Astor Wartchow - Lobos Solitários

Os ataques terroristas realizados em importantes cidades têm tido em comum o fato de que suas autorias foram de iniciativa individual (salvo dois ou tres atentados).
 Estas surpreendentes ações também têm revelado a inovadora e repetida utilização de veículos como meio (arma) de destruição de vidas.
 O Estado Islâmico tem assumido a autoria intelectual dos atentados. O que nem sempre resta verdadeiro e confirmado. Desconfia-se desta dita responsabilidade pela simplicidade dos meios adotados.
 O pensador norte-americano Samuel Huntington (1927-2008) é autor de um importante livro que - de algum modo e parcialmente - explica o que estamos vivenciando, qual seja: a hegemonia mundial de fatores religiosos e culturais.
 Sua obra denominada "Choque de Civilizações"(1996) reafirma um pensamento anterior - do filósofo polones Feliks Koneczny (1862-1949) - que apregoava que os próximos movimentos e conflitos políticos (pós guerra-fria) seriam culturais e nao ideológico-nacionalistas.
 Sem prejuízo desta tese, que parece confirmada, creio que também há de se considerar, para a compreensão dos fatos, a questão da hegemonia ocidental.
 Quer por motivações geopolíticas e econômicas, o ocidente impõe, periodicamente, conceitos culturais, práticas civilizatórias e regimes políticos aos demais povos. Regra geral através de ações prepotentes e arbitrárias, militares quase sempre.
 Relembremos o conceito de imperialismo: é o estabelecimento da soberania política de uma nação sobre povos e territórios estrangeiros. Suas motivações podem ser econômicas, estratégicas e de manutenção de poder e preservação de áreas de influência.
 Entretanto, alguns historiadores julgam superado o debate em torno do imperialismo e sua significação dado o moderno caráter da globalização e seus efeitos gerais e periféricos.
 Vistas estas hipóteses como motivadoras dos atentados, admitamos outra. Não poderia, por exemplo, ser também reflexo dos efeitos globais e instantâneos da moderna comunicação e interação (internet e redes sociais)?
 E que de algum modo demonstram a futilidade comportamental humana, os estados de pobreza insuperáveis e carências de esperança e sobrevivência coletiva e  essencial?
 Consequentemente, os lobos solitários seriam jovens sem esperança, socialmente desintegrados, sem futuro imediato e contaminados por algum tipo de raiva (e inveja?) tocante ao modelo de vida ocidental.
 E, obviamente, recrutados por apóstolos messiânicos!


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