Eu nunca vi,
nestes mais de 60 anos de vida, alguém que tenha “culpa no cartório” não se
julgar perseguido ao ser denunciado.
Até o reles
ladrão de galinhas reclama do Delegado que o prendeu: “Dr.,por que somente eu
vou preso? E os outros?” diz o meliante ao ser capturado.
Este lamento
significa que – antes de demonstraruma confissão explícita de culpa – o
delinquente sempre se acha injustiçado.
Pergunte para
qualquer policial que você conheça se isto não é verdade.
Daí que,
saltando de patamar, trocamos a figura do “ladrão de galinhas”, aquele que
pratica o crime de bagatela–também considerado pela doutrina e jurisprudência
atual como “delito insignificante” – pelo assaltante de fortunas – comumente
como adjetivamos os meliantes de colarinho branco, especialmente os
envolvidosnos recentes escândalos de corrupção.
O que
diferencia os dois tipos? Ora, é tão somente o resultado do furto: enquanto o
“ladrão de galinhas” furta para comer; o “ladrão de casaca” – e não estou me
referindo ao conhecido personagem de ficção Arsène Lupin – furta para
enriquecer.
Mas, as diferenças
acabam por aqui, pois o sentimento de injustiçadoé comum a ambos os tipos de
meliantes.
Traduzindo
isto para os dias de hoje, assistimos – já nem tão estupefatos, diante da
“rotineira normalidade” com que as notícias estão sendo divulgadas – alguns
personagens importantes da República tentar justificar seus delitos (muitos
deles, gravíssimos) com o pífio argumento de estar sofrendo uma perseguição
orquestrada e injusta.
Ora, o que
estamos assistindonão se trata de nenhuma “perseguição ideológica”, mas sim
apenas uma BEM ORGANIZADA perseguição policial,motivada pelas robustas
evidências (quando não são fartas provas) da prática continuada de crimes
financeiros.
E tais
evidências não foram escancaradas pela imprensa golpista, nem pela oposição
raivosa, como alegam as “vítimas”. Também não o foram descobertas e expostas
por coxinhas revanchistas, que supostamente desejariamum 3º turno das eleições.
Voltando ao
foco do artigo, esclareço que – até prova em contrário – todas as evidências
foram levantadas durante a BEM ORGANIZADA investigação policial, com a indireta
colaboração dos denunciados que, confiantes na impunidade que gozavam, foram
sempre muito relapsos em suas condutas.
A soberba
destes “ladrões de casaca”explica o comportamento absolutamente desidioso,
descuidado, e imprudente, que tem mantido.
Afinal, a
quadrilha imaginava estar acima da lei e da justiça, portando-se como os novos
apóstolos do enviado de Deus.
Só esqueceram
que, na hora de “dividir os delicados...”, havia na mesa do banquete mais de um
Pilatos. Se apenas um bastou para trair Cristo, e sem delações premiadas,
coloquem vários deles sob o jugo da mão firme do juiz Sérgio Moro. O resultado
é óbvio...
Então foi
criada a operação Lava a Jato.Até para compensar a frustração no final das
investigações do Mensalão.
E daí, a cada
nova denúncia, aparece a “teoria da perseguição orquestrada”!
Defendida (a
citada teoria) pelos canalhas de sempre...
Marcelo Aiquel
– advogado (24/02/2016)
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