Artigo, Glauco Fonseca - Os shortinhos da discórdia

Desliguei o rádio bem na hora em que estavam comentando, pela vigésima vez, a problemática político-indumentária dos shortinhos no Colégio Anchieta. Desci do carro e entrei no BarraShopping Sul para comprar um presente para meu queridíssimo amigo Jorge, que completa 60 anos hoje em grande festa. Antes que venham as piadinhas, não, não é o mesmo Jorge também do noticiário. O das notícias tem mais de 70.

Zanzei pra lá e pra cá e, finalmente, comprei um presente para um cara de 60 anos, coisa tão difícil quanto comprar presente pra mulher de 40...

Ao me dirigir para comprar um sorvetinho – ninguém é de ferro – comecei a observar que a enorme maioria das “aborrescentes” estava usando algo parecido com os tais shortinhos satânicos do Anchieta.
Como marqueteiro que sou (do bem, sem propinas ou superfaturamentos), entrei numa loja de vestuário feminino e perguntei à primeira vendedora que apareceu:

- Boa tarde. Por acaso, vocês têm aqueles shorts de jeans (no meu tempo era de brim) que as meninas andam usando?
- Estamos em falta, mas sábado chega.
- Muita procura? Perguntei.
- Muita? Bota muita nisso, disse a vendedora.
- Porque será? Disse eu, me fazendo de sonso
- Muito quente ainda. As gurias estão bronzeadas e querem mostrar as pernas (risos)
- Mas é daqueles bem cavados?
- Não. Aqueles são usados por gurias que gostam de bailes funk, com o cós lá em cima, e cavados como um biquíni.
- Meu Deus, exclamei, agora, realmente surpreso.
- Esses eu não tenho.

Saí desta loja no primeiro piso e no superior continuei minha pesquisa. Entrei em outra loja que estava vazia, com três vendedoras na frente.

- Olá, boa tarde. Estou fazendo uma pesquisa particular. Posso fazer uma pergunta para as senhoras?

Todas aquiesceram, sorridentemente.

- Esses shortinhos de jeans....
- Não temos, disseram em uníssono

E continuaram

- Uma pena, senão venderíamos horrores...
- É mesmo (olha aí o sonso de volta...)? Mas são aqueles bem cavados e “atochados” como se diz?
- Esses aí são os tais Shortquinis, são muito cavados e chega a dar pena de ver umas guriazinhas bem novinhas usando, disse uma delas.
- Se fosse minha filha, não deixava, disse a outra.
- Nem eu. É uma pouca vergonha, arrematou a terceira.

Eu perguntei, com aquela cara de mandolate:

- Mas por quê????
- O senhor sabe que elas chegam a afinar o tecido do fundilho, ficando só na costura que é pra usar sem calcinha e pra poder mostrar tudo em qualquer movimento?
- Nãããooooo, exclamei realmente impactado...será possível? É o fim dos tempos!

E me fui embora pensando “pra que fui perguntar? Viu? Agora vai até o fim!

Entrei na última loja, grande, de vestuário mais popular, mas de qualidade e fui até o reduto onde estariam expostos os tais shortinhos do capeta.

- Boa tarde. A senhora tem aqueles shortinhos em jeans?
- Pra que tu quer saber? Na lata, bem no meio dos olhos. O impacto da pergunta produziu em mim a derradeira necessidade de dizer nada menos do que a verdade.
- Eu estou curioso...
- As gurias todas estão desesperadas atrás. Não tem mais, mas amanhã vem vindo do interior, disse a senhora mais esperta que os advogados do Gerdau.
- A que a senhora atribui o sucesso desses shortinhos? Vendem muito?
- Ih, meu filho. Vende demais. A mulherada começa cedo...risos largos...

Pronto. Terminei a pesquisa.

A conclusão?


Água em morro abaixo, fogo em morro acima e mulher quando quer usar um shortinho, ninguém segura...

2 comentários:

  1. Serio que ate os meninos estão apoiando kkkk
    Sabem de nada as inocentes kkk
    Isso e falta de pai e mãe, que jogam os filhos nas escolas
    para que lá os educadores façam a parte deles (os pais).
    Regras são para serem seguidas, se não vira bagunça.
    Minha opinião.

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  2. Sodoma e Gomorra começaram assim também e deu no que deu. As pessoas deveriam aprender com o exemplo dos outros. Procurar a própria destruição é insanidade.

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