CASTIGO NELES

CASTIGO NELES

         Que saudades da educação, dos limites, do respeito, do comportamento correto, das exigências que os pais e professores faziam para que as pessoas “andassem na linha”.
         Quem não “andasse”, pagava o pato. Simples assim.
         E olhem que eu cresci numa época em que o grito de liberdade era uníssono. Amor livre, drogas e rock and roll, fizeram parte da minha geração. Uma geração que adorava (era moda!) contestar, usar calças Lee desbotadas, a invasão do psicodélico, os Beatles, os Rolling Stones, ter um amigo maconheiro, acampar na praia.
         A (sutil) diferença é que muitos faziam tudo isso – e até mais – com respeito e educação. Enquanto alguns ficaram pelo caminho, estes venceram e foram (muitos são ainda) alguém de sucesso na vida.
         Escrevo isto ao tomar conhecimento que a tal “Comissão de Ética do Senado Federal” resolveu perdoar (fazendo vistas grossas, ignorando) o descalabro patrocinado por algumas senadoras, dias atrás.
         Assim como na Câmara dos Deputados até cuspir na cara de colegas “não dá em nada”, no Senado – outrora berço de personalidades marcantes na história republicana – invadir a mesa diretiva, ocupar na marra as cadeiras destinadas à presidência daquela casa, impedir uma sessão e, debochar do país inteiro comendo um lanche onde se deveria trabalhar, igualmente não é considerado um desrespeito grave.
         Que saudades dos limites e do respeito impostos em casa e nas escolas. Graças a eles (limites e respeito) aprendi a me comportar como gente. E não como bicho do mato!
         Agora já estou velho, mas também gostaria de poder transgredir sem receber qualquer pena. Igualdade para todos! Não é o que desejam?
         Queria poder cuspir no rosto de quem não gosto; queria poder invadir o jardim de um desafeto e pisotear nas plantas; e depois “ficar assim”, sem nenhuma reprimenda sequer.
         Que belo exemplo para os novos, hein?
         É este é o futuro que sonhamos para os nossos netos?
         Queria só ver se na casa da senadora Gleise Hoffmann, alguém senta imundo na sala, suja os tapetes, “defeca” nas cortinas, e vai embora impune.
         Ou se, ao receber uma cusparada no rosto, assim do nada, fará o histérico deputado Jean Wyllys achar algo natural?
         Como aprendemos bem cedo: Nunca faça para os outros, o que não quer que façam pra você!

         Quem não aprendeu, não aprenderá mais. Castigo neles!

Nenhum comentário:

Postar um comentário