Análise dos economistas do Bradesco, hoje.

  Copom reconhece que cenário continua apresentando incertezas, o que prescreve, “neste momento”, estímulo extraordinariamente elevado. Conforme esperado, o BC manteve a taxa Selic inalterada em 2,00% a.a., por unanimidade. A novidade ficou por conta da comunicação do colegiado, inclusive com a menção ao “neste momento”. No cenário global, o BC reconhece os desafios de curto prazo impostos pelo avanço da pandemia, mas acredita que a recuperação da economia global será “sólida” no médio prazo, favorecida pelo início da vacinação e novos estímulos fiscais em vários países. No que tange à economia doméstica, o Comitê aponta as surpresas positivas com os dados de atividade econômica, mas aponta que tal perspectiva não contempla “os possíveis efeitos” do recente número de casos de Covid-19. Ao mesmo tempo, o BC reconhece a pressão inflacionária recente, mas mantém o diagnóstico de choques temporários, ainda que estejam sendo “mais persistentes do que o esperado” e que os núcleos de inflação estão acima dos níveis compatíveis com a meta. Houve nova atualização no cenário de inflação: as projeções para 2021, 2022 estão, no cenário base do Copom, em 3,6% e 3,4%, respectivamente, considerando Selic de 3,25% e de 4,75% nos dois anos. As metas para esses dois anos são de 3,75% e 3,50%. É importante destacar que o comunicado enfatizou o horizonte de 2022, já nesta reunião. 


o Ao voltar para a análise usual do balanço de riscos para a inflação, retirada do forward guidance na comunicação do Copom não implica uma alta iminente da Selic. O BC retirou a sinalização de manutenção do juro estável por bastante tempo, argumentando que duas das três condições para essa sinalização não mais estão válidas: aumento das expectativas de inflação e projeções de inflação “suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante”.  Contudo, como mencionado em discursos recentes de membros do Copom, o comunicado enfatiza que a condução da política monetária seguirá, doravante, a análise usual do balanço de riscos e que a retirada do forward guidance não implica “mecanicamente uma elevação da taxa de juros”. Continuamos avaliando que o BC manterá a Selic estável na próxima reunião, iniciando um ciclo de normalização nos próximos meses, levando a Selic a 4,0% no final deste ano. 


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