Artigo, Tito Guarniere - Altos funcionários estão entre os 1% mais ricos

Artigo, Tito Guarniere - Altos funcionários estão entre os 1% mais ricos
Os 13 anos de governo do PT, como apontam análises recentes, não induziram melhorias significativas no perfil de renda dos brasileiros, a não ser nas gabolices de Lula e dos seus aliados.
Estudiosos ligados ao partido se empenham em demonstrar que os estudos não levaram em conta certas variáveis. Isto é, não foi a distribuição de renda entre os mais ricos e os mais pobres que ficou igual ou pior, mas os cálculos que foram mal elaborados. Bem, esse é um velho truque petista. Se a realidade não lhes convêm, mude-se a "narrativa". Mas essa é outra conversa.
Todos os que denunciam a concentração perversa da renda e da riqueza, no Brasil e no mundo - como é o caso do francês Thomaz Piketty - indicam a regressão tributária como uma das suas causas. Vale dizer, é preciso cobrar mais impostos dos ricos.
É evidência matemática: se você tirar mais dinheiro dos ricos, a curva da concentração será menor. Mas no caso brasileiro, não há o menor indicativo de que o excedente cobrado das classes mais endinheiradas venha a beneficiar as classes mais pobres, senão que venha a se consumir nos ralos da máquina estatal.
O debate no Brasil tem de seguir outra diretriz. A renda nacional, a riqueza nacional, evapora no colosso estatal, no gigantismo estatal. Ou se mexe na estrutura do Estado - particularmente nas remunerações e vantagens do funcionalismo - ou o perfil da distribuição de renda no Brasil continuará assim, torto, desequilibrado, perverso.
Nos governos Lula e Dilma, os ganhos havidos nas classes mais baixas, foram “compensados” pelos inúmeros setores do serviço público privilegiados com aumentos acima da inflação. Os mais pobres ganharam alguma coisa (não tanto como apregoava o lulopetismo) mas os que estavam à frente ganharam ainda mais, aumentando a distância entre eles.
Os economistas de esquerda, os acadêmicos, fazem críticas contundentes ao processo de concentração de renda no Brasil. Dizem eles que o Estado brasileiro foi organizado assim de propósito, para proteger os mais ricos. Estes, de sua vez, são mais ricos à custa de uma apropriação dos frutos do trabalho alheio, das classes mais desfavorecidas. Em síntese, a boa e velha teoria da luta de classes. Os mais ricos são os empresários, os capitalistas, os donos dos meios de produção. São?
Este é um postulado puramente ideológico. Porque boa parte da renda não está concentrada nas mãos dos capitalistas, mas dos altos estamentos do funcionalismo: juízes, Ministério Público, delegados de polícia, oficiais de brigada, fisco, alta diplomacia, Poder Legislativo, Tribunal de Contas, altos cargos das estatais, professores de carreira de universidades públicas.
Quem, no Brasil ganha acima de R$ 13,5 mil reais por mês pertence ao grupo dos 1% mais ricos da população. E quem recebe mensalmente acima de R$ 6,8 mil, está entre os 5% mais ricos da população. Ou seja, quem recebe esses valores ou mais, e defende o aumento de tributos para os mais ricos, com o objetivo de distribuir melhor a renda, corre o risco de pagar uma parte da conta: a régua da correção pode alcançá-los.

titoguarniere@terra.com.br

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