O mais generoso amigo do Amigo da
Odebrecht
Nas paredes decoradas com imagens da
família presidencial, não sobrou espaço sequer para um foto 3x4 do proprietário
oficial do sítio
Por Augusto Nunes
Contratado para reforçar a tropa de
doutores encarregada da defesa de Lula, o ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence
terá de defender o cliente também das ideias de jerico que frequentam com
alarmante constância a cabeça do advogado Cristiano Zanin. Até agora, o genro
de Roberto Teixeira é o mais visível e mais falante dos bacharéis incumbidos de
livrar da cadeia o ex-presidente.
No caso do triplex no Guarujá, o
palavrório de estagiário e a argumentação bisonha transformaram o principal
advogado de defesa de Lula num involuntário auxiliar da acusação. O desempenho
de Zanin no julgamento em segunda instância induziu o Tribunal Regional Federal
a concluir que a pena fixada por Sergio Moro fora branda demais. E os 9 anos e
meio de gaiola subiram para 12 anos e um mês.
Para deixar claro que nunca pertenceu a
seu cliente o triplex no Guarujá que Lula ganhou de presente da Construtora
OAS, Zanin lembrou inúmeras vezes que não foram encontrados sinais visíveis de
que a família do chefão algum dia morou lá. O doutor sabe que o dono do
apartamento só não morou no prédio na praia porque a Lava Jato chegou primeiro.
O que Zanin talvez não saiba é que
acabou depositando no colo do Ministério Público mais uma poderosa arma de
ataque. Depois de deixar a Presidência, Lula passou 111 fins de semana no sítio
valorizado por obras milionárias presenteadas pela Odebrecht. Em todas as
visitas à sua casa de campo, o Tiradentes de cabaré apareceu acompanhado por
parentes e agentes de segurança.
Em contrapartida, o dono oficial da
propriedade, Fernando Bittar, não deu as caras por lá nem depois que o
verdadeiro dono sumiu. Nas paredes decoradas com imagens da família Lula, não
sobrou espaço sequer para um foto 3×4 de Bittar. O ex-presidente, sua mulher e
os filhos mantinham na casa escova de dente, remédios de consumo rotineiro,
objetos pessoais e bugigangas que têm o valor de uma escritura. Bittar se
dispensou de equipar a casa ao menos com uma toalha de banho.
Se o proprietário oficial é o
proprietário real, o Departamento de Propinas da Odebrech precisa corrigir uma
grave injustiça. Como informaram os diretores da empreiteira, Lula foi
rebatizado de Amigo.
Quem merece tal codinome é o
generosíssimo Bittar. Não existe no mundo um amigo tão amigo quanto o sitiante
que nem faz ideia de como é o pedaço de terra que jura ter comprado.
Haja vigarice.
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