No curto espaço de um ano, Luiz Inácio Lula da Silva
sofreu uma transformação. De "viva alma mais honesta deste país" -
frase que pronunciou em janeiro - o ex-presidente se tornou uma figura
carimbada nos tribunais. Gastou mais de 300 dias no preparo de defesa jurídica.
Em 2016 se tornou réu três vezes: por obstrução da Justiça, corrupção e tráfico
de influência, em três processos diferentes.
No primeiro, acusado de tentar comprar o silêncio do
delator e ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. No segundo caso, por ter
aceito que a empreiteira OAS pagasse armazenamento de seus bens presidenciais e
também reformas num apartamento triplex que ele teria reservado para comprar,
no Guarujá (SP). No terceiro episódio, o ex-presidente é acusado de pressionar
o BNDES a favorecer a empreiteira Odebrecht em contratos em Angola. A empresa
teria retribuído o favor com dinheiro a um sobrinho de Lula.
Outros processos vêm aí. Em duas semanas Lula foi
denunciado duas vezes: por corrupção e lavagem de dinheiro na compra de um
terreno por parte da Odebrecht (que seria para o Instituto Lula) e de um
apartamento. E por tráfico de influência na escolha da empresa sueca Grippen
como fornecedora de 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB).
Lula ainda é investigado em outros episódios de tráfico
de influência em obras de empreiteiras brasileiras na África e, também, como
suposto comandante do esquema de desvio de recursos da Petrobras (o chamado
Petrolão).
Falta algo? Falta. Em breve a PF deve concluir o
inquérito em que Lula é suspeito de receber de empreiteiras um sítio em Atibaia
(SP). Em resumo, são oito investigações que acossam o ex-presidente. Dos
grandes da República, ele só perde para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) em
número de suspeitas. Basta que Lula seja condenado em qualquer uma delas, em
segunda instância, para não poder concorrer à Presidência em 2018, sonho de
muitos petistas.
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