Quem assistiu a pelo menos uma sessão da Comissão
Especial do Impeachment ou a poucos trechos das sessões plenárias de
impeachment no Congresso Nacional, ficou com um pulguedo atrás de cada orelha.
Como podem existir pessoas que se recusam a acatar a simples lógica, aceitar
regras das mais curiais e entender quando seus argumentos não causam mais os
impactos desejados? Como explicar as diatribes de Lindbergh e de Humberto, as
gritarias de Vanessa ou os despautérios de Gleisi? Tentei buscar explicações no
“locus” por onde orbitam os indivíduos em questão e muitos outros. Na simples
lida política não encontrei respostas suficientemente consistentes.
Alguns poderão argumentar que as ideologias de esquerda
são diferenciadas pois não colocam em real perspectiva a ética, a moral, a
norma legal ou regimental (a não ser quando lhes sejam convenientes) bem como
relutam em acatar regras matemáticas e contábeis das mais rudimentares. Em
busca da explicação mais próxima da verdade, dizem que, pelo fato dos marxistas
conceberem o partido como uma entidade hierarquicamente acima do Estado, esta
visão “per si” já distorceria todas as demais. Ainda assim, a negação da
realidade persiste, a tentativa de driblar argumentos com factoides, mentiras
ou simples repetições falaciosas não produz, em momento algum, sequer segundos
de lucidez ou de assentimento.
Os socialistas, comunistas e congêneres possuem uma
ligação diferente com o poder. Resistem em acatar sua transitoriedade, insistem
na promiscuidade com o que é público e sempre que podem usam os recursos
democráticos para tentar solapar a própria democracia. Eles realmente não
conseguem esconder sua tese de que uns são melhores do que outros, entendendo
aqui que o “uns” são eles e os “outros” quaisquer que não sejam parte de sua
grei. Se a política e a ideologia, associadas ao bom senso e aos regramentos
sociais universais não explicam a incongruência de pensamento lógico e prudente
da turminha, o que pode explicar?
Negação da realidade, recalque, perversão e outras
estruturas variantes podem explicar melhor o comportamento de pessoas que
entendem o mundo de forma tão divergente. Ao dizerem “Dilma é uma mulher honesta”,
estão, na verdade, negando a coleção enorme de ocorrências criminosas com as
digitais explícitas do Planalto. Quando dizem que Dilma não cometeu crime, é
porque não entendem que irresponsabilidade fiscal é – sim – crime de
responsabilidade e as sanções são previstas em lei correspondente. Quando
afirmam repetida e categoricamente que todos são iguais no ilícito, oferecem
uma visão patética dos fatos nos quais, em verdade, somente eles realmente
acreditam.
A política é assim mesmo, igual à vida, cheia de valores
e neuroses, mocinhos e bandidos, sérios e nem tanto. E a lei é a única forma de
lidar com Lulas, Dirceus e Dilmas, a única coisa que funciona para tentar
salvar a sociedade de seus próprios desatinos e más escolhas. A lei é como um
hipnótico necessário, que com doses cavalares enquadra Lindberghs e Gleisis,
mesmo sabendo que os sintomas não desaparecerão. A lei é o remédio. Só ela
submete os perversos, prescrevendo ora um Rohypnol, ora uma camisa-de-força.
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