Expansão global já ajuda o Brasil via commodities
Por Sergio Lamucci | Valor Econômico
SÃO PAULO - O crescimento mais forte e sincronizado das
maiores economias do mundo, fenômeno que não ocorria desde a crise de 2008,
está impulsionando os preços das commodities e beneficiando o Brasil. Em 12
meses até fevereiro, o índice de termos de troca - a relação entre preços de
exportação e de importação - subiu 8,2%. A alta registrada na média de 2016,
que já foi um ano favorável nesse quesito, foi de 3%, o que mostra a aceleração
desse indicador no começo deste ano.
A alta das commodities, além de engordar o saldo
comercial - superávit de US$ 51 bilhões também em 12 meses até fevereiro -,
valoriza o real e melhora a arrecadação de tributos, uma boa notícia para Estados
como o Rio de Janeiro, que dependem muito das receitas de royalties. Já a
valorização da taxa de câmbio, embora diminua a competitividade de alguns
produtos da indústria brasileira, ajuda a desacelerar a inflação em um ritmo
mais rápido que o esperado.
A queda da inflação, por sua vez, abre espaço para uma
redução mais acentuada da taxa básica de juros (Selic), que serve de parâmetro
para os juros cobrados no mercado. Na ata da última reunião do Comitê de
Política Monetária (Copom), divulgada ontem, o Banco Central sinalizou que pode
acelerar o ritmo de corte ou estender o ciclo de alívio monetário. O fato é que
confirmou expectativa de queda dos juros maior que a antecipada e, portanto,
mais estímulo para a economia.
A valorização atual das commodities, contudo, é diferente
da registrada na década passada, na visão de analistas como Andrea Bastos
Damico, do Bradesco. Ela nota que o ciclo de alta dos últimos meses é
concentrado em menos produtos, além de a magnitude ser menor. Para Cristiano
Oliveira, do Banco Fibra, o grosso do movimento de valorização das commodities
já ocorreu. Os preços não tenderiam a seguir em alta, podendo haver
estabilização nos níveis atuais ou mesmo um pequeno recuo.
Fatores internos como a aprovação de medidas fiscais
importantes - a emenda que criou o teto para as despesas federais foi a
principal - e a perspectiva de sucesso na reforma da Previdência também
contribuíram para diminuir a percepção de risco da economia e valorizar o real.
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