Lava Jato continua sob ameaça permanente, mas não há quem possa destruí-la


Carlos Newton

Desde que a Lava Jato foi iniciada, em 17 de março de 2014, quando a equipe do delegado federal Marcio Adriano Anselmo descobriu um esquema de lavagem de dinheiro num posto de gasolina em Brasília, a importantíssima Operação da PF vem enfrentando ataques permanentes. Já houve ofensivas no Congresso, com o presidente Rodrigo Maia pautando sessão da Câmara na calada da noite para aprovar uma anistia ao caixa 2, enquanto o senador Renan Calheiros inventava o tal projeto da Lei do Abuso de Autoridade, que não existia e apareceu de repente. Maia e Renan fracassaram, mas são políticos brasileiros e se orgulham de não desistir nunca. Em breve voltarão ao ataque.

O Planalto também se empenhou. A redução das verbas, a nomeação de Fernando Segovia para a direção da Polícia Federal e até mesmo sua substituição por Rogerio Galloro são tentativas de bloquear a Lava Jato, mas também estão condenadas ao fracasso.

BLINDAGEM – Já assinalamos aqui na “Tribuna da Internet” que essas iniciativas de esvaziamento sempre dão errado, porque a Lava Jato é baseada em três instituições independentes e inatingíveis por influências externas – a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e a Receita Federal, que trabalham em conjunto, em plena harmonia.

Qualquer tentativa de manipulação é prontamente rejeitada pelo corpo técnico dessas instituições. Os delegados, procuradores e auditores não admitem pressões, é ilusão acreditar que seus trabalhos possam sofrer interferências.

Se o novo diretor da PF tentar qualquer manobra neste sentido, será prontamente denunciado e desmoralizado pelos delegados federais, terá vida mais curta do que o antecessor Segóvia.  Esta é a realidade, que precisa ser louvada.

JUSTIÇA SERVIL – A única instituição que está conseguindo atingir a Lava Jato é a Justiça, que tem libertado réus indefensáveis, como José Dirceu, Rocha Loures, Jacob Barata, Adriana Ancelmo, Eike Batista e Geddel Vieira Lima, que só voltou à prisão por causa das malas com R$
51 milhões.

E para continuar beneficiando políticos e empresários envolvidos em corrupção, o Supremo está pronto para proibir o cumprimento da pena após condenação em segunda instância, uma espécie de jabuticaba jurídica que só existe em nosso país e que desonra e desmoraliza o Poder Judiciário brasileiro.

Para disfarçar, o Supremo vai aprovar a jurisprudência proposta pelo ministro Luís Roberto Barroso, que restringirá o foro privilegiado apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. Será um avanço extraordinário, não há dúvida, mas a impunidade dos réus da elite criminal estará garantida pela lentidão da Justiça, que possibilita prescrição por decurso de prazo.

IMPUNIDADE – Como diz a ministra aposentada Eliana Calmon, há muitos magistrados que são bandidos de toga. Por isso, podem ficar impunes muitos criminosos notórios, como Michel Temer, Lula da Silva, Geddel Vieira Lima, Rocha Loures, José Dirceu, Renan Calheiros e muitos outros, caso sejam revogadas as prisões após condenação em segunda instância. Isto é problema da Justiça, que tem Gilmar Mendes como líder absoluto, mas não significa que a Lava Jato será derrotada.

Pelo contrário, é certo que a Lava Jato seguirá derrubando falsos mitos e atuando para depurar a política e a administração pública. Só não conseguirá limpar a Justiça, porque as togas estão de tal maneira imundas que não há sabão em pó ou desinfetante que dê jeito.

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P.S. – A internet mostra que os brasileiros sabem dar valor à Lava Jato. A nova geração de juízes, procuradores e auditores fiscais está demonstrando que este país pode ter um futuro grandioso, que lhe foi obstado pela geração hoje no poder, simbolizada por uma legião de corruptos e incompetentes, que fracassaram e merecem ser esquecidos para sempre. (C.N.)

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