pesquisa

Vale a pena examinar a extensa e robusta pesquisa de opinião pública que o Instituto Methodus acaba de fazer em Porto Alegre, ainda no fragor desta tragédia das águas, portanto quando os nervos dos entrevistados estão à flor da pele.

Acho que vale, mas é evidente que será preciso que as águas baixem totalmente para aferir com rigor o que sentem os 1,5 milhão de habitantes do município, embora, na minha avaliação, os resultados não devam ser muito diferentes daqueles que são apresentados agora. 

Quem mais apanha ?

O prefeito Sebastião Melo, o governador Eduardo Leite e o governo federal nomeado de Lula da Silva. 

É na base de 7 a 8 de cada 10 porto-alegrenses lacrando para valer o trio.

Os voluntários são os grandes heróis para os 1,5 milhão de porto-alegrenses, com aprovação de 99%.

Quase 100%.

É uma aprovação altíssima e revela o reconhecimento e a estima pelos voluntários anônimos ou conhecidos - normalmente pessoas comuns na sua imensa maioria.

Este altíssimo nível de aprovação, corrobora claramente as críticas ferozes que os porto-alegrenses e até os 2,3 milhões de gaúchos afetados em 460 dos 497 municípios, fazem aos Poderes da República, que não realizaram as obras e serviços de contenção das cheias, não se anteciparam, erraram feio na gestão da crise e mostraram-se incapazes na verdadeira acepção da palavra.

O governo federal nomeado de Lula da Silva, embora muito mal avaliado, até escapa pouco melhor do que a prefeitura e o governo estadual, mas os mais preparados dos seus membros para intervir nas tragédias nacionais, os militares, por pouco não levam nota zero dos porto-alegrenses.

Não é má vontade.

O Exército, principalmente o Exército, fez e continua fazendo fiascos - um atrás do outro.

É uma vergonha.

É por isto que vai ganhando cada vez mais força a  consigna que demonstra a percepção do povo gaúcho, que é a de que o povo é que salva o povo e não os seus representantes, que entraram tarde e entraram mal.

E que continuam batendo cabeça até hoje, a um ponto tal que sequer conseguem se acertar sobre o verdadeiro nível do Lago Guaíba, como mostrei no meu blog www.polibiobraga.com.br

Claro que o prefeito Melo vai pagando o pato por duas ordens de situações diferentes, uma das quais sobre a qual ele teve oportunidade de intervir, mas outra sobre a qual ele não teve possibilidade alguma de intervir.

A primeira, sobre a qual ele poderia intervir e não o fez, foi a de fiscalizar, ampliar e tornar 100% operacionais os sistemas de contenção de cheias e de abastecimento de água.

Foram e são falhas inaceitáveis, ainda que ele tenha recebido uma herança maldita, como demonstro no meu livro "Herança Maldita - os 16 anos do PT em Porto Alegre".

A segunda é evidentemente o tamanho da tragédia das águas, que se revelou muito acima de qualquer capacidade de previsão e de enfrentamento rápido e eficaz.

De qualquer modo, no balanço de tudo isto, no day after, é que será possível medir melhor qual o desdobramento que esta tragédia das águas resultará nos campos político e eleitoral, mas aparentemente todos os que ocupam cargos de mando no município, no estado e no País, responderão pelo que fizeram ou deixaram de fazer.



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