Artigo, Tito Guarniere - Conjuntura

TITO GUARNIERE
CONJUNTURA
Trump
Na América, conta mais do que tudo a capacidade individual de superar dificuldades, ganhar dinheiro, vencer na vida. Goste-se ou não, na raiz da opulência do Império está o indivíduo, senhor de suas escolhas, capaz de escrever sua história (quase unicamente) pelo seu próprio talento e esforço.
Donald Trump, cowboy solitário, o Rambo de topete, enfrentou, com seu estilo meio bufo, hordas de “vilões”, o fogo amigo do próprio partido, o “stablishment” político de Washington, as pesquisas eleitorais, a mídia politicamente correta, as megaempresas de Wall Street, as ondas imigratórias, e tudo o mais que se atravessasse no caminho, infligindo-lhes uma derrota humilhante e inesquecível.
Não se chega à presidência do Paraguai ou da Bolívia – e muito menos dos Estados Unidos – sem reunir um conjunto de atributos. Não gosto dele. Porém, mais do que gênios marqueteiros, cientistas sociais de ocasião, jornalistas de escol e “formadores de opinião”, Trump, como os índios dos filmes, soube colar o ouvido ao chão e saber de que lado vinha o tropel dos cavalos. Detestem-no, mas não o menosprezem.
Meritíssimos
O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, em encontro promovido pela Associação dos Magistrados Brasileiros, defendeu a tese de que “não é vergonha” pedir aumento para a magistratura. Até aí tudo bem, embora, do meu ponto de vista, não caia bem um ministro do Supremo andar por aí vocalizando reivindicações de classe. Mas Lewandowski resolveu emendar, dizendo que os juízes são “trabalhadores como outros quaisquer”. Menos, Ministro! O que os juízes ganham só de auxílio-moradia é mais do que ganha a esmagadora maioria dos trabalhadores brasileiros.
O encontro da AMB foi em um resort da Bahia e teve como atração especial um show de Ivete Sangalo para suas excelências.
Diferenças
Que os estados estão em petição de miséria, ninguém ignora. Mas só o Poder Executivo. No Judiciário, Ministério Público, defensorias, Tribunal de Contas e Poder Legislativo, tudo segue na mais perfeita ordem. Nenhum funcionário recebe o salário parcelado, nada fica para trás.
Os juízes e desembargadores gaúchos, semana passada, receberam valores atrasados de cinco anos, de auxílio-alimentação, valor médio per capita de R$ 50 mil reais.
Há gente que recebe atrasados. E há gente que recebe em atraso. Mas não se trata da mesma coisa.
Greve geral
Da “greve geral” da semana passada, dentre mortos e feridos, todos se salvaram. Mas os manifestantes tiveram seus costumeiros cinco minutos de fama, usufruindo do prazer indisfarçável de irritar quem trabalha e quem produz, quando provocam o caos no trânsito e paralisam as cidades.
Enquanto o País ia à breca e os trabalhadores perdiam seus postos de trabalho – são mais de 12 milhões de desempregados no Brasil - eles, dos “movimentos sociais”, não queimaram um único e só pneu, não estilhaçaram uma vidraça. E por que iriam se incomodar com a crise moral, econômica e social que estava em curso, célere e devastadora, se mamavam, febris, nas gordas tetas do Estado brasileiro?
Ao menos agora eles têm que trabalhar um pouco.

titoguarniere@terra.com.br​

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