Desempenho da produção de bens de capital sugere retração
dos investimentos no terceiro trimestre
A produção industrial cresceu 0,5% na passagem de agosto
para setembro, já descontada a sazonalidade, conforme divulgado hoje pela
Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE. O resultado veio em linha tanto com
nossa projeção quanto com a expectativa do mercado, de acordo com coleta da
Bloomberg, que apontavam um crescimento de 0,6% em setembro. Na comparação
interanual, a produção recuou 4,8%, o que significou uma queda de 8,8% nos
últimos doze meses.
Setorialmente, nove dos vinte e quatro setores pesquisados
apresentaram crescimento em setembro, com destaque para produtos alimentícios,
com variação de de 6,4%, indústrias extrativas, que mostrou expansão de 2,6%, e
veículos automotores, reboques e carrocerias, que registrou aumento de 4,8%. Em
contrapartida, houve forte recuo do setor de máquinas, aparelhos e materiais
elétricos, com queda de 8,1%.
Dentre as categorias de uso, a produção de bens de
consumo duráveis avançou 1,9% em setembro. Também chama a atenção o crescimento
da produção de bens intermediários, com expansão de 1,2% na leitura de
setembro. Entretanto, é importante destacar que o crescimento registrado pelos
dois setores não foi o bastante para compensar as perdas registradas na última
leitura, de 6,4% e 3,6%, respectivamente.
A produção de bens de capital recuou 5,1%, marcando a
terceira queda consecutiva para o setor. A despeito do que vinha sendo apontado
pela confiança do empresariado industrial e do crescimento significativo das
importações nos últimos meses, os contínuos resultados negativos da produção de
bens de capital e de insumos típicos da construção civil deve levar a uma nova
retração da formação bruta de capital fixo no terceiro trimestre.
A melhora da confiança nos últimos meses (apontada tanto
pela FGV como pela CNI) deve manter o desempenho morno da atividade industrial
no curto prazo. Deste modo, esperamos alta da produção industrial em
outubro, especialmente em função da retomada da produção automotiva. De
qualquer modo, acreditamos que a produção industrial encerrará 2016 em queda,
em parte refletindo a contração do início do ano e o carregamento estatístico
dos fortes recuos do ano anterior.
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Octavio de Barros
Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos -
BRADESCO
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