Por Luis Milman
Dilma Roussef e Lula, mais os setores da sociedade que
apoiam o governo, continuam a recitar o mantra do golpe que estaria sendo
conduzido por uma mídia mais do que conservadora, fascista mesmo, e por um
judiciário apaniguado com poderosos. Que setores são estes? Além do PT,
vociferam contra o golpe a CUT, o MSTe o MTST, organizações de perfil
marxista-revolucionário que se, por um lado, expressam muito pouco das demandas
sociais, por outro confessam o suficiente sobre sua ligação orgânica com o
petismo. Unem-se a eles artistas e intelectuais que demonstram total falta de
discernimento sobre os mecanismos saneadores das instituições
democrático-constitucionais, preferindo apegar-se a clichês sobre uma
fantasmagoria golpista que só é tangível para mentalidades doentias. O alegado
golpe estaria sido gestado para destruir os avanços conquistados pelo
lulopetismo, que, se não é imune, dizem alguns deles, a críticas pontuais,
representa a vitória de aspirações legítimas do povo, mais especificamente, das
classes desfavorecidas, em detrimento de privilégios dos ricos. Não pode haver
algo mais desconexo com os fatos do que esta ladainha. Os esquerdistas, alguns
em estado de desvario, avaliam que o país foi colocado à deriva pelo que eles
chamam de um complô reacionário. É de se perguntar sobre a reação de quem e
contra quem. O petismo, encastelado na corte há 14 anos, distribuiu
inigualáveis lucros ao setor bancário, apostou no endividamento da classe média
baixa para estimular o consumo desbragado de bens supéfluos, não investiu
jamais em infraestrutura, associou-se aos oligarcas mais conhecidos em nome da
governabilidade, pulverizou, por inépcia a gestão das estatais e atolou-se na
mais desavergonhada corrupção, enovelando-se com o interesse criminoso do
cartel das megaempreiteras. Agora se agarra, na sua última tentativa de
sobrevivência, a Paulo Maluf, José Sarney e Renan Calheiros. É patético.
O PT, um partido fundacionalmente marxista-populista, em
seu período de governo, não só reproduziu os piores padrões oligárquicos e
patrimonialistas que conhecemos de nossa história, como o clientelismo, como os
radicalizou, introduzido nelas o componente das práticas obtusas do
sindicalismo na gestão de fundos públicos. Saqueou dinheiro de bancos estatais
com as famigeradas pedaladas fiscais, para tapar os rombos de suas despesas.
Lula, Dilma, José Dirceu, Vacari et caterva são os nomes próprios da debacle
que produziu imoralidade, inflação alta, desemprego e recessão, tudo a um só
tempo. São eles, os lulistas, os reacionários de um marxismo ainda
insepulto, cujos níveis de incompetência só são superados por seus patamares de
corrupção, Não há sinal, no ambiente de esquerda brasileira, de vida
inteligente ou de gestão eficaz. Tudo nesta esquerda ruiu, apodreceu. No âmbito
do petismo, todos abriram mão da consciência e tornaram-se reféns do populismo
mais pedestre, o lulismo, do qual Dilma e seu governo primitivo é o subproduto
agonizante. As acusações que partem desta mentalidade contra alegados complôs
da direita, envolvendo a mídia e o judiciário são, das três, uma ou todas: ou
paranoides ou idiotas ou cínicas.
Devo completar: os petistas convictos, como Chico Buarque
de Hollanda, para quem as ações de seus líderes são inquestionáveis, padecem de
um confessionalismo dissociativo-cognitivo intransponível. Para estes, mesmo a
mais despudorada ação ou declaração de um Lula ou de uma Dilma está acima da
avaliação crítica. Eles são, no plano da opinião política, aquilo que os
delirantes são no plano da interpretação dos fatos cotidianos. Lula e Dilma
sabem disso e, com base neste apoio fanático, estão buscando incendiar as
relações sociopolíticas com uma retórica vitimizadora, da mesma forma como
faziam antigos populistas na América Latina. É neste ponto que se encaixa a narrativa
distorcida e infantilizada de golpe no caso do impeachment. Até o judiciário
independente é apresentado como conspirador contra a virtuosa cúpula do PT,
essa mesma que vem patrocinando escândalos não adjetiváveis na história da
República. Esta Câmara dos Deputados, mesmo que saibamos que boa parte dela é
nocivamente flexível e tende para composições feitas às sombras, não pode se
deixar intimidar pela gritaria desta esquerda fracassada, não pode ceder ao
comércio de cargos, que nos provocam vergonha cívica. Dilma deve ser impedida
em conformidade com a previsão legal, para que a nação possa começar a
regenerar seus processos políticos, que, com o petismo e suas práticas
corruptas, próprias do esquerdismo hegemonista, foram soterrados pelo vale-tudo
da corrupção sistêmica.
Brilhante artigo. Parabens
ResponderExcluirIrretocável! Disse tudo!
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