Carlos Jereissati Filho, terceira geração de uma família
de empreendedores, esteve na Capital para inauguração da expansão do
Iguatemi Porto Alegre
Por: Marta Sfredo, Zero Hora.
A agenda de quarta-feira de Carlos Jereissati
Filho ilustra como anda a rotina do empresário, terceira geração de uma
família de empreendedores que, entre outras personalidades, tem o tio Tasso
Jereissati, cotado para o eventualministério de Michel Temer.
Ele veio dos Estados Unidos para São Paulo, onde pela
manhã pegou um jatinho para chegar a Porto Alegre e comparecer à
inauguração da expansão do Iguatemi Porto Alegre. Ficou cerca de uma hora e
retornou a São Paulo, onde tinha um almoço marcado com um investidor
estrangeiro:
— Graças a Deus, o Brasil tem muita gente de fora
investida aqui.
Todos se perguntam se esse é um bom momento para expandir
um shopping, qual é a expectativa?
É sempre a melhor possível. O Iguatemi é um shopping
consolidado, que já tem uma clientela enorme, que vem de todo o Estado. É
aguardado, sempre traz muita novidade, isso gera atratividade nova, clientela
nova. Gente que deixou de vir, porque faltava alguma coisa, passa a vir porque
sente que o que faltava está completo. Essa ampliação reforça esse polo de
consumo e lazer que o Iguatemi se tornou.
Como está a avaliação dos empreendedores sobre a crise?
O que existe no Brasil hoje é uma crise de confiança, que
é pior do que a crise econômica, que leva os agentes a não investir por não ver
perspectiva de futuro. Na medida em que se decida, para um lado ou para outro,
o que vai acontecer com a política, a tendência é melhorar.
Que tipo de medidas os empresários esperam na economia?
Vai depender de o Brasil fazer o que o mundo inteiro faz,
que é ser responsável fiscalmente, fazer as reformas necessárias para que a
economia se torne mais produtiva, que gere mais emprego, que o dinheiro permaneça
mais na mão das pessoas, que as pessoas decidam mais sobre suas vidas e que a
economia volte a girar baseado nisso.
Um tio no ministério ajuda?
Meu tio? (risos) O Brasil tem muitas pessoas
competentes, que adorariam poder contribuir. O Brasil não pode ser gerido pelo
segundo, terceiro, quarto, quinto escalão. O país tem um primeiro escalão de
pessoas que podem e devem contribuir com o país e podem fazer essa
transformação. É curioso que o brasileiro comum ache que, para ser presidente
de empresa privada, você tem de ter um bom currículo. E para ser presidente de
uma nação ou para estar em cargo de primeiro escalão do governo federal você
não tem de ter um belíssimo currículo. Não é verdade. É necessário que a pessoa
tenha preparo. A complexidade, a dificuldade de gerenciar um país como o nosso
não é brincadeira. É preciso que cada um de nós reflita e comece a perceber que
para termos um país que funcione, precisamos de pessoas com muita competência
na esfera pública.
Mas pela família, o tio está liberado?
Meu tio tem enormes serviços prestados ao Brasil, ao
Nordeste brasileiro. Ele foi o primeiro a falar em gestão, mudou a cara do
Nordeste. A mudança, a melhoria do Nordeste está intimamente relacionada com a
entrada do tio Tasso em 1986 e as mudanças de gestão que o Ceará passou a ter.
A ampliação foi uma obra marcada por dificuldades,
especialmente o atraso provocado pelo embargo. Qual foi o impacto?
O gaúcho recebe o shopping seis meses depois, custou
milhões de reais a mais para todos. Ninguém ganha. Todos nós, hoje em dia,
temos de trabalhar para mais eficiência em várias áreas, a privada, a pública.
Já existe uma relação madura entre o setor público e o privado. É preciso
encontrar caminhos que não sejam paradas de obras por longo tempo, questões
como essa que só empobrecem e atrapalham o empreendedorismo no Brasil, que é a
única maneira de sair desta crise. São as pessoas que investem, confiam,
acreditam, geram empregos e não desistem.
Isso deixou uma marca negativa sobre Porto Alegre ou é
questão superada?
Porto Alegre é surpreendente, porque é, de todos os
lugares que eu trabalho no Brasil, a mais dual. Tem coisas maravilhosas e
coisas mais difíceis. Toda a cidade tem algumas peculiaridades e algumas
dificuldades. Essa foi uma dificuldade daqui, que eu não vejo em outros lugares
do Brasil, que está sendo superada pela conversa, e pela noção de que as
grandes empresas trabalham pelo melhor, não querem prejudicar nem ferir
ninguém.
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