Carlos Chagas
Adeus, renovação
Feito o lobisomem que aparece nas noites de lua cheia,
caiu no Congresso, mais uma vez, a proposta da eleição de deputados em lista
fechada, na discussão da reforma política. O eleitor não votaria no candidato
de sua preferência, mas na sigla de um partido cujos caciques comporiam a
relação dos companheiros dignos de receber os votos. Imagine-se quem os
dirigentes partidários colocariam nos primeiros lugares: eles mesmo, ainda que
se fosse para ser votados individualmente, ficariam na rabeira.
Trata-se de mais uma vigarice dos mesmos de sempre.
Fica estranho que depois de a Câmara dos Deputados haver
rejeitado a sugestão, tempos atrás, ela retorne impávida pela manobra dos
mesmos de sempre. Quem puxa a fila, agora, é o presidente do Congresso, Eunício
Oliveira, por sinal o senador mais votado no Ceará.
A reforma política segue os passos da vaca: vai para o
brejo, ainda que se tenha a certeza de sua rejeição pelo bom senso.
A reforma política ressurge em meio à crise gerada pela
tentativa de aceitação do Caixa Dois, outra agressão abominável. Suas
Excelências imaginam que uma das duas excrescências acabará aprovada, coisa que
lhes basta para continuar boiando no esgoto.
Nada de novo acontece sob o sol. Porventura aprovada a
lista fechada, seria inócuo o desvio de recursos ilícitos do Caixa Dois para a
preservação dos mandatos dos controladores dos partidos. Garantiriam seus
lugares, verdadeiramente o que lhes interessa. A renovação ficaria para as
calendas, em todas as legendas.
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