um “outro mundo é possível”. Porto Alegre pode e deve retomar seu espírito de inovações no campo da ciência, do ambiente, da política e da cultura.


A participação presencial e remota da cidadania, apoiada nas novas tecnologias de informação e comunicação - para decidir sobre os negócios públicos de maneira inclusiva - é um novo salto democrático que podemos oferecer ao mundo. Alinhar a cidade ao cosmopolitismo democrático com o olhar na inclusão pelo trabalho e na promoção de uma política habitacional humanizada, integradas com ações de inovação e empreendedorismo cooperativo e empresarial, são mecanismos estruturais para distribuir renda e gerar ocupação. A internet gratuita, disponível em todos os recantos da cidade é elemento de extraordinário valor e exigência para maior coesão comunitária.


O Planejamento Urbano de uma cidade humanizada deve integrar uma verticalização cuidadosa e moderada, com a preservação da paisagem e do patrimônio histórico, com a circulação de pessoas, o uso social do solo com a democratização do espaço público, para o lazer e a cultura de todos os grupos sociais. As equipes técnicas cuidadoras do meio ambiente, tanto da natureza construída como da naturalidade originária da cidade, devem ser recompostas. A segurança pública não pode ser deixada nas mãos apenas das esferas estadual e federal de governo. É no território da cidade que as pessoas vivem, sofrem, amam, são inseguras ou exercem plenamente as suas liberdades. Se a ameaça e a violência afetam o cidadão, essas precisam ser um assunto prioritário para a nova gestão.


A formação por competências, face à integração material e imaterial do mundo, deve ser reestruturada em favor dos filhos dos mais excluídos, educação técnica para os jovens, educação multimídia, qualificação digital, proficiência em idiomas importantes nas relações internacionais (como inglês, espanhol e chinês) e o letramento em inteligência artificial são a nova base técnica e educacional de um presente que se impõe e de um futuro que nos desafia.


O atendimento do SUS na cidade decaiu nos últimos anos. A nova gestão deve se comprometer com os melhores indicadores que Porto Alegre já apresentou, “zerando” a fila de espera e dizendo como fará isso. A mediocridade atual, nas áreas da saúde e educação, não pode balizar o limite dos nossos desejos.


Adicionar à cidade o pensamento crítico da poesia, como diz Gilberto Gil: “o povo sabe o que quer e quer também o que não sabe”. Fruição democrática do espaço público: esportes, alimentos saudáveis, cultura e integração das políticas locais com as políticas nacionais financiadas pela União, são passos essenciais para a República recuperar a confiança que só a democracia pode oferecer. A unidade em torno desses propósitos e sentidos, por meio de condutas políticas de convergência que estimulem a convivência e a paz, é possível! Para que no momento decisivo do nosso voto – no primeiro ou no segundo turno - estejamos juntos por Porto Alegre!"


 


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