TITO GUARNIERE
CONJUNTURA
Solução de emergência
Com as prisões ardendo em chamas e o sangue jorrando de
cabeças decepadas, não fazia nenhum sentido que os 350 mil homens das Forças
Armadas assistissem tudo à distância.
Altos comissários dos governos Lula e Dilma, da área de
Segurança Pública, e outros críticos, alertam para o perigo de convocar
Exército, Marinha e Aeronáutica para auxiliar na crise dos presídios e combater
o crime organizado. O maior risco seria contaminar as forças armadas com a
corrupção. Não posso crer que as forças armadas brasileiras sejam assim tão
frágeis e indefesas.
A situação dos presídios não degringolou com a chacina de
Manaus. Ela vem de longe e se agravou durante os governos de Lula e Dilma. É
parte indissociável da herança maldita dos governos do PT. A bomba estourou no
colo de Temer e ele fez o que tinha de fazer: em situação de emergência,
solução de emergência.
De empulhações e de empulhadores
O jornalista Elio Gaspari tem indisfarçável predileção
por ex-autoridades dos governos passados desde 2003, e delas ele fala fino.
Quanto ao governo atual, ele não perde ocasião de passar pitos e dar lições de
moral. Ele acusou o ministro da Justiça Alexandre de Moraes de fazer só
marquetagem. Gaspari acha que o ministro Moraes, para resolver a crise
penitenciária, deveria parar com a “propaganda e a empulhação”. “Parece pouco,
mas ajuda”, segundo ele.
Gaspari também considera tapeação medidas aventadas para
minorar o problema dos presídios, como o uso de tornozeleiras, satélites,
radares, e mudanças pontuais na lei. Às vezes, o famoso jornalista derrapa na
empulhação.
Dois e dois são cinco
No Brasil, menos de 8% dos alunos aprendem matemática
como deveriam. Com tal nível de aprendizado, jamais seremos grandes. Como está,
continuaremos no remanso fuleiro que nos aparvalha e rouba nossas energias.
E não há solução à vista. Tivéssemos ainda capacidade de
reação, começaríamos pagando melhor os professores de matemática. Mas isso é
tabu. No apego doentio à teoria de uma suposta igualdade, todos os professores
(da rede pública) ganham a mesma coisa, lecionando matérias estratégicas para o
desenvolvimento do país, ou disciplinas secundárias e não essenciais.
Pior: um mau professor de matemática deve ganhar o mesmo
salário de um bom. A rejeição ao mérito, esforço e resultado prevalece nas
corporações docentes, e está entre as razões determinantes da falência no nosso
sistema de ensino.
A escalada autoritária de Boulos
Guilherme Boulos, que não é sem teto e nem trabalhador,
mas é o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, MTST, denunciou sua
recente prisão como parte de uma escalada autoritária em curso no país. Foi
solto no mesmo dia.
A escalada autoritária de Boulos não impede que ele e o
MTST confrontem ordem judicial de reintegração de posse, lancem rojões contra a
polícia, queimem pneus e lixeiras, interrompam o trânsito, quebrem vitrines. E
em meio à “escalada autoritária”, Boulos deita e rola e escreve o que bem
entende na sua coluna semanal no maior jornal do país, a Folha de São Paulo.
titoguarniere@terra.com.br
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