Entenda de que modo Dilma montou seu bunker para fazer oposição a Temer no Palácio Alvorada

Gustavo Uribe e Marina Dias
Folha
Com dados e informações armazenados em quase 14 anos de gestão petista, a presidente afastada Dilma Rousseff estruturou no Palácio do Alvorada uma espécie de “centro de inteligência” da estratégia dos partidos e movimentos de esquerda de contraofensiva à gestão interina de Michel Temer. O peemedebista assumiu o Planalto na quinta-feira (12), após a abertura do processo de impeachment contra a Dilma no Senado.
No chamado “bunker de resistência”, a presidente afastada montou um arquivo detalhado com números e estatísticas de iniciativas e programas das gestões petistas, concentrado na evolução ano a ano e no número de beneficiários das principais vitrines eleitorais da gestão da presidente, como os programas Minha Casa, Minha Vida, Pronatec e Bolsa Família.
A ideia é utilizá-lo na formulação de um discurso unificado para atacar o governo interino sobre eventuais retrocessos em relação às administrações de Dilma e Lula e para rebater eventuais críticas feitas pela gestão Temer em relação ao legado do PT no país.
NA OPOSIÇÃO
Segundo um aliado de Dilma, a intenção é que as informações abasteçam tanto dirigentes de partidos ou movimentos críticos ao impeachment como as bancadas oposicionistas a Temer no Congresso, como a do PT e a do PC do B.
O arquivo tem sido administrado pela assessora presidencial Sandra Brandão, que foi cedida para a presidente durante o período de afastamento temporário. Apelidada de “Google do Planalto”, ela era responsável por fornecer rapidamente dados governamentais para Dilma durante os debates televisivos na campanha de 2014.
Na estratégia de oposição ao governo interino, Dilma também montou uma equipe para cuidar do compartilhamento de conteúdo nas redes sociais e reforçará a divulgação do portal Informa Brasil. Criado no ano passado pelo governo federal, mas que até o momento não havia sido divulgado, o site reúne informações sobre as iniciativas da gestão petista na Presidência.
VIAGENS PELO PAÍS
Em outra frente, Dilma iniciará ainda neste mês viagens pelo país para criticar o impeachment e dará semanalmente entrevistas para veículos de imprensa nacionais e internacionais. Na última sexta (13), por exemplo, falou com agências estrangeiras.
A estratégia, como explicou um assessor da presidente afastada, é “ocupar o máximo de espaço possível”, fazendo, assim, um contraponto a Temer no período de afastamento.
REFORMA NO PALÁCIO
Na tentativa de adaptar o Palácio do Alvorada à nova equipe, a presidente afastada fez mudanças no local.
As salas anexas à biblioteca da residência oficial e a sala de jogos foram reorganizadas para receber 25 auxiliares. Para abrir espaço, objetos e móveis foram transferidos para a Granja do Torto.
Para monitorar o cenário internacional e viabilizar viagens para o exterior, Dilma pretendia manter em sua equipe o ex-assessor especial para assuntos internacionais Marco Aurélio Garcia, mas, segundo apurado pela Folha, ele não deve integrar o grupo.
A equipe dela é formada por nomes como o assessor especial Giles Azevedo, o fotógrafo Ricardo Stuckert e o ex-subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil Jorge Rodrigo Messias, o “Bessias”, citado em conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal entre a presidente e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, em março.
Para a coordenação da área de comunicação, Dilma chamou o jornalista Olímpio Cruz, que foi secretário de Imprensa do Planalto no último ano do primeiro mandato da presidente.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Ao tomar conhecimento desta matéria, o comentarista Wilson Baptista Jr, fez o seguinte desabafo: “Além de usar os aviões da FAB para viajar falando contra o golpe, Dilma vai continuar usando um portal do governo federal (‘Informa Brasil’) para fazer propaganda petista? Essa é demais… Temer deveria bloquear o portal contra interferências”. Além disso, o Blog acrescenta que é preciso estranhar na equipe a presença do fotógrafo Ricardo Stuckert, que é pago pela Confederação Brasileira de Futebol (R$ 35 mensais) para trabalhar para Lula e Dilma. Realmente, é demais. (C.N.)

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