Ontem, o
país foi sacudido pela delação da Odebrecht.
E, sem
nenhum espanto ou surpresa, todos (eu disse todos) os acusados – que não são
poucos – alegaram, unânimes, a mesma cantilena repetida invariavelmente pelo
Lula ou o pelo seu Instituto: “que as doações recebidas foram legais e
devidamente declaradas”.
Ora,
ora, quanta falta de originalidade!
Tá certo
que nem o maior abestalhado do mundo irá confessar-se culpado, mesmo sob
pressão de evidências fortes.
Mas, daí
a ficar repetindo as velhas e esfarrapadas desculpas de sempre significa uma
quase assunção de culpa.
Ou será
que alguém pode imaginar que o “delator” iria colocar sua vida a prêmio para
inventar tantas mentiras? Só se fosse um louco de pedra, um masoquista suicida
do tipo que enfia a mão num covil de cobras venenosíssimas na vã esperança de
não ser mordido ou picado.
A maior
prova do poder daquele que agora acusa está no fato de que – antes – era
bajulado ao extremo por toda a classe política do país; era visto como o grande
abastecedor das contas de campanha, ou o salvador das dívidas, a esperança de
receber grana fácil.
Hoje ele
é tratado como canalha, mentiroso, etc... Que grande mudança para quem, antes,
era tido como o grande amigo, a pessoa a quem os verdadeiros canalhas corriam para
pedir favores pecuniários.
E o pior
de tudo se situa numa atitude hipócrita, digna daqueles sem nenhum caráter, que
agora pulula nas entrevistas: Se o acusado de receber propina é da direita,
ouvimos o delírio das esquerdas. E vice e versa!
A
verdade é que faltando poucos dias para o carnaval, as máscaras caíram.
Máscaras de tucanos, de coxinhas, de mortadelas; de comunistas e conservadores,
além de uma dúzia de vestais da honra e da moral. Sim, de aproveitadores de
todos os partidos e ideologias.
O que é
muito óbvio, pois a ganância, o deslumbre com o dinheiro fácil, e o espírito de
levar vantagem, é um atributo comum aos políticos de todas as correntes que, ao
galgarem o cargo, se consideram semideuses.
Ah, e vemos dezenas de canalhas se declarando vítimas. Ou se
dizendo injustiçados. São flagrados com as mãos sujas e tem o despeito e a
coragem de alegarem honestidade.
Igualzinho àquele que agora plagiam descaradamente.
Não é,
Lula da Silva?
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