Titular da Fazenda gaúcha, Giovani Feltes conta que está
"catando milho" para pagar contas e que só o fim da recessão salva os
Estados
A Secretaria do Tesouro Nacional estuda adotar novos
critérios para medir o peso do gasto com pessoal nos Estados. Há quem reclame,
mas o fato é que eles tendem a deixar mais claro o tamanho do peso da folha de
pessoal. A prova: pelos critérios adotados hoje, está tudo certo com o
pagamento de servidores no Rio Grande do Sul. Seu índice de gasto com pessoal
em relação à receita é de 56%, abaixo do teto de 60%. Pelo novo critério,
porém, o Estado passaria a ser o líder em gasto com pessoal, com um indicador de
75%.
A realidade atesta que o novo cálculo é mais preciso:
primeiro Estado a assumir que não tinha dinheiro para pagar as dívidas com a
União, hoje não consegue nem pagar os salários em dia. O secretário de Fazenda,
Giovani Feltes, garante que a atual gestão herdou uma longa herança de
leniência com a gastança. "Nos últimos 46 anos, em 38 o Estado ficou no
vermelho e não podemos culpar este ou aquele partido, porque os mais variados
passaram por aqui", diz.
Ele lembra que, nos anos 90, o ex-governador Alceu
Collares, do PDT, criou o caixa único, onde receitas e despesas se misturaram.
Na década passada, reforça que Olívio Dutra, do PT, deixou o caixa no vermelho.
Seu secretário de Fazenda era Arno Augustin, futuro titular do Tesouro na
gestão do PT no governo federal e um dos artífices da contabilidade criativa e
das pedaladas, que levariam a presidente Dilma Rousseff ao impeachment. Lembra
também que Germano Rigotto, do PMDB, sacou de depósitos judiciais. Mas é do
antecessor, ex-governador Tarso Genro, que Feltes fala com veemência.
"Em novembro, com um novo governo já vindo, Tarso
deu reajuste de 15% para educação e um reajuste para a segurança que deve ser
aplicado em janeiro, maio e novembro de 2015 a 2018: são R$ 4 bilhões que terão
de ser pagos pela nossa gestão", diz Feltes.
A herança inclui também uma dívida de R$ 62 bilhões com a
União. A possibilidade de contrair novos empréstimos para sair do sufoco é
zero. Apesar da repactuação com o governo federal e de um corte de 20% nos
gastos de custeio, o Estado segue com um déficit médio de R$ 550 milhões todo
mês. O vermelho é um reflexo da recessão. "Estamos lascados: começamos
2015 esperando o crescimento de 1% e terminamos com uma queda de 3,5% - e junto
tivemos um tombo de R$ 2 bilhões na receita", diz Feltes.
A rotina da gestão financeira tem sido cobrir buracos.
Foi preciso, por exemplo, parcelar o 13.º do ano passado. Como forma de
compensação para cobrir a espera, prometeram aos servidores uma indenização,
que criou uma despesa nova de R$ 240 milhões. "Para pagar tudo, vendemos a
folha para o Banrisul, por cerca de R$ 1,2 bilhão, mas a conta não fechou,
faltaram uns R$ 80 milhões que cobrimos por aqui", diz Feltes.
Catando milho. O secretário tem uma lista de possíveis
fontes de arrecadação emergenciais: uma disputa que chegou ao Supremo Tribunal
Federal que pode gerar uma economia de R$ 15 bilhões em pagamentos herdados com
o magistério que o atual governo questiona; outra discussão judicial pode
render R$ 1 bilhão. Mais R$ 10 bilhões de passivos judiciais podem entrar; há
espaço para um programa de parcelamento de dívidas tributárias. "Estamos
nessa situação: catando milho, e mesmo nesse ambiente eu não posso falar em
privatização, se não isso aqui vira um angu só", diz o secretário.
Mas, para Feltes, o mais importante seria ver a retomada
dos investimentos, com concessões, parcerias público-privadas, e a queda dos
juros, que mantém o pagamento do serviço da dívida nas alturas. Em última
instância, ele anseia pelo fim da recessão. "Se a economia não voltar a
crescer, crescer de verdade, adeus pampa mío", diz, usando uma expressão
local.
Mais dura ainda tem sido a vida dos servidores. Apesar da
multiplicação dos protestos, o jeito tem sido conviver com as restrições. Com
14 anos de magistério, o professor de português e literatura Roberto Silva da
Silva precisa escolher quais dívidas pagar. "No primeiro mês do
parcelamento, recebi R$ 600 e entrei em depressão. Ainda bem que dou 15 horas
de aula em uma instituição particular", diz. O mais angustiante é que ele
e os colegas só sabem de que forma receberão no dia do pagamento, pois o
governo não divulga antes. "É uma angústia todo mês."
Parcelem os super salários do Judiciário,Ministério Público,do Legislativo e alguns super salários do Executivo. Das estatais também. Só paga o pato o magistério, saúde e segurança. Vão tomar vergonha na cara.
ResponderExcluirParcelem também os super salários do Judiciário, Legislativo, Estatais e alguns super salários do Executivo. Somente os professores, os agentes da saúde e da segurança estão pegando esse pato sozinhos. Vão criar vergonha na cara.
ResponderExcluirParcelem os super salários do Judiciário,Ministério Público,do Legislativo e alguns super salários do Executivo. Das estatais também. Só paga o pato o magistério, saúde e segurança. Vão tomar vergonha na cara.
ResponderExcluir