Argentina

No domingo passado, ao participar da live semanal do deputado federal Tenente-Coronel Zucco, ele abriu uma discussão para avaliarmos as semelhanças entre o que foi o governo Bolsonaro e o que poderá ser o governo de Javier Milei, o presidente que assumirá amanhã o comando da Argentina.

Ambos são políticos de características outsiders pela direita: conservadora nos costumes, nos chamados valores sociais; e liberal na condução do governo e da economia.

Nestes aspectos, não existem grandes diferenças, embora Javier Milei faça um discurso muito mais extremado do que o de Bolsonaro - que ele chama de liberal libertário.

Mas é isto.

Mas existem diferenças em relação aos cenários sobre os quais trabalhou Bolsonaro e vai trabalhar Milei.

Argentina - 46 milhões de habitantes. Brasil, 210 milhões.
Inflação que Milei herda - 142%. A que Bolsonaro pegou - 2,95%.
PIB que herda Milei - +1,7% em 2022. Bolsonaro, +1,3% em 2017.

Nas declarações de Bolsonaro e de Milei, sexta-feira, ao final do encontro que ambos mantiveram em Buenos Aires, que foi mais aberto do que qualquer pessoa poderia imaginar, ambos não avançaram o sinal e foram muito prudentes, a não ser pelo grito "Es pela libertada, carajo !", entoado a plenos pulmões por Milei e pelo filho de Bolsonaro, Eduardo.

Os cenários social e político não são muito diferentes, embora os atores sejam muito diferentes, mas do ponto de vista dos valores sociais, portanto éticos, morais, estamos diante de duas sociedades bastante atacadas por renegados, enquanto que do ponto de vista do cenário político, tanto Bolsonaro quanto Milei enfrentam desafios para levar adiante seus projetos, com restrições de maiorias necessárias no Parlamento e rejeição da velha imprensa. Neste aspecto, Milei leva pelo menos uma vantagem: ele não enfrentará um STF forte e disposto a cortar-lhe o passo, coisa que Bolsonaro enfrentou desde o primeiro dia.

E quais são as diferenças mais importantes ?

Fiquemos no aspecto econômico, porque é aí que a cobra fuma.

A principal diferença é que o governo de esquerda, neoperonista, kirchnerista, neocomunista, que está saindo, entregará uma economia devastada por inflação de três dígitos, uma moeda devastada e uma economia com viés de piora extrema, tudo como resultado de três fatores corrosivos:

1) Um governo neocomunista, portanto de características estatizantes e anti-mercado.
2) Um governo corrupto.
3) Um governo incompetente.

Bolsonaro não substituiu um governo neocomunista, flagrantemente corrupto e nem um governo incompetente, porque foi Michel Temer e não ele quem substituiu o governo neocomunista, corrupto e incompetente do lulopetismo, no caso o de Dilma Roussef.

Temer fez a transição, o que não obrigou o governo Bolsonaro a fazer o tipo de tratamento de choque que Javier Milei anuncia para a economia da Argentina.

Só por conta disto, apenas por conta da debacle econômica argentina atual, a partir de segunda-feira ninguém morrerá de tédio por conta de acompanhar os acontecimentos na Argentina.

Que Javier Milei assuma em paz, daqui a pouco, ao meio dia porque dali por diante ele nunca mais terá paz - felizmente para todos os argentinos.

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