Reputação não vem de graça


- Soraia Hanna – mailto:soraia@criterio.com.br
               
O que nos faz ter preferência por uma marca em detrimento de outra? Por que optamos por nos aproximar de algumas pessoas, mantendo apenas uma convivência cordial com as demais? O que faz admirarmos um político e rejeitarmos outro? A resposta mais completa a todas essas perguntas está no capital de maior valor para qualquer profissional, empresa, governo ou instituição: a reputação.
                Muitas vezes confundida com visibilidade, trata-se de um conceito mais amplo e profundo. Diz respeito ao acúmulo de experiências, atitudes, resultados e valores. Não surge a partir de um passo de mágica. Ao contrário: leva-se anos. É uma obra delicada e complexa, que continuamente requer sensibilidade e estratégia. Não há, por exemplo, como descolar o indivíduo real de como ele se comporta no meio digital. Simplesmente não funciona. Nessa construção, é necessário coerência.
                A postura diante da vida e das situações molda nosso caráter e a percepção de como as pessoas nos compreendem. Uma imagem sólida vem de gestos verdadeiros e permanentes. Por outro lado, uma trajetória ilibada pode ser destruída por um único desvio moral. Do mesmo modo, a rede de relacionamentos interfere no caminho pelo qual a reputação percorrerá. Como disse Martin Luther King: “No final, não vamos lembrar da palavra de nossos inimigos, mas do silêncio de nossos amigos”. Em suma, com quem tu andas? Embora clichê, é um dito perfeitamente aplicável ao desafio de gerar e manter uma opinião pública positiva.
Contudo, isoladamente, atitudes e relacionamentos não garantem reputação. É preciso contar uma história. E nesse ponto entram as ferramentas de comunicação, para dar luz ao essencial e fazer com que a narrativa seja bem contada, percebida e valorizada. As pessoas precisam notar missão, propósito e sinceridade. O sucesso obtido a partir desses elementos permite que a boa imagem se transforme em legado – superando a barreira do tempo e perpetuando-se na história.
A maior parte das reputações não são destruídas por adversários, mas simplesmente esquecidas. Quando têm esse desfecho, nos damos conta de que tinham somente exposição, e não legado e perenidade. Faltou algo: ou comunicar, ou fazer, ou simplesmente ser. Porque, no fim das contas, reputação é uma combinação que se encontra no mundo real. Exige cuidado, verdade e muito trabalho. Envolve entregar aquilo que se promete – e, assim, poder olhar nos olhos e dormir o sono dos justos.
Sócia-diretora da Critério – Resultado em Opinião Pública e jornalista

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