A pergunta que se coloca urgentemente, antes que passemos
por mais um impeachment, Lava-Jato ou mensalão, é o que devemos fazer para
mudar. A resposta mais óbvia-precisamos que o s pais deem melhores ensinamentos
e exemplos para seus filhos – é inexequível. Não podemos nos imiscuir na
maneira como pais se comportam em casa. As duas instituições-chave do Estado
(portanto, sob nosso controle) que precisam ser acionadas nesta luta são a
escola e o Judiciário.
Apesar de todo o blá-blá-blá sobre formar cidadãos
conscientes, nossas escolas ajudam na formação de patifes. Porque são, elas
mesmas, instituições profundamente antiéticas. Alunos colam em quase todas as
provas e os professores fazem vista grossa. Também, pudera: a maioria dos
mestres também é aética. Falta às aulas, chega atrasada, não cumpre com suas
obrigações profissionais.
O professor médio brasileiro não está em condições morais
de cobrar comportamento virtuoso de seus pupilos.
A própria incompetência da nossa escola conspira contra a
honestidade: o livro de Almeida mostra que, quanto mais instruída a pessoa,
mais séria ela tende a ser.
Ma sem dúvida nosso problema mais importante está na
Justiça. Até o mensalão, a sensação de impunidade, de um Judiciário leniente
com os poderosos e draconismo com ladrões de galinha, eram compartilhadas por
todos. De lá para cá, e especialmente agora com a Lava-Jato, mudamos o
paradigma, e é possível acreditar que a exceção vire regra. Mas o sistema joga
contra. São amplos recursos, embargos e medidas protelatórias que fazem com que
os casos menos célebres morram na vala comum da prescrição. Ainda não
assimilamos a máxima de que justice delayed is justice denied: justiça atrasada
é justiça negada. A mera expectativa de um processo infinito e custoso faz com
que contratos valham pouco mais do que papel de embrulhar pão e se transformem
no adubo que nutre os picaretas. Precisamos fortalecer e agilizar nosso Judiciário,
melhorar e endireitar nossas escolas. Não vamos a lugar nenhum enquanto a vida
pública for habitat de salafrários e, na vida privada, ser ético for sinônimo
de otário.
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