Trump e Clinton: não podem perder os dois?

Trump e Clinton: não podem perder os dois?
27/9/2016, 4:46

Nestas eleições americanas, vai ser difícil que alguém vença com um mandato forte. Derrotar o adversário não vai chegar para ganhar. Mesmo o que for eleito, Trump ou Clinton, pode perder.
Esperava-se a maior audiência de sempre para um debate presidencial. Durante dias, a imprensa antecipou e especulou, comparando a experiência política de Clinton e o sentido do espectáculo de Trump. Como previsto, Trump ameaçou a China e Clinton ameaçou os ricos, Clinton acusou Trump de ser amigo de Putin e Trump acusou Clinton de esconder e-mails. Muitos comentadores lamentam que não seja possível perderem os dois. Mas talvez seja.
O ponto mais relevante destas eleições é este: ambas as candidaturas, de maneira diferente, traduzem o divórcio entre as elites partidárias e os seus eleitorados. Trump foi imposto pelos eleitores à elite do partido, enquanto Clinton foi imposta pela elite do partido aos eleitores. Na liderança republicana, ninguém esperava Trump, que aliás só deixou de ser um Democrata em 2009. A escolha era Jeb Bush, irmão do presidente George W. Bush. Mas debate após debate, primária a seguir a primária, Trump surpreendeu, persistiu e acabou por ganhar. Significativamente, os Bush recusaram-se até agora a juntar-se à sua campanha. Do outro lado, a elite democrata estava com Clinton. Foi necessário um neófito, Bernie Sanders, que aderiu ao partido apenas em 2015, para haver alternativa. Os eleitores mostraram-lhe logo um entusiasmo que Clinton nunca lhes mereceu, forçando a máquina do partido a todos os truques para favorecer a candidata. Quantos democratas não votarão, ou votarão sem qualquer ânimo?
Em grande medida, este divórcio entre líderes partidários e eleitores foi, como noutros países ocidentais, provocado pela contestação ao internacionalismo e à globalização. A elite política americana adotou as causas da globalização e do internacionalismo desde a II Guerra Mundial, como uma espécie de obrigação inerente à importância da economia e do poder militar americano. Os EUA tinham obrigação de serem a esquadra de polícia e o albergue do mundo. Precisamente, Trump e Sanders destacaram-se por não parecerem dispostos a carregar o “fardo dos americanos” (com Sanders mais focado no comércio do que na imigração). Foi assim que Trump prevaleceu entre os republicanos, apesar de negar tudo aquilo que parecia ser o dogma do partido, desde o Estado mínimo até à missão universal dos EUA e a intransigência perante o aborto.
Quais são as suas hipóteses? Trump e Clinton são os candidatos menos estimados de sempre. A esperança de cada um deles é que o rival inspire um pouco mais de repulsa. Desenvolveram, por isso, uma original sociedade de demonização mútua. Para Trump, Clinton é corrupta e mentirosa; para Clinton, Trump é racista e imita Putin. Ambos sabem que, sem o outro, já estariam fora de jogo. Perante um candidato republicano menos afetado por demagogia, Clinton já teria sido vítima da desconfiança que suscita; perante um candidato democrata sem tanta bagagem de escândalos, talvez Trump tivesse parecido demasiado arriscado para subir tão alto.
A discussão neste momento centra-se no que cada um deve fazer para derrotar o outro. De fato, Trump pode derrotar Clinton, e Clinton também pode derrotar Trump. O que nenhum porventura pode é vencer as eleições com um mandato forte para liderar o país. Numa sociedade tão polarizada, não será fácil propiciar boas vontades; perante tantas incertezas, como cultivar confiança? Até Obama, o messias de 2008, falhou. Trump talvez consiga dar voz aos cidadãos fartos de um poder “politicamente correcto”, mas como vai lidar com os compromissos externos dos EUA? Entregará a Europa a Putin, e o Oriente à China? A União Europeia aguenta um Brexit, mas o mundo não suportará um Americaexit. Quanto a Clinton, talvez mantenha o sentido de responsabilidade diplomática das velhas elites americanas, mas como vai compensar, dentro do país, a repugnância dos cidadãos pela sua falta de transparência? Sem maiorias no congresso, não é impossível que acabe como uma espécie de Dilma Roussef norte-americana. Estas são eleições em que derrotar o adversário não vai chegar para ganhar. Sim, é possível que ambos os candidatos venham a perder, cada à sua maneira.

(Rui Ramos / O Observador)

Artigo, Tito Guarnieri - "Ditabranda" e golpe

O jornal Folha de São Paulo tem se referido ao presidente Michel Temer, em editoriais, como “Temer Golpista”. É um desrespeito aos fatos e aos leitores. Cai bem no figurino de um estudante secundarista, desses que queimam pneus e invadem escolas, mas não de um grande jornal. Talvez o jornalão queira compensar, nas esquerdas, a gafe histórica de cinco ou seis anos atrás, quando afirmou que o regime militar de 1964 não foi uma ditadura, mas uma “ditabranda”.

Que um ou mais dos muitos colunistas do jornalão paulista chame Temer de golpista, vá lá. Mas o editorial reflete a posição do jornal, vale dizer, para a FSP o impeachment foi  golpe. Sorte da Folha e de toda a imprensa que o “golpe” foi tão brando – este sim -  que vigoram no País as mais amplas liberdades civis e políticas, o Congresso está aberto, a Justiça funciona e os jornais dizem o que bem entendem, até mesmo chamando o presidente de “Temer Golpista” em editorial.

Se todos fizessem o raciocínio cretinoide do jornalão paulista, quem pensa diferente deveria se referir ao ex-presidente Lula como Lula Réu da Lava Jato, ao PT como PT - o Partido Mais Corrupto da História, e à Dilma, como Dilma - a Pior Governante do Brasil de Todos os Tempos.

A estrela cai

O Partido dos Trabalhadores derreteu nas eleições municipais deste ano. Nas eleições de 2012 o PT apresentou, em todo o Brasil, 41.756 candidatos a vereador, prefeito e vice-prefeito. Agora, em 2016, o número de candidatos do partido desabou para 24.269.

Em 2012, ficava atrás só do PMDB em número de candidatos. Em 2016, está atrás do PMDB, PSDB, PSB, PDT e PP. O PT, nesse critério, está agora mais ou menos do tamanho do DEM e do PTB.

Ao mesmo tempo, nas pesquisas eleitorais deste final de semana, só tem um candidato do partido que lidera nas capitais,  em Rio Branco, no Acre. Os candidatos escondem a estrela e a sigla. É pesada a conta das lambanças.

Retórica e ação

O governo Temer, de surpresa, apresentou um projeto de mudanças no ensino médio do País. Antes mesmo de ler com atenção, as forças retrógradas de sempre caíram de pau na proposição.

É o mantra ordinário:  o projeto não foi discutido com a sociedade. Ora, se existe algo que não falta na reforma do ensino,  nestes 13 últimos anos, é a discussão, o debate. E no entanto, o ensino médio – e não só ele – ou fica na condição sofrível em que está ou ainda decai em qualidade.

Era de esperar de um governo “popular” que a educação fosse uma prioridade real, e não dessas urgências que só existem nos discursos de candidato. Mas não há instância da educação brasileira, nestes anos de lulopetismo, que não se tenha degradado. Uma das razões está bem à vista:  o debate sobre a matéria, entre especialistas e na sociedade, é um meio que, nunca concluído, acaba por se transformar num fim em si. Dizendo de outro modo, muita retórica e  pouca ação.

A grita em curso é porque a proposta não é “deles”,  não vem “das bases”. Não sendo deles, é imprestável. E apresentada assim, em tempo recorde, lhes rouba a prática execrável de enxugar o gelo em consultas intermináveis, de modo a que – no final – tudo permaneça como está.

titoguarniere@terra.com.br


Artigo, Marcelo Aiquel - As "mãos limpas dos políticos gaúchos

        Nesta segunda-feira, dia 26 de setembro, tivemos, por parte da força tarefa da Lava Jato – quando explicava os argumentos que embasaram a prisão do Antonio Palocci – mais uma comprovação da enorme falácia que é repetida insistentemente pelos “éticos” políticos gaúchos (especialmente os “esquerdopatas”).
         Eles, que se acham os únicos corretos desta terra e clamam pela refundação ética do PT, perderam novamente a oportunidade de provar que realmente não tem a mesma índole criminosa dos seus companheiros nacionais.
         Pois, não é que a PF descobriu que, entre as inúmeras falcatruas patrocinadas pelo “cumpanhero Paloffi” – como fala o Lula, se cuspindo todo – estava à remessa de propina para a construção da 3ª Perimetral, aqui em Porto Alegre.
         A referida obra; que começou a ser tocada no governo do “sério” Raul Pont/PT (o candidato que não teve a vergonha de esconder a estrela e o nome do seu partido na atual campanha para a Prefeitura), e foi continuada na gestão do “peremptório” Tarso Genro/também um PeTezão de carteirinha (outro que se julga corretíssimo, mas não engana a mais ninguém); além de ter ignorado a construção de viadutos nos principais cruzamentos, ainda teve distribuída uma verba ilegal que “lubrificou” os bolsos do PT local.
         Assim como ocorreu na CPI do jogo do bicho (lembram-se do valente guerrilheiro Diógenes se acovardando ao depor?), é claro que o PT gaúcho não tinha participação na safadeza. Que sonora cara de pau!
         Pois agora que a verdade emerge, o que dirão os líderes do petismo regional? Ora, o mesmo de sempre: que o probo Olívio mora naquele velho e singelo apartamento e só anda de ônibus na cidade. O Pont, então: nunca se envolveu nisso. Já o “ético” Tarso vai negar tudo, “peremptoriamente”. E os outros? Ofendidos, dirão que tudo não passa de uma perseguição autoritária, que remete aos tempos da “ditadura”. Será que alguém decente ainda acredita neste surrado Mimi mi? Sem nenhum interesse pessoal, eu duvido muito! Mas, como o fanatismo fala mais alto, é até possível que algum incauto ainda compre alhos por bugalhos.
         Enquanto isso, seguimos aguentando o discurso das “mãos limpas”.
         Como aquela candidata raivosa (mais conhecida por “cavalo do comissário”) esqueceu – igual a um passe de mágica – suas origens, que agora faz questão de pisotear.
         Mas, eu ainda acredito nas “mãos limpas” desta gente.

         Principalmente depois de serem muito esfregadas com uma boa dose de álcool gel!'

Entrevista, Gustavo Grisa - Nos últimos oito anos, deu tudo errado para o RS

Entrevista - Gustavo Grisa : “Nos últimos 8 anos, deu tudo errado para o RS”.

O editor pediu para o economista Gustavo Grisa, autor do livro RS - Sem Medo do Futuro, analisar a repercussão da capa da Revista Veja da última semana. Grisa é sócio da consultoria Agência Futuro, consultor de projetos de desenvolvimento  e inovação de políticas públicas em todo o Brasil. Dentre outros destaques, alertou, em 2013, para a crise econômica que estava se instalando no País.

P - Em 2009, o Sr. já em seu livro alertava que, em dez anos, se um conjunto de iniciativas estratégicas não acontecessem, o Estado se encontraria em uma situação extremamente crítica. Chegamos lá? É o fundo do poço?

G - Infelizmente, sim. O que acontece confirma o pior cenário que pudéssemos imaginar há cerca de uma década atrás, quando estávamos em meados de um governo que propunha uma agenda reformista, e havia uma cultura de que o RS poderia seguir uma agenda pragmática e efetiva para o seu futuro.

P - Como avalia a situação do Estado? O que é causa, e o que é consequência?

As dificuldades não são desculpa para o descompasso estratégico. Em primeiro lugar, é possível, se pesquisarmos, encontrarmos matérias do final da década de 1970 alertando para a “crise das finanças gaúchas”.  A palavra-chave, como já disse diversas vezes, é procrastinação. Desde o Plano Sayad, em 1985, que planos são elaborados e deixados para implementar amanhã, em uma preguiça que mantém os corporativismos intocados e perpetua mediocridades.

Se some a isso um “deslocamento” crescente do eixo cultural-econômico-estratégico do País, ao Porto Alegre não mais se configurar em um polo regional de nível nacional. O Sul do Brasil virou multipolo. Se some a isso uma política nacional durantes os governos Lula e Dilma que foram muito desfavoráveis aos Estados mais industrializados.

P - Onde fica a responsabilidade dos governadores?

G - Aos que dizem que governos do Estado e a gestão política não fazem diferença, peço para analisarem o fracasso dos três últimos governos que passaram no Estado, inclusive o atual, e que já herdaram essa trajetória difícil.  O governo Yeda trouxe uma agenda correta, adequada para o momento, mas falhou em implementar, construir apoios, articular um legado - suas ações foram descontinuadas; o governo Tarso era confuso do ponto de vista temático e de prioridades, e fazia apologia do “déficit spending”, ou seja, de uma visão de que o Estado pode e até deve gastar mais do que arrecada. E exerceu essa visão, agravando a situação financeira. O de Sartori é marcado pela inércia, por um vácuo e por um antimarketing do Estado sem precedentes, ao vir a público admitir a falência do Estado e a inexistência de uma estratégia articulada. 

 P - Mas é a crise financeira que paralisa o Estado?

G - É a convivência de um grande problema de gestão, e um grande problema econômico. E os dois são retroalimentantes, ou seja, causa e consequência um do outro. Um exemplo claro é a nossa educação: não conseguimos mais saltos de produtividade, e temos até uma deterioração da consciência política devido à falta de qualidade na nossa educação, fruto claro da falta de investimentos e sucateamento da educação pública no Estado nos últimos 40 anos.  Temos uma geração que hoje são os recursos humanos do Estado que recebeu uma educação já muito deficiente, e atualmente, a coisa está piorando, em vez de melhorar.  Aí estouram as instituições, a segurança pública...

P - O que é possível fazer, ou reverter?

G - Acho que devemos ser mais pragmáticos, e menos sonhadores nesse aspecto. Estamos ainda longe de um cenário de terra arrasada total. Se o Estado entrasse em um ciclo de um ou dois governos mais efetivos em conseguir debelar ou reverter a crise financeira e criar maior atratividade econômica, o RS ainda tem força de reação.  É uma crise de liderança, é uma crise de convergência, e há uma mudança geracional que ainda não aconteceu. Ainda somos governados por quadros que advém da época da ditadura militar. E nossa classe empresarial tradicional tem sido dizimada pela baixa competitividade do Estado, o que leva à venda de ativos,  em vez de empresários de peso temos “famílias ricas” e um esvaziamento da inteligência e influência do RS. Mas há como recuperar.

P- Qual o caminho?


G - Principalmente, criar melhores alternativas de liderança, melhorar o nível dos debates, e votar melhor. Parar de compactuar com propostas que trazem “mais do mesmo” ou mero populismo genérico, pois esse mundo está mudando há mais de 20 anos e existem, sim, muitas possibilidades de inovações institucionais se houver governança e qualificação para tal. Mas precisamos parar de fugir dos remédios mais amargos e do medo de enfrentar corporações.

Sessim proibido

Despacho em 25/09/2016 - RP Nº 59425 Dra. CRISTIANE ELIZABETH STEFANELLO SCHERER

A Coligação RENOVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE CIDREIRA, formada pelos partidos PP, PTB, REDE e DEM, ajuizou representação contra o PARTIDO SOCIALISTA DEMOCRÁTICO e ELÓI BRAZ SESSIM, em razão deste ultimo, mesmo estando com seus direitos políticos suspensos, está realizando, junto com seu partido, comícios, reuniões partidárias, carreata política para impulsionar e difundir as ideias e propostas do PSD, bem como veiculando propaganda política em rádio e nas redes sociais, demonstrando desrespeito para com a justiça, restando configurada a conduta criminosa. Requereu a concessão de liminar determinando ao representado Elói Braz Sessim que se abstenha de praticar quaisquer atos políticos ou partidários na campanha municipal de Cidreira, sob pena de caraterização de crime de desobediência. No mérito, a procedência da representação condenando a pena pecuniária no grau máximo, bem como seja determinada a retirada de todas as publicações em sua página oficial no Facebook e seja compelido a não mais participar de manifestações políticas públicas.

Registro de plano o entendimento no sentido de que o art. 337 do Código Eleitoral, não guarda sintonia com os artigos. 5º, IV, e 220 da Constituição Federal, que garantem ao indivíduo a livre expressão do pensamento.
Todavia, forçoso reconhecer que, em determinadas situações, visando preservar garantias de maior hierarquia como, por exemplo, para o fim de proteção da lisura e transparência do processo eleitoral democrático, faz-se necessário a limitação de certas liberdade individuais. Após a edição da Lei da Ficha Limpa, em especial, não se pode afastar a ideia de que é necessário evitar que cidadãos com seus direitos políticos suspensos e/ou inelegíveis ajam por via indireta para atingir objetivo pessoal, mas que lhe foi vedado pela legislação. Assim, mesmo respeitado o exercício da cidadania, deve-se impor limites e, até mesmo vedar, a participação nas atividade partidária daquele que tem seus direitos políticos suspensos, com a finalidade de evitar a tão conhecida influência indireta no resultado eleitoral e, por consequência, na administração pública, caso eleito seu candidato.
 Este é o caso dos autos, onde o representado Elóis Braz Sessim teve seus direitos políticos cassados quando do julgamento do processo 073/1.05.0009933-7, mas continua atuando de forma evidente na política municipal, o que levou, inclusive, a nulidade da convenção partidária e ao indeferimento da chapa majoritária da Coligação Oposição de Verdade (RE nº 240-97.2016.6.21.0110)
 Como já dito quando do julgamento do RE acima citado, a suspensão dos direitos políticos afeta ¿para além da vedação do exercício do vínculo associativo e seus consectários, a própria participação em atividades político-partidárias, a qualquer título, inclusive comícios e atos de propaganda, demanda o gozo dos direitos políticos,...¿.
Desta forma, razão assiste a Representante quando argumenta que Elói Braz Sessim continua participando ativamente da campanha política da Coligação Oposição de Verdade, também com seu registro já indeferido, participando de carreatas, comícios, exposição em redes sociais e outros materiais da campanha.
Assim afirmo diante das provas juntadas pela representante, como por exemplo, nas fotografias onde se vê que o representado Elói Braz Sessim é a figura central, estando em primeiro plano, passando a impressão de que ele é candidato a majoritária e os demais seus asseclas.
Desta forma, evidente que o representado Elói Braz Sessim está exercendo atividade político-partidária, participando ativamente e acintosamente da campanha eleitoral da Coligação Oposição de Verdade, não obstante estar com seus direitos políticos suspensos, em inquestionável desrespeito não só a legislação eleitoral, mas também e, principalmente, em relação ao eleitor, pois está induzindo-o em erro.
Assim posto, defiro o pedido liminar, determinando que o representado Elói Braz Sessim e a Coligação Oposição de Verdade se abstenham, de imediato de praticarem quaisquer atos políticos ou partidários na campanha municipal de Cidreira envolvendo a figura de Elói Braz Sessim, devendo retirar, inclusive, as propagandas das mídias sociais, sob pena de desobediência.

Intimem-se. 


Notifiquem-se.

Tarifas altas alimentam lucros dos bancos

Os balanços dos três maiores bancos priva- dos que atuam no Brasil comprovam que a crise econômica passa longe do setor financeiro. Juntos, Bradesco, Santander e Itaú lucraram R$ 50,12 bilhões em 2015, aumento de 20% em relação a 2014, quando ganharam R$ 41,8 bilhões. Tanto Itaú quanto Bradesco registraram os maiores resultados da História, com R$ 26,15 bilhões e R$ 17,8 bilhões, respectivamente.

Entre os vários itens responsáveis por essa alta lucratividade, o aumento das tarifas e serviços bancários acima da inflação teve um peso que chamou a atenção das entidades de defesa do consumidor. Só o Itaú, o Bradesco e o Santander arrecadaram R$ 83,11 bilhões, em 2015, com receitas de serviços, em que estão embutidas as tarifas – Bradesco registrou R$ 41,8 bilhões, Itaú R$ 29,45 bilhões e Santander, R$ 11,86 bilhões. O montante total do que foi arrecadado com as tarifas, porém, é uma caixa-preta que os bancos não divulgam nem em suas demonstrações   financeiras.

As tarifas praticadas pelas instituições bancárias foram padronizadas em 2007, por meio da Resolução nº 3.518 do Conselho Monetário Nacional (CMN). Desde então, os bancos são obrigados a deixar claro aos consumidores todos os serviços cobrados, além de oferecer pacotes que contenham os chamados serviços essenciais. De acordo com   a  regulamentação do BC, no caso de aumento das tarifas, os bancos devem comunicar ao consumidor com, no mínimo, 30 dias de antecedência. Além disso, o consumidor deve ter fácil acesso às informações relativas aos serviços cobrados, no site da instituição e em tabelas na própria agência.

Em 2010, a edição da Resolução, a nº 3.919, que alterou e consolidou a Resolução nº 3.518, de 2007, possibilitou aos clientes a comparação entre os preços dos serviços de cartão de crédito praticados pelos bancos e demais instituições emissoras. De acordo com Sidney Menezes Ferreira, diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do BC, “a Resolução nº 3.919 estabeleceu que somente é admissível a cobrança de tarifas de clientes se o serviço tiver sido previamente autorizado ou solicitado por eles, e se a possibilidade de cobrança estiver prevista no normativo”. A Resolução determinou, também, a obrigatoriedade da oferta, por parte de instituições emissoras, de cartão de crédito de baixo custo e de formatação simplificada, a ser utilizado na sua função clássica de pagamento de bens e serviços em estabelecimentos credenciados. Denominado “cartão básico”, tanto nacional quanto internacional, não pode estar associado a programas de benefícios ou de recompensas.

DE  OLHO  NO  CONSUMIDOR
O cumprimento dessas normas é acompanhado de perto pelo BC e órgãos de defesa do consumidor. Segundo Sidney Ferreira, a fiscalização realizada pelo Banco tem por objetivo verificar se a cobrança de tarifas está em desacordo com o que de- termina a Resolução nº 3.919, e é feita por meio de verificações especiais in loco, aná- lises horizontais e nos acompanhamentos específicos feitos junto aos bancos. “Já a abusividade da cobrança de tarifa, entendida como a precificação abusiva dos serviços prestados pelas instituições, é matéria da alçada dos órgãos do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, do qual o Banco Central não é parte integrante”, explica.

Para as entidades que defendem o cliente bancário, porém, não é simples detectar os abusos. Em resposta à regulamentação do BC, que criou quatro pacotes padronizados e uniformizou a nomenclatura das tarifas, os bancos montaram seus próprios pacotes comerciais, reajustados sem qualquer tipo de limite legal, permitindo, assim, aumentos muito acima da inflação. O que explica, em parte, suas altas taxas de lucratividade. “Embora o BC tenha imposto quatro tipos de pacotes padronizados, no momento da abertura de conta, o banco empurra um dos seus pa- cotes comerciais. Para cancelá-lo, o cliente tem de enviar carta em duas vias”, explica Cristina Rafael Martinussi, supervisora de pesquisas do Procon-SP.

Nehemias Monteiro Junior, analista do BC, observa que no ranking de instituições por índice de reclamação, a quinta queixa mais recorrente é a de cobrança irregular de tarifas por serviços não contratados, seguida por recusa de cancelamento do pacote de serviços, em 13º lugar, e cobrança irregular de tarifa de serviço prioritário, em 21º. “Muitas vezes, o banco cobra por um pacote de serviços, mas pela lei não pode fazer isso, caso o cliente não tenha solicitado o pacote. Outra irregularidade comum é quando o banco muda as regras de isenção e o cliente passa a pagar tarifas. As pessoas confiam no que lhes é oferecido, mas muitas vezes o pacote não é adequado às necessidades do cliente”, adverte Nohemias.

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), realizada no ano passado, os aumentos chegam a 136%, entre serviços avulsos, e 75,2%, entre os pacotes analisa- dos. O estudo avaliou 75 pacotes de serviços dos seis maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú e Santander) e detectou que 44% sofreram reajustes. Em muitos casos, os aumentos aplicados foram bem superiores à inflação do período (de março de 2014 a fevereiro de 2015, medida em 7,7%). O Bradesco, por exemplo, elevou o preço de um de seus pacotes em 75,2% – quase dez vezes acima da inflação.

“Os reajustes foram mais frequentes entre os pacotes de custo intermediário, os quais, possivelmente, são os mais utilizados pelos consumidores”, aponta Ione Amorim, economista e pesquisadora do Idec. Entre as tarifas avulsas, os aumentos, apesar de pontuais, também foram significativos. O HSBC, por exemplo, ele- vou a anuidade de um cartão de crédito em 136%. “Os índices [de reajuste] muito superiores à inflação são abusivos e sem justificativas do ponto de vista da prestação do serviço”, alerta.

Ione Amorim informa que uma nova pesquisa será publicada em setembro, com os dados de 2016. Mas, de antemão, já detectou o aumento de ta- rifas em função do endividamento das pessoas, que têm buscado menos crédito. Com a redução das receitas de financiamento, os bancos buscam compensar as perdas por meio da elevação das tarifas de serviços bancários.

O Procon-SP, por sua vez, chama a atenção para a disparidade entre as tarifas praticadas pelos bancos. Pesquisa do órgão, divulgada no fim de junho, revela que a diferença de valor entre os serviços bancários prioritários pode chegar a 447,50%. Para o serviço “Pagamento de contas utilizando a função crédito do cartão”, o menor valor cobrado foi R$ 4, pelo Banco do Brasil, e o maior, R$ 21,90, pelo Santander. A pesquisa analisou e comparou serviços
prioritários e pacotes padronizados de sete instituições financeiras: Banco do Brasil, Bradesco, CEF, HSBC, Itaú, Safra e Santander. Os dados foram coletados nos próprios sites dos bancos.

Segundo Cristina Martinussi, na comparação entre 2015 e 2016, a maior variação foi de 198,25%, no serviço Depósito Identificado no Banco do Brasil. Em 16/6/15, o custo desse serviço era de R$ 2,85, em 2/6/16, passou para R$ 8,50.

Na comparação entre os bancos, feita pelo Procon-SP, a maior diferença foi encontrada no Pacote Padronizado IV. O menor valor cobrado por ele é de R$ 25,50 no HSBC, enquanto no Itaú o mesmo pacote custa R$ 36 – 41,18% mais caro.

A Fundação Procon-SP lembra que o Banco Central estabelece um rol de ser- viços gratuitos, que pode ser boa opção para o consumidor que não utiliza a conta corrente com frequência. Mas no caso de optar pela contratação de um pacote, o correntista deve verificar se os serviços inclusos e suas respectivas quantidades estão de acordo com sua utilização, e sempre observar se a instituição financeira oferece algum desconto no pacote, em função do seu relacionamento com ela.

NA ERA DIGITAL
A utilização de novas tecnologias, com o oferecimento de serviços, tais como SMS, token e agências virtuais, também é fonte de preocupação. Questionado sobre se esses novos serviços podem ser tarifados, Sidney Ferreira explica que a Resolução 3.919 admite a cobrança pela prestação do serviço diferenciado, como envio de mensagem automática relativa à movimentação, ou lançamento em conta de depósitos ou de cartão de crédito. “A cobrança de tarifas, nesse caso, pressupõe que o serviço tenha sido objeto de contratação prévia pelo cliente, com a explicitação de suas condições de utilização e de pagamento. Quanto ao fornecimento de token e à disponibilização de agências virtuais, a regulamentação vigente não prevê a possibilidade de cobrança de tarifas específicas”.

De todo modo, o Banco Central vem acompanhando as inovações que guardam relação com as atividades desenvolvidas no âmbito do mercado financeiro, tendo criado um grupo de trabalho interno, com a participação de representantes de todas as áreas técnicas, com o objetivo de elaborar, inicialmente, estudos a res- peito de inovações tecnológicas digitais relacionadas às atividades do Sistema Financeiro Nacional e do Sistema de Pagamentos  Brasileiro.

No intuito de baratear seus custos, os bancos também têm insistido no uso de canais digitais, em substituição aos canais presenciais. Para Ione Amorim, essas iniciativas estimulam a precarização dos serviços bancários, como a recente decisão dos principais bancos de deixarem de receber pagamento de contas nos guichês das agências. Ela lembra que nem todo mundo tem internet, e nem toda cidade tem infraestrutura de telecomunicações adequada. “A migração para os canais digitais não é espontânea, e sim imposta e estimulada pelos bancos. Num primeiro momento, os novos serviços que ainda dependem de adesão são oferecidos sem custo, mas o segundo passo é cobrar pelas facilidades, como o doc e a transferência no internet banking”, adverte.

Em defesa das instituições bancárias, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) esclarece, por meio de um posicionamento padrão, que taxas e tarifas representam o pagamento pela prestação de serviços. Os bancos são tanto prestadores de serviços quanto intermediários financeiros. Isto é, além de serem remunerados pela concessão de crédito, auferem receitas por outras diversas atividades. A entidade afirma que os bancos seguem estritamente as regulamentações do Banco Central no que se refere às cobranças que podem ou não serem feitas. Dentro das normas estabelecidas, cada instituição financeira determina os preços de seus produtos de acordo com sua estratégia comercial.


Artigo, Guilherme Fiuyza, O Globo - Afundou o País e foi à praia

Afundou o país e foi à praia
Progressistas de butique não se importam que as bandeiras de esquerda tenham sido usadas para roubar o país

24/09/2016 - 08h01
Guilherme Fiuza, O Globo

Não há PowerPoint que consiga explicar a pedalada de Dilma Rousseff na Praia de Ipanema. Tranquila, sem contratempos, ela foi até o Leblon e voltou. Numa boa. No dia seguinte, seu ex-ministro da Fazenda foi preso. Como a torcida do Flamengo já sabia, Guido Mantega era mais um despachante da companhia.

Vejam como a senhora das pedaladas é honesta, conforme um pedação do Brasil adora acreditar: Mantega, Paulo Bernardo, Fernando Pimentel, Gleisi Hoffmann, André Vargas, Erenice Guerra, João Vaccari... Chega. Já sabemos que a cada enxadada corresponde uma minhoca.

Todo o estado-maior de Dilma, e o menor também, está enrolado com a polícia. E ela está na praia. Com a saga de Guido Mantega no governo popular — que vai sendo revelada pela mulher do marqueteiro, por Eike Batista e outros inocentes torturados pela Lava-Jato, — o farol de Curitiba começa a apontar para as catacumbas do BNDES.

As negociatas de Fernando Pimentel, amigo de Dilma e governador de Minas (nesta ordem), somadas às tramas de Lula com suas empreiteiras de estimação, já indicavam que as paredes do gigantesco banco público têm muito a contar. Agora vai. Mantega foi um dos peões de Dilma no colossal esquema da contabilidade criativa, que o Brasil só notou quando foi apelidado de pedalada, e mesmo assim não acha muita graça.

É um enredo impressionante envolvendo BNDES, Tesouro, Caixa e Banco do Brasil, para esconder déficits e liberar dinheiro público para os companheiros torrarem em suas olimpíadas eleitorais. Isso aconteceu por mais de uma década, e foi um par de flagrantes desse assalto que despachou a presidenta mulher para Ipanema — o famoso golpe.

Se Lula é o sol do PowerPoint, Dilma é, no mínimo, a lua. Guido Mantega deu sequência às obras dela na presidência do Conselho de Administração da Petrobras, sob o qual foi montado e executado, nos últimos 13 anos, o maior esquema de corrupção da República — se é que há algo de republicano nesse populismo letal.

A literatura obscena da Lava-Jato, e em especial a denúncia do Ministério Público contra Lula (que o Brasil não leu, porque é muito longa), mostra tudo. Lula e Dilma cultivaram os ladrões camaradas nos postos-chave para manter a dinheirama irrigando os cofres partidários. Mas Dilma diz que não tem conta na Suíça como Eduardo Cunha.

Vamos esclarecer as coisas: Eduardo Cunha é um mendigo perto do esquema bilionário que sustenta Dilma, a mulher honesta. O que também sustenta Dilma, e todos os delinquentes do bem, é a ação corajosa dos progressistas de butique. Eles não se importam que as bandeiras de esquerda tenham sido usadas para roubar o país.

O papo do golpe é uma mão na roda: Dilma, a revolucionária, foi massacrada pelos velhos corruptos do PMDB. Todos sabem que estes viraram ladrões de galinha diante da ópera petista, mas lenda é lenda. Ser contra o golpe dá direito a ser contra a ditadura militar, a violência policial, o racismo e o nazismo. É um pacote e tanto.

Também dá direito a ir à posse de Cármen Lúcia no Supremo Tribunal Federal — o mesmo STF que presidiu o impeachment de Dilma. Deu para entender? Vários heróis da resistência democrática contra o golpe foram lá, pessoalmente, festejar a nova presidente da corte golpista. Contando, ninguém acredita.

Teve até show de MPB — a mesma que ouviu da própria Cármen Lúcia o famoso “cala a boca já morreu”, contra aquele projeto obscurantista de censurar biografias. Alguém já disse que é proibido proibir. Mas debochar da plateia está liberado. Nem é bom citar esses acrobatas da ideologia. Vários deles são artistas sensacionais, que colorem a vida nacional.

Melhor esperar que desembarquem de suas canoas furadas a tempo, e parem de alimentar essa mística vagabunda — porque, atenção, comprar o barulho do governo destituído e seus genéricos não tem nada a ver com ser de esquerda. Ao contrário: além de destruir a economia popular, essa gangue fraudou as bandeiras da esquerda.

Adaptando Millôr: desumanizaram o humanismo. Foi uma dessas turminhas de humanistas desumanos que hostilizou uma jornalista de TV com seu bebê de 1 ano numa calçada da Gávea. São jovens simpatizantes de um desses candidatos bonzinhos que incentivam a porrada. Eles são contra o sistema (seja lá o que isso signifique) e contra a mídia burguesa.

Assim morreu o cinegrafista Santiago Andrade. No dia 2 de outubro, os cafetões da criançada ignara vão às urnas buscar seus votos progressistas. Os heróis da resistência ocuparam o Canecão. Ótima ideia. Melhor ainda se tivesse sido executada há quase dez anos, quando o PT fechou esse templo da música — fingindo que estava defendendo a universidade pública de empresários gananciosos.


Onde estavam vocês quando aconteceu esse golpe hipócrita contra a arte? Vamos falar a verdade, queridos cavaleiros da bondade. Antes que a praia vire passarela de quem devia estar vendo o sol nascer quadrado.