Banco Central acelerou ritmo de corte de juros e reduziu
a taxa Selic de 13,75% para 13,00%
O Comitê de Política Monetária (Copom) optou por reduzir
a taxa de juros em 0,75 p.p., levando a Selic a 13,00% a.a., em decisão
anunciada ontem. O corte foi maior que o esperado por nós e pelo mercado (-0,50
p.p.) e marcou a intensificação do ritmo de flexibilização das condições
monetárias iniciada em outubro do ano passado, com duas reduções de 0,25 p.p. A
decisão foi respaldada por fundamentos econômicos que vêm se consolidando ao
longo do tempo e favorecem uma distensão monetária mais intensa. Dentre as
alterações no cenário macroeconômico que possibilitaram maior queda de juros,
destacamos (i) o reconhecimento de que o desempenho da atividade econômica está
aquém do esperado e de que as informações disponíveis apontam para uma retomada
mais gradual e lenta do que a prevista anteriormente; (ii) as surpresas
baixistas com a inflação no curto prazo e os sinais de que o processo
desinflacionário está mais difundido, atingindo também componentes mais
sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária; (iii) a continuidade de
queda das expectativas de inflação para 2017 e a ancoragem ao redor da meta de
4,5% para 2018, com as projeções condicionais do Copom para o final deste ano
recuando para 4,0% e 4,5% nos cenários de referência e de mercado,
respectivamente e (iv) o encaminhamento e aprovação das reformas fiscais que
têm se mostrados positivo no curto prazo. Ainda que os impactos do "fim do
interregno benigno" tenham sido limitados até o momento, as incertezas em
torno do cenário externo permanecem como fator de risco. Além disso, o
comunicado enumerou outros riscos, como as incertezas em torno da aprovação e
implementação de ajustes fiscais e a possibilidade de interrupção do processo
de desinflação de componentes do IPCA mais impactados pela atividade econômica.
Vale destacar que o Copom avaliou a opção de reduzir a
taxa de juros em 0,50 p.p., mas a ancoragem das expectativas de inflação, a
disseminação da desinflação e a atividade econômica mais fraca propiciaram a
antecipação e o estabelecimento de nova velocidade de corte de juros.
Consideramos a decisão correta e amplamente sustentada por fatores técnicos, e
esperamos que o BC opte por novas reduções de 0,75 p.p. da taxa Selic nas
próximas três reuniões, tendo em vista que as condições apontadas para a
intensificação do ciclo de flexibilização seguirão presentes. O próprio Banco
Central (BC) sinalizou no comunicado que este será o ritmo natural de distensão
monetária nas próximas reuniões na ausência de grandes surpresas adicionais no
cenário. Em relação à Selic ao final de 2017, mantemos nossa projeção de 9,50%
ao ano, como reflexo da mensagem do BC de que a intensificação do ritmo de
corte se trata de uma antecipação do ciclo de ajuste monetário, sinalizando não
haver, neste momento, a percepção de que o ciclo deva ser mais extenso do que o
previamente previsto. Por fim, ressaltamos que a Ata do Copom, a ser divulgada
na próxima terça-feira, trará mais detalhes da avaliação do cenário da economia
brasileira e dos próximos passos da autoridade monetária.
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