A esquerda que a direita gosta
Astor Wartchow
Advogado
A maioria dos
simpatizantes e militantes do que se denomina de pensamento/ideologia de
“esquerda” acredita no poder político e econômico da estatização de meios de
produção, serviços e de reservas estratégicas, como petróleo, ferro, bauxita e
outros.
Como exemplo,
há quem ainda defenda a Petrobrás, histórico antro de corrupção, como alertava
há muitos anos o jornalista Paulo Francis. Anacronicamente, uns têm saudades da
CRT e da Caixa Estadual. Pode isto, Arnaldo?
Não duvido da
sua boa fé e ideais de igualdade social e poder nacional. Porém, suas idéias
estão enraizadas no passado distante e analógico, quando não havia tamanha
competição internacional e tecnológica.
Mas há algo
pior do que a não atualização e compreensão da dinâmica e do saber
econômico-social. “Sem querer querendo” (parafraseando o cômico Chaves) fazem o
“jogo” das ricas e poderosas corporações do serviço publico estatal.
De modo que
hoje há uma grave questão ideológica não resolvida no campo da esquerda
brasileira, qual seja: ao defender estes feudos corporativos, serviços e
produtos estatizados, a pretexto de interesses estratégicos nacionais, a quem
servem os partidos de esquerda?
Mais do que
nunca é o momento de realizar uma reflexão sobre o serviço publico e as
estatais, por exemplo, e sobre o que queremos para o Brasil e o povo
brasileiro.
Sugestões
para a reflexão? Há que se distinguir graves e profundas diferenças entre o que
é idealizado (ideológica-política-partidariamente) e a realidade objetiva.
Alguém tem
dúvidas sobre a não qualidade e eficácia da intervenção estatal na economia e
nas relações sociais? E sobre o fartamente demonstrado custo social (às vezes,
desastroso) dessa ação?
Uma das ilusões
mais onerosas e inconseqüentes da intervenção estatal decorre da suposição de
que na ação estatizante a conversão de uma atividade privada permitiria ganhos
individuais de bem-estar social.
É um erro
conceitual. A intervenção estatal soma(tiza) todos aqueles custos típicos
da iniciativa privada – mobilização de capital financeiro e material, projetos
e administração em geral, mais os custos do “lobby” e da corrupção.
A corrupção e
o desperdício são inerentes ao estado e aos processos de (inter)mediação,
agregados aos custos adicionais determinados pela burocracia, incompetência e
arbitrariedades.
Cada ato que
incrementa a intervenção estatal - e conseqüente aumento da carga tributária -
caminha em sentido contrário da solução dos problemas e do necessário
enriquecimento popular e empoderamento da sociedade.
Infelizmente, a esquerda brasileira continua confundindo regulação
e ação de estado com tamanho de estado. E resulta por ser a favor das
corporações e favorecedor do jogo obscuro e fraudulento que ocorre nos núcleos
do poder econômico estatizado.
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