Artigo, Marcus Vinicius Gravina - País do deboche

O casal presidencial instalou-se em um hotel de luxo de Brasília por nossa conta. Não era do amigo.

Arrumou um pretexto de reforma no Palácio da Alvorada para só então ir morar nele. Suponho que uma das razões tenha sido dada pela primeira- dama. Não querer sentar-se no mesmo vaso sanitário usado por sua rival, a ex-primeira-dama.  A outra, para que os seus exorcistas completassem o trabalho de espantar os fantasmas bolsonaristas.

Este episódio, de inexpressiva importância, serviu para muitos perguntarem: por quanto tempo ainda, o presidente terá um palácio à sua disposição, com bedéis e todo o tipo de dezenas de serviçais pagos pelo povo, incluídos os gastos da sua madame.

Afinal, este não é o país de 120 milhões de famintos, segundo a ministra Marina? 

Alguns governantes de outros países não saem de suas casas ao assumirem  e seguem aos seus locais de trabalho, de bicicleta, transporte público e suas esposas não têm “cartão corporativo”, para  pentearem o cabelo em São Paulo com avião da FAB.

Ouvi do ministro da fazenda que ele prepara um programa de redução de gastos, para logo encaminhar a reforma fiscal.  Há muito a fazer e pouco o nada  acontecerá, como o cancelamento de requisições de ministros, com e sem togas, de jatos da FAB para viagens particulares. Só este mês foram mais de 40 vôos a vários Estados.

Desde a posse o presidente declarou que viajará dando volta ao mundo, para estreitar relações diplomáticas e comerciais. 

Assim como desdenha às FFAA parece acontecer o mesmo com a missão do Itamaraty.  Vai transformar o jato presidencial, com pilotos da FAB, em uma “embaixada alada”. Esvaziará as atribuições dos embaixadores e irá diretamente com o seu ministro de relações exteriores e ministros de outras pastas do seu governo ter com autoridades e entidades empresariais de outros países. 

Muitos gastos com as embaixadas acabarão sendo supérfluos. Para pensar nisto o Google informa que possuímos 196 embaixadas e 64 consulados e exibe as fotos de 60 delas pelo mundo.

Alguns prédios adquiridos pelo Brasil no exterior são “palácios históricos” com obras de artes caríssimas, faltando pouco para serem transformados em concorridos museus.  É o caso da embaixada em Roma, junto à Praça Navona. Imagine-se o custo de manutenção destas edificações somados ao de um contingente de empregados fixos, na maioria daqueles países. 

O fato novo está na mudança dos tempos cuja tecnologia permite que se fale cara a cara, instantaneamente, com mandatários de todo planeta ou sejam realizadas reuniões comerciais entre  povos com dispensa de longos e dispendiosos deslocamentos na conta de recursos financeiros públicos. 

Com isto, quero dizer que de agora em diante, ou teremos embaixadas de mais ou de viagens presidenciais abusivas, desproporcionais e de duvidosa importância, como foi a recente aos Estados Unidos. 

Como ninguém irá impedir que o presidente e a sua corte diminuam seus passeios por todos os continentes, sugere-se como medida compensatória, que o patrimônio representado por imóveis das embaixadas sejam convertido em dinheiro para destinação aos sem-tetos e ao MST  para compra de áreas para evitar as novas invasões de propriedades rurais, notícia que a imprensa tradicional não informa. 

As instalações de embaixadas podem existir em dependências funcionais, mais modestas. Quanto as do presidente de Res Pública jamais poderia ser chamada e ter forma de Palácio, mesmo que ele se apresente como o Rei e tenha a seu serviço um Cardeal de Richelieu do outro lado da Praça dos Três Poderes defensor do absolutismo da esquerda no Brasil.

Palácio da Alvorada é vitupério. Deboche aos brasileiros.

Caxias do Sul, 19.02.2023


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