Nesta análise divulgada hoje pela equipe de economistas do Bradesco, fica claro que a retomada cíclica da economia vem se confirmando, mas em
ritmo ainda moderado.
Leia (e estude) tudo com atenção:
Os dados de atividade corroboram um cenário de retomada
consistente, mas ainda bastante gradual da economia. O comércio permanece como
o setor líder da retomada, enquanto a indústria e o setor de serviços se
estabilizam e ensaiam um início de expansão. Com os indicadores antecedentes de
novembro e dezembro já conhecidos, projetamos crescimento de 0,2% da economia
no 4º trimestre. Esse ritmo de expansão é ligeiramente inferior ao que
imaginávamos há alguns meses e coloca um sutil viés de baixa para nossa
projeção de 2,8% de crescimento em 2018. Os dados preliminares de vendas de
Natal, por exemplo, sugerem uma alta entre 3% e 5%, bastante alinhada com a
alta da massa real de salários, de 2,6%. Como a renda real não deve ter novo
impulso marginal vindo de surpresas de desinflação, esse vetor terá menos peso
ao longo de 2018. Com isso, o consumo ficará mais dependente da alta do
emprego, que deve se dar em ritmo gradual, sustentando expansão de consumo
moderada em 2018.
Outro vetor que deve suportar a retomada da economia é a
maior disponibilidade de crédito que deve fluir para economia. O estoque de
crédito pessoa física se expandiu 5,8% nos últimos 12 meses, enquanto ainda há
contração de 8,4% do estoque de crédito para pessoa jurídica na mesma base de
comparação. Vale dizer que as modalidades de crédito com melhores garantias
apresentam queda nas taxas de juros mais intensas do que as observadas para as
modalidades com garantias mais frágeis, ou sem garantias.
Do lado mais positivo dos estímulos que podem impulsionar
a economia em 2018 há a queda da taxa básica de juros. Os dados recentes de
inflação, a alta contida do salário mínimo, a melhora do regime de chuvas e a
comunicação do Banco Central deixam aberta a possibilidade de que os juros
caiam até abaixo de nossa projeção de 6,75%. Os dados correntes de inflação
voltaram a surpreender para baixo em novembro e dezembro e, com isso, o IPCA
deve fechar 2017 ao redor de 2,7%, abaixo portanto do piso da meta de inflação,
de 3,0%. A manutenção de níveis de inflação baixos por um período mais
prolongado de tempo (está abaixo de 3,5% há mais de seis meses) tende a fazer
com que a inércia da inflação também seja menor.
Indústria
O Indicador Agregado da Indústria subiu em dezembro e
atingiu 53,4 pontos, um ponto acima da média histórica. A média dos resultados
desde outubro sugerem crescimento de 0,4% do PIB no quarto trimestre. A
projeção oficial do Depec, considerando todas as variáveis, é de alta de 0,2%,
isto implica crescimento de 1,1% para o PIB de 2017.
Os destaques do mês foram pedidos em carteira, produção e
NUCI. Os pedidos em carteira subiram 0,9 no mês, atingiram 53 pontos, se
aproximando da média histórica de 53,8 pontos. O patamar de dezembro é o mais
alto desde set/13. A produção também se recuperou no mês, com alta de 0,7
ponto, para 54,6 – também próximo da média histórica (54,8 pontos). Esse também
é o resultado mais elevado desde o final de 2013. Ainda chamou a atenção o comportamento
do NUCI, que subiu 0,5 ponto no mês, para 52,4 (média histórica: 53,8). O
comportamento dos indicadores em dezembro sugerem que a desaceleração observada
em novembro deve ter refletido antecipação de pedidos para a “Black Friday”.
Assim, esperamos que o setor continue com desempenho positivo nos meses à
frente. A confiança dos empresários do setor, em nível mais alto desde jan/11,
corrobora essa leitura.
Em dezembro, os destaques setoriais da indústria foram:
metalurgia básica, veículos e fumo. Considerando o indicador agregado de
atividade de cada setor, estes foram os setores que apresentaram melhor
desempenho no período, situando-se 2,3; 2,0 e 2,0 pontos acima das respectivas
médias históricas. Esses setores já vem apresentando resultados melhores há
alguns meses.
Comércio
O Indicador Agregado do Comércio caiu 1,2 ponto em
dezembro e chegou a 51,9 pontos, um ponto abaixo da média histórica. A média
dos indicadores desde outubro sugere que o consumo das famílias ficaria
praticamente estável no período, em comparação com o trimestre anterior –
quando o consumo mostrou forte crescimento (1,2%). Os dados reforçam a leitura
de que o consumo continua dinâmico. A confiança, o aumento das concessões de
crédito, a redução dos juros e a inflação baixa, devem continuar incentivando o
consumo.
A dinâmica do índice agregado foi puxada pelos
indicadores de encomendas, enquanto as vendas e estoques recuaram. O indicador
de encomendas caiu 2,7 pontos, para 52,1 pontos (média histórica: 54,1). A
queda nesse indicador, pode indicar que houve antecipação para a “Black Friday”
em novembro, movimento semelhante ao observado na indústria no mês passado. O
indicador de vendas, por sua vez, recuou 0,8 ponto no mês, para 53,7 pontos
(média histórica: 56,4). Mesmo assim, os estoques recuaram 2 pontos no mês,
para 51,5, devolvendo toda a alta do mês anterior.
Em dezembro, os destaques setoriais do comércio foram:
equipamentos de informática, outros artigos de uso pessoal e artigos
farmacêuticos. Considerando o indicador agregado de atividade de cada setor,
esses setores se situaram 0,4 e 0,3 ponto acima de sua média histórica. Os
artigos farmacêuticos, que já vinham sendo destaque entre os menos dinâmicos,
ficaram 1,9 ponto abaixo de sua média histórica.
Construção Civil
O Indicador Agregado da Construção Civil subiu 1,8 ponto
em dezembro, para 50,5, maior patamar desde agosto/14. Assim, o indicador se
aproxima da sua média histórica, de 51,2 pontos. A média dos resultados desde
outubro sugere recuo de aproximadamente 2% do PIB de construção civil no 4º
trimestre, quando comparado com o trimestre anterior. O setor continua sendo o
menos dinâmicos entre as nossas Pesquisas, mas vem mostrando resultados
melhores nos últimos meses.
Os destaques do mês foram a melhora no ambiente de
negócios, procura de clientes por empreendimentos e número de empreendimentos
lançados. O ambiente de negócios melhorou 3,3 pontos, para 46,1 pontos. Ainda
que continue abaixo da média histórica (51,9 pontos), esse é o melhor nível do
indicador desde o final de 2014. A procura de clientes por empreendimentos
também melhorou 3,3 pontos, para 54,9 - permanecendo acima da média histórica
(51,1 pontos). O resultado é o melhor desde maio de 2013. Ainda vale destacar o
aumento no indicador de número de empreendimentos lançados, de 2,7, para 51,5
pontos, acima da média histórica (51,4 pontos). Alguns sinais de recuperação
vem sendo observados nos últimos meses, mesmo que o ritmo de retomada seja mais
lento do que observado nos outros setores.
Essa recuperação é puxada por incorporação residencial e
construção residencial. Considerando o indicador agregado de atividade, a incorporação residencial ficou 0,2 ponto
acima de sua média histórica, enquanto a construção residencial ficou 0,3 ponto
abaixo da média – estava mais distante nos meses anteriores. Vale notar que a
parte residencial vem apresentando melhora já há alguns meses e já se posiciona
no quadrante mais dinâmico.
Serviços
O Indicador Agregado de Serviços subiu 0,6 ponto, para 50,9 pontos em dezembro. Com isso, o
índice seguiu abaixo da sua média histórica (52,3 pontos), indicando atividade
ainda moderada no setor. Esse patamar sugere PIB de serviços ligeiramente
negativo no quarto trimestre, quando comparado com o trimestre passado. Apesar
do setor permanecer com atividade modesta, também vemos alguns sinais de
melhora quando comparados aos últimos trimestres, com ritmo lento de retomada.
Os destaques do mês foram a melhora da demanda e do
ambiente de negócios. O indicador de demanda por serviços subiu 0,9 ponto no
mês, para 50,8 pontos. Ainda que abaixo da média histórica (51,6), esse é o
melhor patamar desde agosto/14. O ambiente de negócios também registrou melhora
no mês, de 0,6 ponto, para 52,3 pontos. Também abaixo da média histórica (54,9
pontos), é o melhor resultado desde 2014. Assim, a confiança dos empresários do
setor continua melhorando e está no patamar mais elevado desde dezembro/13, em
69,4 pontos (média histórica: 67,9).
Nesse mês, o destaque setorial ficou para outras
atividades de serviços e atividades imobiliárias. Considerando o índice
agregado de atividade, esses setores ficaram 0,5 e -0,1 distantes de suas
médias históricas. Esses também são os setores com melhor desempenho mensal no
indicador de demanda, em que estão 0,7 e 0,2 ponto acima de suas médias
históricas.
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