Artigo, Mauro Sparta - O Clima no Futuro de Nossas Vidas

Mauro Sparta é médico e ex-secretário de saúde de Porto Alegre e de Canoas

E-mail do autor - mauro.sparta@yahoo.com.br


Esta semana completa um ano da maior crise climática vivida pelo Rio Grande do Sul. Estivemos no epicentro desta tragédia, em Canoas, cidade severamente impactada pelas águas. Enquanto Secretário de Saúde do município à época, vivenciei um dos maiores desafios da minha carreira, vendo a infraestrutura de saúde da cidade ser simplesmente tomada pelas águas. 


Das 27 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), 19 foram destruídas. Três das quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) foram perdidas, e o Hospital de Pronto Socorro (HPS) foi completamente inundado, resultando na perda de quase todos os seus equipamentos . Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e as farmácias municipais também foram afetados. A destruição dessas estruturas impactou severamente o atendimento à população.


Este triste episódio que desafiou a comunidade gaúcha, até hoje traz seus efeitos negativos sobre nossas vidas. Ainda temos no Estado muito a fazer em termos de reconstrução, quer seja pelo poder público, quer seja pela sociedade civil organizada.


Hoje, precisamos relembrar aqueles tristes e dolorosos dias, e mais: precisamos preparar nossa comunidade para um olhar de prevenção a eventos climáticos.


O que foi realizado em prevenção? Nossos rios estão com seus leitos limpos? Foram providenciadas obras de limpeza de entulhos na profundidade das nossas águas? Os diques de contenção e as casas de bombas existentes já foram reparadas?


Aconteceu na Amrigs, no dia 25 de abril, um seminário sobre Saúde Planetária, com a presença de estudiosos, pesquisadores nacionais e internacionais que se dedicam ao tema. A conclusão é que estes eventos se tornarão mais frequentes e precisamos estar preparados – triste constatação.


A classe política tem se envolvido na questão: existe um Projeto de Lei de número 2889/2024 no Congresso Nacional, de autoria do Deputado Giovani Cherini, o PL Estadual 145/2024, do deputado Guilherme Pasin, e um PL municipal, ação do vereador Moisés Barbosa – todos preocupados com o tema e suas consequências. Cabe agora ao Legislativo, ao Executivo e à sociedade , acelerar essa pauta tão angustiante em nossas vidas.


Mais um inverno se aproxima. Precisamos nos preparar: o Rio Grande tem esta memória dolorosa e trágica. Temos que enfrentar esta questão para um viver tranquilo, saudável e venturoso ao nosso povo.



Farsul tira dura nota sobre "premeditada" falta de solução federal para dívida de R$ 72,8 bi do agro do RS

O remédio, se chegar, de novo será pequeno, restrito e atrasado, diferente dos discursos e dos “outdoors” espalhados pelo país.

Trecho da nota da Farsul.

A Farsul, entidade que melhor representa o agro do RS, tirou nota para criticar "a falta de ações efetivas do governo federal em relação às perdas ocorridas no Rio Grande do Sul". E denuncia:

- A inação é premeditada.

O valor da dívida chega a R$ 72,8 bilhões e é inadministrável por parte dos devedores.

Na nota, a entidade presidida por Gedeão Pereira reporta-se a reunião do Conselho Monetário Nacional, sexta-feira, que novamente sequer autorizou a publicação do voto do Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizando as instituições financeiras a cumprirem aquilo que já consta no Manual do Crédito Rural (MCR). Conclui a nota:

- Esta premeditada falta de ação tem gerado um verdadeiro caos, pois estamos em época de pleno vencimento de custeios, investimentos e prorrogações e o governo sabe perfeitamente disso, mas ao não votar a prorrogação opta por enviar centenas de milhares de produtores gaúchos para inadimplência ou para busca de soluções com juros de 2% a 3% ao mês.  

 


Artigo, Leonardo Corrêa - Silêncio comprado ?

CLIQUE AQUI para ler no blog do jornalista Cláudio Dantas.


Foi com dureza e precisão que Estadão e a Folha de S.Paulo reagiram à visita de Lula à Rússia. Em editoriais contundentes, os dois maiores vespertinos paulistas não pouparam o presidente brasileiro pelo gesto de confraternização com Vladimir Putin, no coração de Moscou, durante as comemorações do chamado “Dia da Vitória”. A Folha classificou a viagem como um "erro diplomático patente", denunciando a deferência a um autocrata que promove guerra e violações massivas aos direitos humanos. Já o Estadão foi além: evocou o peso da História e carimbou a cena com palavras que não se esquecem — “o dia da infâmia da política externa brasileira”.


Ambos editoriais reconheceram o gesto como mais que simbólico: viram nele a falência de qualquer pretensão de neutralidade, e a submissão da diplomacia brasileira a uma lógica antiocidental. Lula, ladeado por ditadores latino-americanos, assistiu ao desfile de mísseis que hoje esmagam cidades ucranianas. Para os jornais de São Paulo, a presença não foi um deslize; foi um manifesto, uma escolha. Um país que diz prezar pela paz não se senta à mesa com quem abraça a guerra.


No entanto, entre as grandes redações nacionais, um nome destoou. O Globo, sempre pronto a assumir o centro do debate institucional, desta vez foi tímido. Publicou um editorial antes da visita, ainda no tom das advertências diplomáticas. Condenou a reinterpretação histórica feita por Putin sobre a Segunda Guerra Mundial, mas evitou criticar diretamente o presidente brasileiro. Nem a imagem de Lula na Praça Vermelha, diante de ogivas e tanques, foi suficiente para arrancar do jornal da família Marinho ao menos uma nota à altura do que se viu nos editoriais do Estadão e da Folha.


A razão talvez não esteja nas páginas de opinião, mas nas cifras da publicidade oficial. Segundo levantamento publicado pela VEJA, entre 2023 e 2024 a Rede Globo recebeu R$ 177,2 milhões da Secretaria de Comunicação do governo Lula — valor que supera o total repassado à emissora durante os quatro anos de Jair Bolsonaro. Em 2024, sozinha, a Globo ficou com 53% de toda a verba federal de publicidade destinada às principais TVs do país. Não se trata de conjectura: trata-se de números. Dados públicos que expõem um elo financeiro robusto entre o governo e a emissora que, por décadas, se autodenominou “independente”.


Mais do que isso: enquanto os demais grupos de mídia receberam valores menores e até decrescentes, a Globo viu seu lucro saltar 138% em 2024, chegando a impressionantes R$ 2 bilhões, conforme revelou reportagem publicada pelo portal Teletime em abril de 2025. A coincidência entre esse crescimento exponencial e o volume de repasses publicitários da Secom é eloquente demais para ser ignorada.


Diante disso, é legítimo perguntar: por que um jornal que sempre se destacou por seus editoriais vigorosos parece agora tão contido diante de um episódio tão grave? Por que a maior emissora do país, diante do constrangimento internacional causado por um presidente que se associa a ditadores e autocratas, responde com o silêncio? A resposta pode não estar apenas na redação, mas no caixa. Quando a crítica custa caro, a complacência vira investimento. A verdade, então, não se cala: se o Estadão e a Folha ainda cumprem o papel de imprensa livre, O Globo parece cada vez mais satisfeito em atuar como assessoria de imprensa do poder. Um poder que paga bem.


Mais do que omissão, o comportamento de O Globo expõe um vício sistêmico: quando o dinheiro do pagador de impostos é usado pelo governo de ocasião para financiar o discurso, a liberdade de expressão se desfaz. “Não há neutralidade possível quando o Estado banca o microfone”. A crítica se torna concessão, o silêncio vira contrato, e a imprensa deixa de servir ao público para servir ao poder. O jornalismo independente não sobrevive onde a publicidade oficial compra a pauta e entorpece a vigilância. Nesse cenário, não há pluralismo — há alinhamento. Não há voz — há eco.


Enquanto isso, os mísseis dos censores não desfilam apenas em Moscou — apontam, cada vez mais, para as redes sociais. Ali, onde não há verba da Secom, não há controle por contrato. São vozes soltas, sem pauta vendida, sem blindagem estatal. E é justamente por isso que incomodam tanto. As plataformas digitais expõem o que os editoriais calados escondem: a opinião dos indivíduos, não a conveniência dos grupos. Onde o dinheiro público não chega, a liberdade resiste.


No fim, o que se cala pesa mais do que o que se diz. A imprensa existe para ser contrapeso, não escudo. Quando falha em denunciar o poder, torna-se cúmplice dele. E quando o silêncio é comprado com dinheiro público, a verdade passa a ter preço — e o cidadão, a pagar com desinformação. Mas há ainda quem escreva sem patrocínio, quem fale sem filtro, quem resista sem medo. São essas vozes, dispersas e indomáveis, que mantêm viva a centelha da liberdade. Mesmo quando tudo parece dominado, elas lembram que o eco não é a única forma de som.

Acordo

 O governo do Estado deu um passo importante nesta segunda-feira (12/5), em Nova York, ao manifestar interesse em estabelecer uma parceria com a Salesforce para promover a capacitação de 1,5 milhão de pessoas em habilidades digitais por meio da plataforma Trailhead. Foi firmado um termo entre governo, empresa e Instituto Caldeira para explorar essa possibilidade. Voltada ao ensino de competências em tecnologia, inovação e atendimento ao cidadão, a iniciativa integra a missão oficial aos Estados Unidos, liderada pelo governador Eduardo Leite, e tem foco no desenvolvimento de talentos e no fortalecimento da economia digital no Rio Grande do Sul.

A seguir, o texto completo publicado hoje pela SecomRS:

A proposta é disponibilizar trilhas de capacitações gratuitas, que abrangerão desde noções básicas de ferramentas digitais até conteúdos voltados à inteligência artificial, ciência de dados, experiência do usuário e empreendedorismo. O objetivo é ampliar as oportunidades de formação para jovens, trabalhadores e servidores públicos, preparando a população para os desafios e as transformações do mercado de trabalho.

“A tecnologia é cada vez mais determinante na inclusão social e no desenvolvimento econômico. Com essa aproximação, queremos garantir que mais pessoas tenham acesso ao conhecimento necessário para prosperar em uma economia digital, inovadora e em constante mudança”, afirmou o governador Eduardo Leite.

A secretária de Inclusão Digital e Apoio às Políticas de Equidade, Lisiane Lemos, destacou que a construção dessa agenda com a Salesforce foi orientada pelo objetivo de buscar soluções duradouras para a formação profissional no Estado.

“Estamos falando de uma plataforma reconhecida internacionalmente, que oferece formação acessível, flexível e com foco em empregabilidade. Essa é uma solução future proof, pensada para o presente e para o futuro do trabalho”, explicou.

O presidente da Invest RS, Rafael Prikladnicki, ressaltou o potencial de expansão da aproximação com a empresa. “Essa relação abre uma gama de possibilidades, tanto para aprimorar serviços públicos quanto para atrair investimentos e desenvolver nosso ecossistema digital. Estamos plantando conexões com impacto direto na competitividade do Estado”, destacou.

Durante a visita à sede da Salesforce, a comitiva do RS também conheceu experiências da empresa no setor público, com destaque para o uso de inteligência artificial no atendimento ao cidadão, plataformas de resposta a emergências, inclusão digital e integração de dados para melhoria da gestão pública.

Além do governador e da secretária Lisiane Lemos, participaram da agenda os secretários Artur Lemos (Casa Civil), Simone Stülp (Inovação, Ciência e Tecnologia), Caio Tomazeli (Comunicação), Pedro Capeluppi (Reconstrução), Paula Mascarenhas (Relações Institucionais) e Ernani Polo (Desenvolvimento Econômico), o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, o presidente da Assembleia, Pepe Vargas, o líder do governo, Frederico Antunes, os deputados Elizandro Sabino e Airton Artus, além de representantes do Instituto Caldeira, do South Summit Brazil, do Sebrae-RS, do BRDE e da Fiergs.

A missão liderada pelo governador Eduardo Leite em Nova York leva o Rio Grande do Sul ao maior centro de negócios do mundo. Apenas um ano após a maior catástrofe climática, o Plano Rio Grande e o Plano de Desenvolvimento são demonstrados como parte fundamental do processo de resiliência e construção do futuro. Com a criação da Invest RS, o Estado passa a ter uma agência de desenvolvimento com a missão de ampliar a presença do Rio Grande do Sul no mercado nacional e internacional, promover o Estado e atrair investimentos. O destaque do RS como um dos estados mais competitivos do Brasil em Nova York já é resultado das iniciativas da agência.

A Salesforce é líder global em sistemas de gestão de relacionamento com o cliente (CRM) e desenvolve soluções baseadas em inteligência artificial, automação e análise de dados. A plataforma Trailhead é utilizada em diversos países para capacitar profissionais em novas competências digitais, sendo reconhecida pelo seu formato acessível e interativo de aprendizagem.