No dia 9 de abril, foi lançada uma iniciativa conjunta de
inovação entre as três principais universidades de Porto Alegre. Isso é uma boa
notícia? Creio que sim, porque qualquer iniciativa é melhor do que nada. O
risco que corremos é de ficarmos perto demais do nada.
Inovação é um fenômeno tão complexo que poucas analogias
dão conta de explicá-lo. Uma das mais usadas é a da banda de jazz que se reúne
para improvisar. No caso das universidades gaúchas, o que vemos é um contrato
entre três tímidos, porém competentes, contrabaixistas que se comprometem em
tocar alguns temas no mesmo tom.
É uma banda formada apenas por contrabaixistas, que
normalmente assumem o papel de entender e fornecer a matemática por trás da
música, ou seja, o conhecimento que sustenta a inovação. Pode resultar em coisa
boa, mas não é a formação que costuma funcionar.
Assim como na música improvisada, o que faz a diferença
em ecossistemas de inovação é o padrão de interação entre os agentes. Por
influência de nossas experiências pessoais, é comum pensarmos que a união é o
melhor padrão de interação. Em inovação, não costuma ser assim, porque
concorrência, divergência e clusterização, entre outros padrões de interação
difíceis de mapear, são muito importantes.
Uma das anedotas mais famosas sobre inovação no século 20
é a da Apple. Um capítulo marcante é a apresentação de Steve Wozniak no
Homebrew Computer Club, realizada em Stanford. Eram vários empreendedores (ou
trompetistas) tocando na casa de um só baixista. Wozniak percebeu ali outros
empreendedores tão avançados quanto a Apple na cruzada pelo primeiro computador
pessoal. Mais tarde, seu sócio Steve Jobs conseguiu realizar uma venda para um
varejista local, o que os colocou na dianteira novamente. Quem já tocou em
banda sabe quão difícil é achar um baterista, aquele cliente importante ou
investidor que dispõe do mais volumoso instrumento, e que determina com seu
capital o ritmo do desenvolvimento.
O que se aprende com essa narrativa é a importância da
fluidez dessas relações entre os diferentes componentes de um ecossistema de
inovação. Se não fosse a informalidade de Stanford (oposta à pompa do anúncio
entre as universidades gaúchas) e o fácil acesso ao varejista, talvez não
tivesse surgido a Apple. Fica meu apelo por mais fluidez no Rio Grande.
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